Capítulo 6

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Sábado, 24 de maio

Murilo Telles

 
Murilo e Bianca estavam sentados em casa, assistindo a uma série. Murilo acabou dormindo no meio do episódio. Bianca sorriu, se levantou lentamente e foi até a cozinha. A jovem pegou uma cesta, encheu de bolo, frutas, sanduíches e suco. Fazia cinco anos que ela e Murilo haviam começado a namorar e três meses que haviam se casado e se mudado para a casa.

Após encher a cesta, Bianca pegou uma toalha e se arrumou. Ela iria levar Murilo até o parque no centro da cidade para fazer um piquenique.

- Querido? Murilo? Acorda!

- Ãhn... O que foi?

- Sabe que dia é hoje, não sabe?

- Sábado?

Bianca balançou a cabeça em negação.

- Ah!

- Cinco anos!

- Cinco anos que nossa história começou de verdade.

- Bem, vai lá se arrumar que eu preparei tudo para a gente fazer um piquenique no parque para comemorar.

Murilo se aprontou rapidamente e, logo, ele e Bianca pegaram o carro e foram até o parque. Ao chegar, ambos escolheram o melhor lugar e começaram a montar o piquenique.

- Para você.

- Ah, Bia...

- Abre logo!

Murilo abriu o presente e encontrou um relógio preto com pulseira de couro e aro, ponteiros e números dourados.

- Ah, Bia... Eu amei. Muito obrigado. Também trouxe algo para você.

Bianca abriu o presente e encontrou um relógio rosé com um conjunto de brincos e colar.

- Não acredito!

Murilo gargalhou.

- Estamos conectados.

- E juntos. Para sempre.

Alguém pigarreou, interrompendo o jovem casal.

- Desculpa atrapalhar o momento, mas eu vim pegar o que me deve.

- Em pleno sábado?

- Na hora de pegar o dinheiro, não teve sábado, domingo ou feriado! Vocês vieram implorando para o banco não pegar o carro de vocês e procurando um lugar com aluguel barato!

- Poxa... Pensei que fôssemos amigos... Há quanto tempo a gente se conhece?

- Tudo bem. Tudo bem. Você tem razão. Mas você sabe que eu peguei dinheiro com meu pai e a casa é do meu avô. Meu avô é muito rígido com suas finanças.

- Teria como você conversar com eles... Explicar nossa situação? Estamos trabalhando dobrado para conseguir pagar as coisas do casamento mais o empréstimo e o financiamento...

- Tudo bem... Mas eu não garanto nada.

Segunda-feira, 26 de maio

 

Bianca Telles

 
A jovem acordou zonza por conta da ressaca. Alguém estava batendo no seu portão incessantemente. Sua cabeça latejava. Murilo, que estava ao lado, não se importou com o barulho: o sono estava bem melhor. Os dias estavam assim para os Telles: tomar uma cerveja para esquecer os problemas, depois um vinho, whisky, conhaque... Enquanto aguentasse. “Quem será a uma hora dessa?” Bianca resmungava mentalmente enquanto ia cambaleando até o portão. Apesar de sentir tontura e vertigem, Bianca notou que passava de meio-dia.

- Boa tarde... Nossa, Bianca! Você está péssima! – Valéria exclamou.

- Ah... isso... O que você quer?

- Vânia acabou de chegar da aula de pilates e estou precisando de alho para temperar a comida para ela. Você não teria um dente, uma cabeça?

- Por que não viu com Hélio? Ele tem uma venda aqui ao lado!

- Ele está sem...

Bianca virou o rosto para trás do portão de ferro e colocou tudo para fora. Logo depois, começou a chorar.

- Você está bem?

- Claro que não, dona Valéria! – Bianca virou e despejou mais conteúdo de seu estômago – Estou com dívidas até a cabeça! Eu e o Murilo! Não temos emprego! Vivemos de bicos como faz-tudo! Como vamos pagar aluguel, parcela de carro, comida? Como? Perdemos nossos empregos assim que nos casamos...

- Calma, querida. Vamos por partes. Toma um banho, beba bastante água, coma frutas, verduras e legumes, evite mais álcool.

- Ok, ok, ok...

- Faça o que eu estou falando e venha jogar truco às três lá em casa. Somos eu, Vânia, Verônica, Virgínia, Margarida, Célia, Olga e Dirce. Vai te fazer bem. – Valéria falou, já se retirando.

Bianca cambaleou de volta para o quarto, mas não conseguiu dormir. Ela sentia seu estômago revirar e as palavras de Valéria não saíam de sua mente. “O que eu tenho a perder?”, pensou. Assim, Bianca se levantou e começou a preparar um almoço saudável. Murilo acordou e ambos fizeram uma boa refeição juntos. Mais tarde, Bianca tomou um banho, se arrumou e foi até a casa sete.

- Boa tarde, querida. Seja bem-vinda. Entre e fique à vontade. Vou pegar um café.

Bianca se sentou na sala, onde as outras senhoras estavam conversando alegremente enquanto embaralhavam cartas.

- Hoje, temos uma convidada no truco semanal! – Célia disse, animada.

- Eu convidei. Alguém sabe de alguém que esteja precisando de serviços gerais?

- Ah, na minha casa precisa de jardinagem... – Olga comentou.

- Minha casa precisa de reparo toda hora. – Célia falou.

- Estou precisando de alguém para cuidar do meu quintal. – Margarida falou. – Por quê?

- Ela e o Murilo estão precisando de uma grana extra. Bem, eu e as meninas estamos precisando de alguns serviços também.

- Isso vai ser maravilhoso! – Célia comentou. – Esse é o espírito da Ernesto Sabali: uns ajudando aos outros.


Estará no próximo capítulo

"- VOCÊ SEMPRE TEM QUE SER PAVIO-CURTO? AGIR SEM PENSAR NAS CONSEQUÊNCIAS? AGORA, TEMOS QUE AGIR DEPRESSA PARA CORRIGIR SUA BURRADA!"

O Mistério da Rua Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora