the men of the stars - livro dois

o chamado

Eles estavam em um apartamento abandonado no final da rua, em uma pequena cidade ao norte da divisa. O prédio, antigo e esquecido pelo tempo, exalava um cheiro de mofo e madeira podre. Os poucos móveis que restavam estavam quebrados e consumidos pelas traças, mas ainda serviam para improvisar um acampamento enquanto aguardavam o horário marcado.

Moody não deixaria nada ao acaso. Ele havia destacado alguns aurores para vigiar os arredores, garantindo que não caíssem em uma armadilha, e manteve cinco dos melhores de Rufos ao seu lado. Cada detalhe da operação havia sido planejado minuciosamente, mas ainda assim, a balança entre sucesso e fracasso pendia de forma incerta.

Havia uma chance real de finalmente descobrirem o paradeiro dos Lestrange e, talvez, de Peter. E se Moody os conhecia bem, apostaria seu olho mágico que estavam todos reunidos com seu Mestre. A tensão no ar era quase que palpável.

Ele não se surpreendeu tanto ao saber que Voldemort estava vivo e já havia atentado contra a vida do garoto diversas vezes. O menino corria um perigo tremendo somente por respirar e Moody sabia disso. Esse era mais um motivo para que Moody não descansasse até saber que Voldemort está a 7 palmos do chão. Ele já perdeu James, não iria perder aquele garoto que tinha tudo e mais um pouco do seu amigo. O garoto querendo ou não era o futuro e a esperança do mundo bruxo e independente do que Black achava, metade do mundo bruxo via Potter como um Martí, já que ele foi o único que conseguiu se salvar de uma maldição da morte proferida pelo maior bruxos da trevas que já existiu. 

E por falar em Black... 

Moody ergueu os olhos ao ver seu antigo aluno entrar no apartamento. Como sempre, seus passos eram silenciosos, quase como uma sombra deslizando pelo ambiente. O couro negro de suas roupas brilhava à fraca luz que se infiltrava pelas cortinas encardidas, e os longos cabelos roçavam seus ombros, balançando levemente a cada movimento. Os anéis nos dedos refletiam pequenos brilhos prateados, contrastando com a escuridão ao seu redor.

Moody não precisava de seu olho mágico para perceber—Sirius carregava consigo uma inquietação difícil de esconder.

Moody sabia que Sirius seria um dos seus melhores aurores quando ele e James adentraram no treinamento e ele estava certo. Um Black como auror era uma potência sobrenatural e Sirius lutava como se estivesse dançando. Moody já tinha visto outros aurores hesitarem antes mesmo de conjurar um feitiço, apenas por perceberem quem estava diante deles. Já vira alguns caírem de joelhos, o terror estampado nos olhos, derrotados antes mesmo do primeiro ataque. Mas isso não era por causa do nome Black. Não, de forma alguma. Sirius conquistou seu próprio nome — ressignificou-o com sangue, suor e um talento que poucos podiam igualar. Ele e James foram a era de ouro do treinamento, e Moody se pegava, mais vezes do que gostaria de admitir, observando a dupla com algo próximo de orgulho.

Mas Moody não pensou que veria isso um dia. Assim que Sirius cruzou a soleira do apartamento abandonado, o ar pareceu pesar. Todos os presentes prenderam a respiração, como se sua simples presença drenasse o oxigênio da sala. Os aurores mais jovens abaixaram a cabeça, sem ousar encará-lo diretamente, como se temessem ser consumidos por sua aura. As vezes Moody achava que Sirius não tinha noção do que a presença dele fazia, mas em outras ele conseguia pegar uma cara de descrença quando alguém o via e queria praticamente se ajoelhar aos seus pés e pedir perdão por todos os pecados. 

Moody viu Sirius se tornar uma das três pessoas mais temidas desse mundo para proteger o filho de James. Para proteger o afilhado. Para proteger o filho. E Moody o respeitava muito mais por isso.

Ele ajustou o binóculo, observando atentamente a movimentação no campo à frente.

"Ainda não sei por que Amélia permitiu isso" murmurou, sem desviar o olhar.