Capítulo XVII

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Cheguei ao portão da escola, o sol da tarde batendo forte enquanto eu procurava Arthur com os olhos. Ele estava encostado em uma árvore próxima ao portão, o cabelo loiro brilhando à luz do sol e o celular nas mãos, concentrado em alguma mensagem. Quando me viu, levantou a cabeça e sorriu, aquele sorriso que sempre fazia meu coração dar um leve salto.

— Achei que ia demorar mais — ele comentou, guardando o celular no bolso e se ajeitando.

— Tive que dar uma fugida rápida da sala — respondi, meio sem fôlego, mas tentando parecer tranquilo. — Então, o que o diretor quer com a gente?

Arthur começou a andar ao meu lado enquanto seguíamos em direção à diretoria. Ele explicava o projeto com animação, algo relacionado a um evento de integração entre as turmas, com foco em debates e atividades criativas. Pelo que parecia, ele já estava envolvido com isso há algum tempo, e agora queria que eu entrasse na equipe.
Mas enquanto ele falava, minha cabeça ainda estava parcialmente com Laura. Eu sabia que deveria ter parado e escutado o que ela queria dizer, mas havia algo em revisitar o passado que me deixava desconfortável, como se tocar naquele assunto pudesse abrir feridas que eu tinha tentado fechar.

— Você está me ouvindo, Luke? — Arthur perguntou, parando de andar e me olhando com as sobrancelhas arqueadas. Eu percebi que estava meio desligado, então forcei um sorriso.

— Sim, estou. Desculpa, só estou um pouco distraído hoje.

— Tudo bem, se precisar de um tempo, é só avisar. Mas, sério, acho que você vai gostar desse projeto. Pode ser bom pra gente, sabe?— Ele franziu a testa, mas logo deu de ombros, aceitando a desculpa.

Eu sabia o que ele estava tentando dizer, mesmo sem falar diretamente. "Pra gente." Não era só sobre o projeto, era sobre nós dois. E eu estava começando a perceber que as coisas entre nós estavam voltando a ser mais do que apenas amizade, embora ainda fosse difícil admitir isso em voz alta.
Caminhamos em silêncio pelos corredores vazios da escola até chegar à sala onde o diretor nos esperava. Arthur bateu na porta e, quando a abriu, ele lançou um último olhar para mim, como se quisesse ter certeza de que eu estava presente, de corpo e alma. Eu sorri de volta, tentando mostrar que, apesar de tudo, eu estava lá.

— Vamos fazer isso — eu disse, mais para mim mesmo do que para ele.

Arthur sorriu, e juntos entramos na sala.
Confesso que estava nervoso, nunca tive curiosidade de fazer parte desse tipo de projeto, mas só pelo fato de Arthur ter me convidado, eu aceitei.
O diretor falou milhares de coisas, e nenhuma dessas coisas entrou em minha cabeça.
Estava com a mente no passado, porque tudo tem que aparecer em algum momento? Porque a Laura também quer resolver isso agora?
Enfim, deixei meus pensamentos de lado e tentar focar no agora.
O diretor estava basicamente terminando de falar, não falei literalmente nada a respeito do que ele estava falando, mas estava concordando.

—Foi ótimo ter a presença e confirmação de vocês, podemos conversar mais sobre isso em outra hora. Estão liberados, boa semana para vocês!

—Igualmente!— Arthur se levantou se ajeitando

Eu me levantei logo em seguida, meio atordoado. A conversa do diretor parecia um borrão, e eu só queria sair dali. Minhas mãos suavam um pouco, enquanto tentava me concentrar no presente, mas minha mente insistia em voltar para o que a Laura tinha dito mais cedo.
"Por que agora? Por que tudo ao mesmo tempo?" pensei, enquanto seguia Arthur para fora da sala. Ele parecia tranquilo, como se estivesse totalmente presente, mas eu ainda me sentia distante, preso nos meus próprios pensamentos.

— E aí, tudo bem? — Arthur perguntou, virando-se para mim enquanto andávamos pelo corredor.

— Sim, tudo tranquilo — menti, forçando um sorriso. Eu não queria que ele se preocupasse, especialmente depois de tudo o que já havíamos passado. Era o tipo de coisa que eu precisava resolver sozinho, ou pelo menos era o que eu pensava.

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