Capítulo 7

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Sexta-feira, 13 de junho

Erick Nunes

 
Era mais uma tarde ensolarada na Ernesto Sabali. Erick foi à sua casa almoçar com sua scooter, já que a loja de acessórios e reparos em celulares onde trabalhava ficava a quinze minutos de caminhada da sua casa.

Como de costume, o rapaz observou a rua e percebeu que, naquele momento, a grande mangueira dos Dias proporcionava uma sombra perfeita para cobrir sua scooter.

- Cara, você estacionou em frente ao meu portão de garagem! – Antônio reclamou.

- É rapidinho! – Erick disse, já correndo em direção a sua casa.

Antônio olhou com indignação para o veículo bloqueando sua passagem.

- De novo, Antônio? – Aline perguntou.

- Nem me fale.

- Esse Erick é muito folgado. Pensa que a rua é extensão da sua garagem!

- Já coloquei cone, bloqueio de madeira e, mesmo assim, ele estaciona.

- Não sei que obsessão é essa em manter aquela moto na sombra.

- Também não faço a menor ideia.

- Bem, deixe-me preparar o almoço das meninas.

- Vai lá. Também preciso terminar de podar meus bonsais.

Erick saiu de casa cerca de meia hora depois, tranquilamente, e foi até o seu veículo.

- Obrigado, seu Antônio.

- Você não pediu nada. Aliás, por que você não coloca esse raio de scooter na sua própria garagem?

- Não fale assim da Lola. O senhor já sabe: minha garagem está com infiltração e bate sol direto. Vai estragar a pintura da Lola. Ela é retrô! Custou uma nota!

Antônio sacudiu a cabeça em negação enquanto Erick voltava ao trabalho.

Domingo, 22 de junho

Valéria Proença

 
A mulher de meia-idade estava sentada na sala, observando as plantas do quintal com um olhar perdido.

- Tudo bem, Valéria? – Verônica perguntou.

- Ah... Estou preocupada.

- Preocupada com o quê?

- A Sônia! Lembra o que ela falou com a gente? A respeito do Agenor e da...

- Vai ficar relembrando coisas de anos atrás, Valéria?

- Você tem que concordar comigo...

- Sim. Mas faz tanto tempo.

- Mesmo assim. Sabemos que a Nina tinha conhecimento que o Boa Pinta engravidou a Lili. Lembra?

Quarenta e oito anos antes

Desconhecido

 
- Algo errado, Nina?

- Nem te vi, Flor.

- Pode me contar o que foi.

- Esquece.

- Você está ajudando a gente a cuidar das minhas irmãzinhas desde que meus pais se foram... O mínimo que eu posso fazer é te ouvir.

- Tudo bem... Você sabe que eu e Cajá...

- Boa Pinta?

- Sim, sim... Nós tivemos uma crise no nosso casamento, assim como a Lili e o Gabiru.

O Mistério da Rua Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora