Chegamos no barzinho, não estava muito cheio por ser uma segunda-feira, mas o lugar é ótimo, algumas vezes depois do trabalho o pessoal e eu passamos por aqui para uns drinks, no final de expediente. Ele puxa a cadeira para eu me sentar, em seguida ele se senta a minha frente.
- O que vai querer? – ele pergunta.
- Vinho. – Respondi colocando o buquê e a minha bolsa na cadeira ao meu lado. Fico olhando o buque novamente, esta é a primeira vez que ganho flores, já ganhei antes, mas do meu pai tio e padrinhos. Nunca assim de forma, romântica, amorosa.
- Duas taças de vinho por favor – ele pede ao garçom. – Gostou mesmo em. – Volto a minha atenção para ele, que estava me analisando.
- Bastante. – Dou um pequeno sorriso.
- Que bom.
- E o seu pai? - Pergunto.
- Vai ficar bem. – Ele responde com naturalidade.
- Que bom. Fiquei preocupada com o seu sumiço, achei que tivesse acontecido algo mais grave com ele.
- Desculpe. Coisas importantes para resolver. – o seu olhar fica um pouco vago.
- Resolveu? – o vinho chega.
- Não. – Ele dá um sorriso.
- Espero que consiga. – Tomo um gole do vinho.
- Eu vou. – Ele deposita a sua taça na mesa. – Senti a sua falta. – Fico corada com a mudança brusca de assunto. Tomo outro gole do vinho antes de responder.
- Confesso que também senti a sua. – Reuni toda a minha coragem para dizer isso.
- O que está a acontecer? - Ele pergunta de forma retórica. Tomo mais um gole do vinho fugindo da resposta ou da constatação, do que está acontecendo, estamos atraídos um pelo outro isso é fato. – Eu gosto de você Hember, não sei explicar como, mas sinto algo diferente quando te vejo, quando a gente conversa. Mas eu não vou entrar nessa se o João ainda estiver na jogada. – os seus olhos me analisam com cuidado.
- Direto você, não? – respondi sem jeito, estou nervosa viro quase metade do vinho desta vez. Respiro fundo.
- Sempre. – Sempre ele pisca.
- João nunca esteve na jogada, na verdade. – Coloco a taça sobre a mesa - Ele é um homem casado com filhos e eu o conheci muito nova, acabei confundido as coisas. Mas ele nunca foi uma opção viável. Nunca quis me manter no seu casamento, muito menos destruir ele. – Desta vez viro todo o líquido da minha taça – E., sim, eu também gosto de você. – os seus olhos brilham, ele abre um enorme sorriso.
- Queria poder estar em um local mais privado agora, estar mais perto e te beijar. – os seus olhos estão conectados aos meus, e todo o meu corpo se aquece. Pedro causa reações no meu corpo que eu jamais senti antes.
- Outra taça? – o garçom se aproxima da mesa e pergunta.
- Por favor – respondi imediatamente. Ele sorri.
- Rápido demais? – ele pergunta assim que o garçom se afasta.
- Não, também quero te beijar agora. – Acabo me assustando com as minhas próprias palavras geralmente, não sou tão ousada assim, talvez seja o efeito do vinho, ou o efeito do Pedro sobre mim.
- Assim você me obriga a querer sair daqui. – a minha nova taça de vinho chega. Ficamos nos encarando. – Então como tem sido os dias? – ele muda de assunto, eu me sinto um pouco aliviada.
- Ganhei uma possível promoção hoje. – Digo animada, ele é a primeira pessoa para quem eu conto e me sinto bem com isso.
- Possível? – o seu olhar fica curioso.
- Então. Natan o sócio majoritário vai precisar se ausentar por motivos de saúde, e me ofereceu um emprego. socia minoritária, mas ele quer que eu toque o escritório com o João que é o outro sócio majoritário – ele faz uma pequena careta, tenta disfarçar – Mas ele é um associado. Quem fundou a empresa mesmo foi o Natan com o Vitor que raramente vem aqui.
- Parabéns! – ele levanta a taça para um brinde.
- Não é nada certo ainda até porque preciso terminar o último ano e tirar a carteira da OAB. Mas modéstia a parte é quase impossível não conseguir então. – Brindamos ao meu possível novo cargo no escritório.
- Eu não tenho dúvida da sua capacidade. – Ele coloca taça na mesa. – Não gosto muito da Ideia de você mais próxima do João. Mas estou feliz por você. Merece, vejo o quanto se empenha na faculdade e no estágio. – Será possível que ele realmente já esteja com ciúmes?
- Não é um pouco cedo para ciúmes? – digo de brincadeira, tentando entender se é isso ou não.
- Concordo plenamente. – Ele fica envergonhado. – Vou me controlar de agora em diante.
- Hum – bebo um pouco do vinho – E você no que trabalha? – me dei conta de que ainda não tínhamos falado sobre isso. O seu trabalho.
- Eu sou formado economia. E trabalho com investimentos, bolsa de valores principalmente – ele faz sinal para o garçom trazer outras taças de vinho, para nós dois desta vez.
- Que interessante, eu tenho algumas ações espalhadas por aí, mas eu nuca nem mexi com isso. O meu pai que sempre lidou com os meus investimentos e coloca os rendimentos na minha conta.
- É um bom meio de ganhar dinheiro. Sabendo investir se torna um meio bem lucrativo...
É tão gostoso como a conversa flui entre nós dois de forma natural, como se nos conhecêssemos de outras vidas, um encontro de almas talvez? Acho que já deu para mim, três taças de vinho é o suficiente. Já estou imaginando coisas.
- A conversa está boa – olho no relógio – Amanhã eu acordo cedo.
- Tudo bem eu te levo em casa. – Ele chama o garçom.
- Não precisa.
- Você tomou três taças de vinho, acha que pode dirigir?
- Você também bebeu.
- Bem menos que você. – ele paga a conta – Vamos.
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HEMBER - Se Eu Ficar...
RomanceHember Garcia. A caçula dos trigémeos, Sempre se destacou dos irmãos, por sua doçura e bondade, além da sua inteligência e criatividade também chamar muita atenção. Criada como a princesinha da casa, cercadas de mimos e cuidados, por conta da sua sa...