XV

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Pedro Tófani, point of view,
São Paulo.

Um mês e três semanas depois...

Chegou a última semana de novembro, o momento em que nós despedimos do terceiro ano. Eu arrumava minha gravata nervosamente, como sempre em todos os anos, mas então bufei e tirei a peça de meu rosto com raiva. Como em todos os anos.

— Amor, vai ficar tudo bem, ok?! — João chegou por trás de mim, abraçando-me de forma carinhosa, me deu um beijo no pescoço e então levantou a cabeça novamente. — Quer tirar umas fotinhas?!

— Quero! — Então tiramos uma onde eu estava em seu ombro, outra ele me dando um beijo na bochecha e outras duas sozinhos.

Saímos de casa para encarar mais uma despedida.

[...]

— Agora, com todos os diplomas entregues, chamaremos a oradora da turma do Terceiro Ano A e depois do Terceiro B! Mariana, venha! — A menina saiu lindamente de sua cadeira e foi ao púlpito. Suspirou antes de começar.

— Bom, eu estudo aqui desde o início do fundamental dois, eu não sei o que seria da minha vida se tivesse seguido pra outra escola, mas estou satisfeita com o que sou até agora. Foi um ano muito bom, óbvio que por muitas vezes verdadeiramente inseguro e a sobrecarrega com o vestibular e o futuro acabaram com nossa cabeça! — Todos riram, e eu só conseguia sorrir para aquela menina, lembrando-me que quatro anos atrás, quando ela era só uma menina de treze anos. — Não foram flores esses anos no colégio, mas os professores incríveis e a rede de apoio que consegui ajudou muito a superar muitas dificuldades! A turma do terceiro ano A vai deixar saudades, eu sei bem disso, Senhor Pedro Tófani! E eu espero que algum dia possamos olhar para trás e lembrar de nossos momentos com carinho. Obrigada!

Todos bateram palma e então o David, do terceiro ano B foi chamado para falar. Já sentia as lágrimas rolarem por meu rosto, apertam minha mão e então olho para Malu, que sorria pra mim, ela parecia orgulhosa.

— Agora, as duas turmas decidiram fundar uma nova tradição, escolheram um professor para dizer algumas palavras aqui no púlpito! E o escolhido foi... — A diretora abria o envelope, e sorrio de lado. — Pedro Tófani!

— Ok, isso foi inesperado, aposto que o pessoal do segundo ano tá se perguntando porquê! — Todos riram, então encarei meus amigos, que sorriam para mim. — Bom, esse foi um ano em que todos esses formandos aqui na minha frente decidiram o que vão fazer, não sei se pro resto da vida, mas que desejam. Nicolly, você será uma grande escritora, Vitor, tenho certeza que será um ótimo jogador, Rafael, só não se mete com crime e Luísa, para não me prolongar muito pois poderia citar todos, quero te ver cantar no Allianz um dia! Veja que nem todos querem profissões convencionais, e parte do meu papel é apoiar a descoberta de cada um! Todo ano é a mesma coisa, eu me despeço de meninos que vi crescer, e depois encontro na rua, pergunto como vai a vida e assim seguimos.
— Acredito que esse ano foi um pouco diferente, pois eles me fizeram descobrir coisas sobre mim e encarrar meus próprios medos! Eu amo cada um desses pirralhos e me despedir deles dói, mas uma das partes chatinhas da profissão, é deixar ir! Eu desejo tudo de mais incrível para essas criaturas, e que todos sejam felizes! Pois mais importante que uma boa profissão, é ser feliz e satisfeito com a própria vida!

Aplaudiram e então sai do palco. João estava de pé, com os braços levemente abertos, então sem nenhuma vergonha, o abracei e beijei.

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ᴀ ᴍᴀᴛᴇᴍáᴛɪᴄᴀ ᴅᴀ ǫᴜíᴍɪᴄᴀ ᴅᴏ ᴀᴍᴏʀ, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora