XI

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Pedro Tófani, point of view,
São Paulo.

Longas duas semanas se passaram, e agora era um sábado, estava na casa do Jão corrigindo minhas provas, enquanto ele passava as notas da caderneta para o sistema, nesse momento eu estava encostado no ombro dele, quando senti um aperto no peito.

Eu estava me apaixonando por ele. Não, não, não! Isso não poderia estar acontecendo.

— O que houve?! — Perguntou o Romania, assim que ouviu meu sussurro pesado.

— Nada! — Levantei-me do ombro dele e me afastei um pouco, seguindo para a correção de minhas atividades. Senti o olhar de João sobre mim, logo me senti culpado, mas não poderia fazer isso comigo mesmo agora.

[...]

Dois dias haviam se passado, tinha saído da casa no sábado de noite, pois dormi da sexta ao sábado com ele. Eu estava claramente o evitando, e isso doía, mas eu não podia me entregar de novo.

— Credo, Tófani! Que cara é essa?! — Peguntou Luísa entrando na sala com um pote de bolo, me entregou e se sentou na minha mesa. Teria aula aqui depois do intervalo e não queria encarar o Romania hoje.

— Obrigado! Nada, Lu! Fique tranquila! — Respondi a menina, levando um pedaço do bolo de maracujá com chocolate a minha boca. Só assim para me sentir menos horrível.

— Fala logo! Sei que não sou a melhor pessoa do mundo, mas quando meu professor favorito, que o Renan não escute pelo amor de Oxum, está claramente deprimido, eu acho que posso escutar! — Falou a menina com um sorriso meigo no rosto.

— E nós também! — As amigas de Luísa entraram, fazendo-me tomar um susto.

— Puta que pariu! — Aparentemente a menina sentada na mesa a minha frente também se assustou, logo pós a mão no peito controlando a própria respiração.

— Sorry galeres! Foi mal, mas diga porque está tão borocho, Peu?! — Mari questionou, pegando uma cadeira para por a minha frente, e suas amigas seguiram o exemplo.

— Provavelmente é antiético isso, mas já tô na merda mesmo! — Afirmei fazendo as meninas rirem. — Eu tô meio que saindo com o João, na verdade eu nem sei mais por que tô evitando ele!

— Como evitar seu colega de trabalho, Google pesquisar! — Brincou Nicolly tomando um leve tapinha de Emy.

— Porque está evitando ele?! — Emy pergunta, e então vejo uma expectativa nos olhos de cada uma.

— Eu passei por um relacionamento muito difícil a uns anos atrás, e eu sei que são pessoas diferentes, com histórias diferentes, mas os finais são parecidos. E eu não consigo falar de nada do que eu sinto em relação a isso com o João, eu não posso me apaixonar de novo! — Expliquei e todas me olharam com deboche.

— Pedro, isso é besteira, ok?! E eu tenho lugar de fala, não é porque vocês sofreram antes que vão sofrer pra sempre! — Disse Luísa, pegando um pouco do meu bolo, olhei pra ela com falsa surpresa e ela sorriu pra mim. Sentiria falta dessa implicância ano que vem.

— Mas...

— Desculpa, mas "mas" é o caralho! Todo mundo que olha sabe que vocês se gostam, não faz sentido terminar algo que nem começou por conta do passado! — Mari, que até outrora permanecia calada, afirmou.

— Exatamente, você nunca vai saber se dá certo se não tentar! Vocês são jovens, tem muito a viver ainda, se machucar, vocês se recuperam de novo, mas como você vai se machucar se você não tentar?! A probabilidade de dar certo é muito maior que a de dar errado, e é disso que você tem medo! — Sem me dar tempo de responder Mari, Nicolly incrementou a fala de sua amiga.

— Enquanto você não se arriscar, vai viver no talvez, e o talvez é muito pior que um coração partido! Pois você fica imaginando o que seria se fosse um sim, e fica imaginando também o não! — Emy exclamou, e antes que eu pudesse responder outros alunos entraram na sala e o sinal tocou. Luísa me deu um beijo na testa e elas foram aos seus lugares.

Desde quando adolescentes têm mais discernimento sobre esse assunto do que eu?!

[...]

Não, eu não segui o conselho que as garotas me deram, era quinta e eu ainda evitava o Balbino. O intervalo tocou, e então fui à sala dos professores, todos me olharam enquanto eu pegava um café.

— Você vai me explicar o porquê está me ignorando?! — Perguntou João, tomei um susto e quase largo a xícara, mas a seguro com força.

— Eu não estou te ignorando! — Afirmei sendo o mais evasivo o possível.

— Se você ia me machucar, me usar e me jogar fora depois, nem precisava ter se declarado pra mim! Eu ia superar essa paixão ridícula que tenho em você, se você se mantivesse longe de mim, caralho! — Falou Romania irritado, todos agora estavam em silêncio, logo sentia a vontade de chorar queimar a minha garganta.

— Você não consegue entender! Você não consegue me entender! — Gritei de volta, assustando a todos.

— Primeiro, não grita comigo caralho! — Exclamou o mesmo, completamente vermelho.

— Foi você quem começou! — Respondi a altura.

— Gente, esse não é o lugar pra isso! — Disse Giovana, fuzilamos a mesma com o olhar, fazendo a morena levantar as mãos em redenção.

— Segundo, se você me explicasse talvez eu conseguisse entender, Pedro! Mas nem a merda de um diálogo você quer ter!

Eu não posso ser seu, João! Todo dia eu acordo pensando no quanto eu quero te encontrar, o quanto eu te quero pra mim, mas eu não posso ser seu!

— Por que não?! — Questionou baixinho, seus olhos já estavam cheios de lágrimas.

— Pois ao mesmo tempo em que te quero comigo, acordo lembrando do que o amor já fez comigo... Eu não posso ser seu! — Falei olhando o mesmo, ele deu um sorriso sarcástico.

Você não pode fugir pra sempre! — Disse Romania com lágrimas nos olhos. Odiava ser o motivo de suas lágrimas.

— Não posso me entregar de novo, João! — Respondi e então uma lágrima solitária desceu de seu rosto. Ele me deu um sorriso amarelo e saiu da sala dos professores.

O silêncio perdurou por muito tempo, quando finalmente permite desabar, senti braços ao meu redor e a xícara ser tirada de minhas mãos.

Eu sou a soma do que eu não consigo, algo em mim ainda tá perdido. E eu preciso encontrar... Não posso ser dele.

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É né... Enfim, doce...

Capítulo Revisado
Palavras: 1055

ᴀ ᴍᴀᴛᴇᴍáᴛɪᴄᴀ ᴅᴀ ǫᴜíᴍɪᴄᴀ ᴅᴏ ᴀᴍᴏʀ, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora