Capitulo 44

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Hadrian on:

Acordo desesperado. Meus braços estão cheios de machucandos, meu pijama está rasgado e minhas mãos estão cheias de sangue.

Imediatamente as memórias da minha conversa com a morte retornam a minha mente:

Blaise havia acabado de sair. Penso em tudo que ele havia me mostrado. Na admiração dele por minha falta de sentimentos e consigo odiar isso. É tão irônico. Um dos pouco sentimentos que sinto com intensidade é o ódio. É tão difícil assim? Eu queria ser mais humano.

"Morte"

Não preciso dizer mais nada. Ele sabe.

"Sim, eu sei. Sabia que em algum momento isso aconteceria. A curiosidade humana é realmente a causa da ruína da sua espécie. Você está melhor assim, hadrian. Tenha certeza."

"Você pode dar um geito, não pode?"

" um geito. Você vai ter emocoes normais, mas não é uma solução eterna. Lembra-se do conto de Erol? É o preço a ser pago pela magia da morte. No final, hadrian, é o seu destino."

A raiva borbulha, ainda que adormecida.

"Não como mudar isso?"

"Algumas coisas estão escritas em pedra."

"Qual é a solução?"

"Você vai experimentar intensamente as piores emoções humanas. Será algo horrível. Não haverá danos físicos permanentes, mas acredite, será algo que você nunca sentiu antes."

Vale a pena?

"Quanto tempo?"

"Quanto tempo você vai levar para para se afundar na magia da morte, hadrian? Dois anos? Três? Quatro? Cinco? Não mais que isso."

"E se eu não quiser 'me afundar na magia da morte' como você diz?"

A risada estrondosa da morte me ajuda a lidar com a raiva. Sinto um sorriso afiado se formar em meu rosto.

"Eu estou na sua cabeça, garoto. Sei suas prioridades"

"Eu aceito seus termos, morte."

"Eles não são meus, hadrian..."

E então eu apaguei.

Sinto ansia de vômito ao lembrar dos últimos acontecimentos. Imediatamente entro no banheiro e coloco todo o resto de jantar para fora.

Fico lá, em frente ao vaso, trêmulo.

Algum tempo depois, me arrasto para a banheira e desapareço minhas roupas.

A água morna me ajuda a recuperar a lógica e o controle sobre minhas ações. Meu trabalho em oclumencia está em ruínas e devo o reconstruir antes de sair para o dia. Felizmente ainda não são nem três da manhã.

Passo as próximas duas horas meditando. Há algo diferente. Não só o pavor e o medo que senti anteriormente, mas algo mais. Um afeto mais profundo que não estava lá antes. Afeto por Ron, Hermione, Draco, Tom e Blaise.

E isso me assusta. Porra, esses sentimentos são apavorantes. O sonho já foi um aviso. Estou me apegando. Estou me apegando desnecessariamente e eu não deveria estar fazendo isso. Tom não fez. Eu também não devo. A preocupação e esses sentimentos são a ruína da humanidade.

" está desistindo tão rápido, hadrian?"

A voz da morte é como um tapa.

"Eu não deveria ter feito isso. Estava emotivo por causa do que vi na mente de blaise. Morte, como faço para voltar ao normal?"

A morte bufa.

"As coisas não acontecem em um passe de mágica, hadrian. Você pagou seu tributo, agora desfrute dos prêmios."

É com essa resposta vazia que a morte me deixa. Estou com a sensação de que acabei de levar um não bem grande no meio da fuça.

Continuo meditando por mais algum tempo até chegar o momento que me arrumar para o dia é inevitável. Tenho uma semana de aula agitada pela frente.

...

N/A: Estou usando os '...' a partir de agora. Dá muito trabalho colocar quebra de tempo de um modo que faca sentido sem eles.

Tudo ao meu redor estava normal. Minha corte está normal, os professores estão normais, até Hogwarts, com toda sua magia e estranheza parece normal. O problema, como tão habilmente detectei, sou eu.

Estou trabalhando na minha oclumencia todos os dias, e estou indo bem em esconder minhas emoções. Mas eu sinto.

Quando draco se oferece instantaneamente para fazer algo por mim.

Quando hermione começa a discutir algum tema comigo, com aqueles olhos brilhantes.

Quando Ron está me ajudando com estratégias ou alguma poção particularmente longa que estou preparando para uso posterior.

Quando Severus me da uma detenção por um motivo bobo e passamos horas juntos.

Quando eu falo com Tom, e discutimos tantos assuntos diferentes e normalmente muito importante ou estupidamente trivais.

A afeição. O carinho. O cuidado. A empatia, por mais leve que seja.

Me assusta, pois eu nunca havia sentido com tanta intensidade.

E aquele sonho espreita em minha mente, uma tortura suave e persistente, pois eu sabia.

Sabia que havia me apegado demais.

Sabia que eu havia entregado uma parte se mim a essas pessoas.

Sabia e sentia.

Sentia que eu hesitaria. Se algum deles me traisse... eu hesitaria, por mínimo que fosse, em mata-los. Por que?

Por que eu sou humano. Eu caresso de carinho, de cuidado, e eles me deram exatamente isso. Eles cuidaram de mim quando não precisavam. Quando eu era forte o bastante para amar a solidão é aceitar a morte como único amigo.

Agora, com as emoções transbordando dentro de mim, não posso cortar esse mal pela raiz. Não posso me livrar de tal fraqueza.





Aquele Que Eles Não EsperavamOnde histórias criam vida. Descubra agora