Barganha

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— Existem apenas dois mapas do Miraculous — explicou Marinette a Adrien, dando o primeiro passo para subir no navio. — Nós temos um. O outro está sob domínio de Hawkmoth.

Marinette suspirou profundamente, sentindo o peso de suas palavras.

— Então precisamos recuperar esse mapa das mãos dele — disse Adrien, cerrando os olhos e dando um soco determinado em sua própria palma. — Como ele conseguiu um dos mapas?

Marinette interrompeu a caminhada para encarar Adrien.

— Antigamente, meus pais eram os donos deste navio. Eles eram os guardiões dos Miraculous, entretanto, nunca foram portadores. Eles tinham os dois mapas dos Miraculous, que foram transferidos de geração em geração para os membros da minha família materna. Minha mãe fazia parte de uma linhagem de samurais. Nossa ancestralidade possui uma história entrelaçada até as raízes com a criação dos Miraculous. Com isso, eles seguiram o legado dos Cheng, protegendo o que era de mais sagrado no universo. — Marinette encarou os pés, sentindo uma onda de remorso inundá-la. — Hawkmoth era um pirata da época. Ele era jovem, assim como os meus pais. Ele tinha ganhado fama rapidamente entre os povos, como sendo um pirata indomável e inescrupuloso. Ele tinha tudo do bom e do melhor, desde o maior navio até as melhores armas. Hawkmoth não tinha tripulação. Andava sozinho. Mas, ainda assim, deixava um rastro impetuoso de destruição por onde quer que passasse. Um dia, esse rastro alcançou meus pais. Hawkmoth não tinha ideia da existência dos Miraculous até então. No entanto, na tentativa de derrubar esse navio, Hawkmoth travou uma batalha com os meus pais. Ele acabou levando tudo consigo. Tesouros, jóias, documentos, mapas...

Marinette engasgou com as próprias palavras, as mãos frias e suadas se esfregando na capa vermelha da azulada, a fim de espantar a ansiedade crescente em seu peito. Recontar aquela história era como uma viagem ao passado. Era como reviver tudo novamente.

Engolindo seco, Marinette continuou:

— Infelizmente, um desses mapas acabou sendo o que levava aos Miraculous. Por curiosidade, Hawkmoth seguiu o trajeto, sem saber para onde seria levado. Ele acabou chegando ao Vale das Mariposas, onde estava o Miraculous da borboleta adormecido. Hawkmoth matou, esquartejou toda e qualquer criatura que lá havia. Inclusive a mariposa rainha, a protetora do broche. Desse jeito, o caminho estava livre para que Hawkmoth sequestrasse o Miraculous da borboleta. Há décadas que ele o possui.

— E o do pavão...? — hesitou Adrien em perguntar.

Nesse instante, Alya subiu a rampa do navio, juntamente de Zoey e Lukka. Marinette esperou que os amigos passassem pelo corredor formado por ela e Adrien, antes que pudesse respondê-lo:

— O Miraculous do pavão... — repetiu ela, o tom de voz murcho e carregado. — Essa foi a mais recente aquisição de Hawkmoth. Não faz nem duas semanas que ele o achou no Jardim dos Sonhos Perdidos.

— Vão ficar de papo ou vão levantar essas velas? — interrompeu Alya com um berro, ao instante que a mesma alcançou o mastro do navio. — Se quiserem chegar no próximo Miraculous antes de Hawkmoth, temos que sair agora.

Dando razão à amiga, Marinette terminou de subir a grande rampa que levava os tripulantes da praia ao convés do navio. Adrien apenas seguiu seus passos, ainda interessado na conversa que há pouco havia sido pausada.

As velas foram erguidas, a portinhola foi fechada e a âncora foi resgatada do oceano. O barco começou a se mover à brisa forte da atmosfera, empurrando a água que ia contra seu sentido. O barulho das ondas da orla foi gradativamente diminuindo, indicando que a viagem ao além havia se iniciado.

Marinette observava a ilha se transformando em um mero ponto no horizonte, insignificante perto da imensidão azul que agora os cercava.

Ela amava aquele lugar. Não podia imaginar se algo acontecesse com a ilha, com a população. Marinette era a líder, e a azulada sentia o peso dessa responsabilidade como um elefante sobre as costas. Tudo o que ela fazia, era para o bem daquele povo. Não só os da ilha, mas de todos aqueles inocentes que moravam naquele país, naquele continente, naquele mundo. Ela tinha que salvá-los de Hawkmoth. Era o destino dela, o fardo que sua mãe havia passado a ela quando Marinette era apenas uma criança. Aquela expedição era mais do que uma questão de salvar o mundo. Era uma questão de honra, responsabilidade e vingança aos seus falecidos pais.

Andando Na Prancha | Miraculous Ladybug AUOnde histórias criam vida. Descubra agora