Capítulo 10

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Sexta-feira, 15 de agosto

Manuela Paiva

 
Sexta-feira. O dia mais animado e atarefado. Como secretária de um colégio, Manuela se via imersa em pastas e papéis em seu ambiente de trabalho. Para desestressar, a jovem costumava, às sextas-feiras, após o trabalho, comer pipoca e assistir a filmes de romance, seu gênero favorito, o que sempre rendia reclamações de seu irmão, Otto, que gostava de conversar com ela. Mas diferente do habitual, Otto havia feito uma viagem ao interior com alguns amigos, o que significava que a jovem teria a noite apenas para ela.

Manuela voltou do trabalho e encontrou Rodrigo no portão de casa.

- Fala, Digo! É hoje que sai?

- Engraçadinha. Você não existe, Manu. Bom filme.

- Valeu.

Manuela guardou sua bolsa, tomou banho, preparou o jantar e os remédios do pai e logo correu para o seu quarto. Durante o terceiro filme, a jovem foi surpreendida por um vulto na janela lateral do seu quarto, que dava acesso a uma varanda. A jovem abriu a porta e levou um susto.

- Dino? O que você está fazendo aqui?

- Desculpe, Manu. Não quis assustá-la.

- O que você está fazendo no terceiro andar da minha casa, na varanda do meu quarto?

- Eu... Só... queria que você soubesse, Manu...

- Soubesse de quê?

- Eu te amo, Manuela. Eu quero que você saiba disso. Eu sempre te admirei. Eu prometo te proteger nesse momento terrível que está acontecendo nos arredores. Eu quero te dizer isso. Quero que você saiba que eu a protegerei.

- Como assim, Dino? Do que você está falando?

- Vamos ficar juntos, querida.

- Dino, acho melhor você ir embora. – Manuela disse, já fazendo menção a seguir até a porta, de volta ao quarto.

- Não, Manu. – Dino segurou o braço de Manuela – Espera.

- Solte-me! – Manuela se esquivou.

- Só me dê uma chance.

- Saia daqui, Dino.

Naquele momento, os olhos de Dino tomaram um brilho sombrio.

- Como é, sua ingrata? – o homem segurou os braços da jovem e a sacudiu – Você é meu grande amor! Sempre a defendi, mimei e você simplesmente joga fora todos esses anos?

- Me larga!

Manuela e Dino começaram a brigar, mas Dino acabou vencendo e colocou Manuela, já bastante ferida, sentada no guarda-corpo da varanda, segurando forte seu pescoço, enquanto a empurrava para baixo.

- Como se sente agora, em perigo mais uma vez? – Dino segurava Manuela cada vez mais forte e logo soltou uma risada fraca – Bom, dessa vez, não há ninguém para te salvar. – Dino empurrou Manuela da sacada. – Descansa, Manu.

Dino ficou atônito com sua própria atitude e deixou o local imediatamente.
“O que você me obrigou a fazer, Manu? Eu te amava tanto...”
 

Rodrigo Paiva

 
Rodrigo saiu de casa, foi até a casa de Valquíria e tocou gentilmente a campainha.

- Oi Rodrigo!

- Devo dizer que você está deslumbrante, Valquíria. Como sempre...

- Obrigada... Então? Vamos?

- Sim, sim...

Rodrigo e Valquíria fizeram uma caminhada pelas ruas da cidade.

- Muito obrigado por aceitar fazer essa caminhada comigo, Valquíria. Ajuda a pôr as ideias no lugar depois de... depois de tudo que vem ocorrendo...

- Calma... Calma, Rodrigo... Vamos esquecer um pouco toda essa história e focar só no agora?

- Tem razão.

Rodrigo e Valquíria caminharam mais um pouco até chegar a uma praça.

- Noite animada.

- Tem até banda tocando no coreto.

O casal continua caminhando até que um dos músicos os interrompeu:

- Rodrigo! Valquíria! Venham participar do show!

A mulher ficou intrigada e perguntou ao namorado.

- É com a gente?

O músico repetiu o convite e Rodrigo se adiantou, subindo até o coreto, de onde começou a cantar.

- Rodrigo, o que está acontecendo? Eu não estou entendendo nada...

Ao final da música, Rodrigo desceu do coreto, caminhando lentamente até próximo de Valquíria e se ajoelhou:

- Casa comigo, Valquíria?

- Mas é claro que sim!

Alguns transeuntes gritavam empolgados e os músicos tocaram uma valsa.

***

R

odrigo andava de volta para casa se sentindo nas nuvens, embora uma pontada de inquietação houvesse em seu peito. Era um início de madrugada relativamente ameno, mas calafrios percorriam seu corpo.

Rodrigo abriu o portão da rua e seguiu até o portão de casa. Ao destrancar, sentiu uma estranheza que não soube identificar.

- Manu? Deu tudo certo! Ela aceitou!

Rodrigo subiu animado as escadas até o quarto da irmã. Certamente, ela estaria lá, já que as janelas eram voltadas para os fundos, o que possibilitaria tomar um pouco de vento fresco nos dias quentes sem ser flagrada pelo pai ou irmãos quando saíssem ou voltassem para casa.

- Manu? Você está aí?

Rodrigo notou a porta entreaberta e foi empurrando cautelosamente.

- Manu?

“Será que ela está no banheiro?”

O homem olhou ao redor e notou a porta de vidro da varanda aberta.
“Manuela gosta de deixar a porta fechada quando vê filme...”

Rodrigo caminhou para fechar e observou ao redor pela sacada. Algo no chão chamou sua atenção e Rodrigo desceu para conferir.

Estará no próximo capítulo

- ASSASSINO! CRETINO! MISERÁVEL! [...] VOCÊ VAI APODRECER NA CADEIA! EU MESMO VOU ME ENCARREGAR DISSO! [...]

O Mistério da Rua Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora