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Jão, point of view,
São Paulo.

Acordo com uma extrema dor de cabeça, num ambiente que logo percebo não ser a casa de Renan, então lembro-me de tudo o que ocorreu ontem. Bebi pra esquecer a insegurança e no final compartilhei com Pedro. Idiota.

Me virei pro lado e dei de cara com a nunca do Tófani, tinha o corpo coberto da cintura pra baixo, e o braço direito apoiado em si. Era uma bela coisa de se admirar ao acordar, mas então outra frequência de dor vem, me fazendo resmungar baixinho. Palhares vira pra mim e dá um sorriso sonolento, ainda de olhos fechados.

— Acordou agora?! Tá com muita dor?! — Perguntou o moreno se aproximando, apenas resmunguei em resposta, e então sou abraçado por ele.

— Um pouquinho só... Desculpa por ontem! — Falei baixinho, ele então me olhou e sorriu.

— Tudo bem, agora o trabalho já tá passado, seria melhor se você prolongasse o prazo, mas... Só não faz mais isso, ok?! — Pediu Tófani, eu assenti devagar e então me deu um selinho lento. Abraçou minha cintura e assim ficamos até o alarme das seis horas tocar.

[...]

— Não dá pra eu ir pra escola com essas roupas de jeito nenhum! — Apontei para as minhas roupas, que catei no cesto de Pedro.

— Por isso elas tão no cesto de roupa suja, pega alguma coisa que te sirva no meu guarda-roupa e pronto! Você já tá usando roupa minha mesmo! — Disse Palhares dando de ombros, senti minhas bochechas esquentarem, então fui até o quarto e procurei uma roupa que se parecesse minimamente com o que sempre uso.

Pego uma calça jeans larga e baixa, uma camisa de botões branca e vida que segue. Seria esse o look de hoje! Vou tomar banho enquanto ele fazia o café, tínhamos que estar na escola às sete e meia no máximo, agora já eram seis e dez, então me adiantei.

— Tomou café já?! — Perguntei enxugando meus cabelos molhados, sai do banheiro já vestido, apenas faltando meu sapato, mas sempre deixava reservas no carro, vai saber quando alguém derrubará algo em você.

— Não, tava te esperando! — Respondeu o mesmo de forma simples, me entregando uma caneca com café. Isso era tão caseiro que não me importaria se todos os dias fossem assim...

Balancei a cabeça com essa idiotice que pensei e fui me sentar. Tófani me deu mais um selinho e então comemos em silêncio.

[...]

Por algum milagre, chegamos às sete e dez na escola, e logo fui pra onde teria meu primeiro horário, no terceiro ano. Assim que entrei estavam todos sentados, com cara de sono.

— Bom dia... Falem baixo hoje, por favor, pois estou morrendo de dor de cabeça! — Pedi sentando-me na mesa, tirei o remédio que Pedro havia me dado da mochila e o tomei com água.

— Mesmo ele tendo feito o que fez, eu ainda gosto dele... Droga de coração mole! — Disse Nick, sorri pequeno, suspirei rapidamente e então me levantei.

— Bom, para a felicidade de vocês, eu resolvi adiar a entrega do trabalho daqui duas semanas! Na segunda feira, ok?! — Todos eles começaram a comemorar, mas logo pararam, assim que pus a primeira mão na têmpora.

— Depois a gente comemora essa vitória de Pedro Tófani! O homem tá com dor minha gente! — Falou Mari, com um sorriso no rosto, agradeci silenciosamente, e então me pus a dar aula.

[...]

Entrei na sala dos professores, minha cabeça ainda doía um pouco, mas acredito que pelo barulho do primeiro ano do que pela ressaca, sentei-me no sofá, tirei os sapatos e me coloquei em posição quase fetal. As vezes eu só me perguntava o porquê eu decidi ser professor e chorar. Mas sei que é a dor falando mais alto nesse momento.

— Ei... Como tá a dor?! Tomou o remédio que te dei?! — Perguntou uma voz conhecida, enquanto passava a mão do meu cabelo. Talvez eu realmente tivesse que ter tirado o dia de folga, pois em meu rosto desceu uma lágrima, antes de levantar o rosto tratei de seca-la.

— Tomei sim, foi só o barulho que piorou um pouco a situação... — Respondi assim que levantei um pouco o rosto, ele fazia carinho em meus cabelos e logo nossos amigos, e colegas de trabalho, começaram a chegar e encher a sala.

— Cê tá acabado, hein João?! — Afirmou Zebu, tentando não rir.

— Obrigado pela parte que me toca, lindo! — Exclamei fazendo o moreno ao meu lado rir baixinho.

— Então cê dormiu mesmo na casa do Peu, né Jão?! — Diz Malu, pegando uma xícara de café.

— Oxe, e como você sabe?! — Giovana questiona intrigada.

— Conheço essa calça em um raio de quatro mil quilômetros, eu dei ela pro Pedro dois anos atrás de presente de dia do Homem! — Falou de forma simples, e então todos nós voltamos o olhar pra ela.

— Ela tá mentindo, ela me deu de aniversário! — Respondeu o Fernandes, passando o braço por meus ombros. Me desfiz levemente da posição em que estava, pondo as pernas de lado, deitando minha cabeça em seu ombro.

— Exatamente, dia do homem! O homem é ele, e o dia do aniversário é o dia dele! — Brincou baixinho, todos nós rimos e resmungamos.

— Essa camisa eu fui comprar junto com mês passado! Nem acredito que você deixou o Jão usar! — Afirmou Vitória, fazendo-me olhar pra cima, ele sorriu pra mim e me apertou mais.

— A vida é assim gente, acontece!

— Ontem você até bateu nele, e agora tá assim. Cê é gay demais! — Disse Renan, então fechei os olhos para rir baixinho.

— Ele não tava guardando essa camisa pro aniversário dele?! — Perguntou Alana de forma inocente. Ela sabia de muita coisa e chegou a tão pouco tempo.

— É exatamente por isso que estamos tendo esse diálogo, o Pedro que eu conheço nunca deixaria usarem as roupas dele antes dele usar! — Exclamou Lucca, olhei para Tófani, que tinha um sorriso no rosto, percebendo que eu o encarava, sorrio ainda mais e me deu um selinho rápido.

— Aí seus gays! — Disse Ana, fazendo todos pararem a discussão e olhar para nós dois.

— Sinceramente! — Malu levanta, põe sua xícara na pia e se senta novamente, indo ler seu livro.

E assim ficamos até dar o próximo horário. Minha dor de cabeça até passou depois disso.

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Vem aí né aí... Dói, acontece...

Capítulo Revisado
Palavras: 1050

ᴀ ᴍᴀᴛᴇᴍáᴛɪᴄᴀ ᴅᴀ ǫᴜíᴍɪᴄᴀ ᴅᴏ ᴀᴍᴏʀ, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora