III

361 39 39
                                    

Pedro Tófani, point of view
São Paulo.

— Pedro, sinceramente, me diz que essa matéria tá acabando em nome do pai! — Reclamou Mariana batendo a testa na mesa, agora eu explicava função logaritma, e todos me olhavam como se nada entendessem.

— Sim, só isso! Vamos lá, vocês tiraram notas boas semestre passado, com geometria, agora vão cair pra logaritmo?! — Perguntei e as meninas me olharam de forma debochada.

— Da última vez eu passei um mês sem ver minha namorada pra ir bem nessa merda de prova! — Falou Luísa, sorri pra ela e suas amigas riram.

— Depois ficou de grude com ela por duas semanas! Supera! — Respondi fazendo todos rirem.

— Por isso que você precisa ser nosso padrinho nesse interclasse! — Afirmou Nicolly, enquanto limpava os óculos na camisa.

— E estavam pensando em outro alguém?! Que traição! — Dramatizei e todos riram de novo.

— Óbvio que não, divo! Você é único! — Emy fez coração pra mim. Sorri pra ela e então voltei a explicar o assunto.

— Pra resolver essa vocês vão ter que mudar as bases, log x por dois e dois por dois! Resolve o log mais fácil, e depois...

[...]

Sai da sala após duas aulas seguidas, minha cabeça doía um pouco, mas teria meu horário livre até depois do intervalo, então fui até a sala dos professores e vejo João sentado, com as pernas cruzadas e um óculos lendo um livro.

— Oi... — Falei e o mesmo levantou a cabeça. Seus cachos já apareciam nessa altura do campeonato, pois havia pintado há um mês.

— Oi! Dor de cabeça?! — Já era rotina, toda quinta-feira era sempre a mesma história, então apenas acenei positivamente com a cabeça e me sentei ao seu lado, pondo minhas coisas no chão.

Ele tira uma cartela de dipirona do bolso e me dá sua garrafa térmica. Tomo o remédio e então, pela primeira vez dessa mesma rotina, ao invés deu me virar pro outro lado do sofá e ficar encolhido para um cochilo de uma hora. Deito minha cabeça na perna do loiro, após tirar os sapatos, encolho minhas próprias pernas e me faço confortável.

Após uns cinco minutos sinto uma mão em meu cabelo. Recebo os afagos com prazer, até porque fazia muito tempo que eu não me permitia ficar assim com alguém fora do meu pequeno grupinho de amizade, olho rapidamente pra cima, vendo Jão lendo seu livro com a mão direita, e então me ponho a dormir.

[...]

Acordo quando sinto falta da mão que acariciava meus cabelos, resmunguei e o leve barulho se encerrou. Abri os olhos com dificuldade e olhei para João, que agora estava conversando baixinho com Giovana enquanto segurava uma xícara de café em uma mão e seu livro na outra, revirei os olhos e peguei o livro, fazendo-o me encarar.

Não precisei nem dizer nada, ele apenas me entregou o marca página, fechei o livro após marcar e então volto a sentir o carinho em meus cabelos.

— A dor de cabeça passou?! — Perguntou o outro professor, assenti positivamente e então cruzei os braços na frente do corpo para me proteger do frio e segui de olhos fechados, mas ainda ouvindo tudo.

Logo a conversa se seguiu normalmente e após um tempo, deu o horário de ir para as salas, me levantei preguiçosamente, pus o sapato e fui pra minha tortura, segundo ano A.

[...]

Após minha tortura em duas escolas chego em casa, dou carinho para meu filho e vou tomar banho. Saindo do chuveiro vejo dezenas de mensagens no grupo em que tinha apenas os professores.

ᴀ ᴍᴀᴛᴇᴍáᴛɪᴄᴀ ᴅᴀ ǫᴜíᴍɪᴄᴀ ᴅᴏ ᴀᴍᴏʀ, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora