capítulo X

7 1 0
                                    


Já era setembro. O tempo parecia ter voado desde que Laura entrou na escola e se afastou de mim, preferindo a companhia de Fernanda. Eu e Arthur também nos afastamos, enquanto eu me aproximava inesperadamente de Gabriel. Ele não era tão chato quanto eu imaginava; talvez realmente quisesse me avisar sobre Arthur e o que poderia acontecer com nossa relação.
As manhãs eram mais frias agora, e as árvores começaram a mudar de cor, trazendo um ar nostálgico ao ambiente escolar. Gabriel e eu passamos mais tempo juntos, e eu começava a ver um lado dele que não conhecia antes. Ele era engraçado, tinha um senso de humor ácido que me fazia rir e, aos poucos, fui baixando minhas defesas. Nós almoçamos juntos quase todos os dias, compartilhando histórias e várias outras coisas.
Três meses atrás, eu não acreditaria que estaria tão próximo de Gabriel e afastado de Arthur. Mesmo assim, pensava nele todos os dias e na forma como ele me tratava romanticamente. Era uma grande hipocrisia da minha parte ficar com Gabriel depois de falar tão mal dele para meus amigos.
Em uma dessas tardes, enquanto almoçávamos sentados no gramado da escola, Gabriel olhou para mim com um sorriso que não consegui decifrar completamente.

— Sabe, Luke, você é bem diferente do que eu pensei inicialmente — ele disse, me entregando uma maçã.

— É mesmo? E o que você pensou? — perguntei, mordendo a maçã e olhando-o de canto de olho.

— Achei que você fosse mais fechado, mais difícil de se aproximar. Mas você é legal, sabe? E gosto da sua companhia.

Sorri, sentindo um calor reconfortante se espalhar pelo meu peito. Talvez ele estivesse sendo sincero, mas em momento algum eu me senti confortável sendo amigo dele. Era como um "Enemies to Lovers", só que sem a parte do "lovers". Como eu não queria ficar sozinho, tinha que andar com ele.

— Também gosto de você, Gabriel. Desculpa por ter te julgado mal no começo.

Ele riu, balançando a cabeça.
Eu me sentia mal por mentir dessa maneira, mas eu precisava mentir para não ficar sozinho. Eu facilmente poderia estar com a Fernanda e a Laura agora, mas, não sei, elas não pareciam me querer por perto.

— Não precisa se desculpar. Todos nós fazemos isso de vez em quando.

Os dias passavam e nossa amizade continuava. No entanto, sempre havia uma tensão sutil que eu não conseguia ignorar completamente. Gabriel era encantador, sim, mas havia momentos em que ele parecia querer mais do que amizade, e eu me encontrava confuso sobre como responder a isso. Eu não gostava dele da mesma maneira que gostava de Arthur, e sabia que Gabriel poderia me amar a qualquer momento. O medo de ficar sozinho me consumia todas as noites, junto com sonhos sobre meu pai, Arthur e agora Gabriel.
No fundo, eu sabia que Gabriel não era a melhor pessoa para me relacionar, desde que nos conhecemos ele fazia piadas com minha aparência e jeito de se comportar. Nosso primeiro beijo foi forçado, e eu não tinha toda aquela conexão com ele como tinha com Arthur.
Em uma tarde de sexta-feira, estávamos no parque da cidade, algo que se tornou um hábito nosso. Estávamos sentados em um banco, observando as crianças brincarem e os ciclistas passarem. A tarde estava fria, e nossos assuntos eram totalmente distintos, o que não me fazia ter interesse em ficar ali. Mas, era ficar ali ou totalmente sozinho. Gabriel sorria com tanta vontade que parecia que fazia tempo que ele queria me contar alguma coisa, e confesso, isso estava me assustando. Cada assunto que ele puxava, me deixava mais agoniado, como se meu peito estivesse contraído. Ele me olhava de uma maneira séria e contínua que me deixava desconfortável.

— Luke, tem algo que eu queria te perguntar há um tempo. — Um suspiro de angústia saiu da minha boca.

— O que foi? — respondi, sentindo meu coração acelerar ligeiramente. Não sabia o que ele iria falar, mas, ao mesmo tempo, tinha uma ideia do que poderia ser.

 obsession Onde histórias criam vida. Descubra agora