A Cidade Perdida

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O vento cortante dançava sobre o convés, carregando um cheiro pesado de sal e de perigo iminente. Marinette respirou fundo, os olhos fixos no horizonte, tentando acalmar a tempestade que se formava em sua mente.

一 Lançar âncora! 一 a voz da capitã cortou o ar com uma intensidade que ressoou pelas madeiras do convés.

Em questão de segundos, o pesado objeto de ferro desceu com um estrondo metálico, mergulhando nas águas e abrindo uma trilha de bolhas espumantes, até desaparecer.

Marinette se aproximou da proa, olhos fixos no ponto onde a âncora mergulhou. Sentia o frio da expectativa deslizar pela espinha. Era ali, naquele ponto preciso do oceano, onde o lendário reino de Atlântida deveria estar escondido.

一 Você esperava encontrar alguma coisa, Capitã? 一 a voz de Nino surgiu por trás, carregada de provocação.

Ele a observava com uma sobrancelha arqueada, os lábios curvados num sorriso desdenhoso.

Marinette ignorou a provocação, mas Adrien, sempre curioso, se apressou em juntar-se ao amigo, inclinando-se para espiar as profundezas, como se algum movimento ali fosse finalmente revelar o segredo. Alya, notando o interesse do grupo, se aproximou também, mas com um ar irritado no olhar.

一 Você realmente achou que os guardiões seriam tão idiotas? Que poderíamos apenas olhar para baixo e ver uma cidade submersa? ー debochou Alya, lentamente se juntando a eles e dando uma leve bisbilhotada no fundo do mar, só para garantir. ー Ora, esse é um dos esconderijos dos Miraculous, é claro que estaria cheio de encantamentos de proteção. Caso contrário, a marinha real com certeza já teria notado uma cidade afundada no meio do nada há muito tempo, não?

Nino bufou, lançando a ela um olhar de impaciência.

— Obrigado pela lição, senhorita sabe-tudo. — resmungou ele, mas Alya apenas sorriu com o tipo de satisfação reservada para aqueles que sabem que estão certos.

— Precisamos de um plano. — Marinette interrompeu o silêncio, seu olhar ainda perdido nas águas, embora sua mente já estivesse longe dali, buscando uma solução. — Alguma forma de chegar até lá e, além disso, de tornar a cidade visível.

Adrien e Alya trocaram olhares rápidos. Nino, por sua vez, olhava para o mar com descrença, quase como se a água lhe inspirasse a mesma confiança que uma superfície de gelo rachada: nenhuma.

Marinette forçava-se a pensar, mas, quanto mais buscava na mente, mais as soluções lhe escapavam, como areia entre os dedos. A pressão de estar à frente da tripulação, todos aguardando uma decisão, começava a pesá-la.

— Eu vou até lá. — as palavras escaparam de seus lábios antes que pudesse contê-las.

— Está maluca? — Alya arregalou os olhos, dando um passo à frente e segurando-a pelos ombros com força. — Estamos em alto-mar, Mari! Isso aqui não é a costa. Estamos em cima de uma cidade invisível, você entende isso?

Marinette respirou fundo, desviando o olhar, mas não antes de desafiar a amiga com uma expressão obstinada.

— E você, Alya, tem uma ideia melhor? Uma hora ou outra alguém terá que descer. — sua voz, firme, transmitia uma determinação que beirava a teimosia.

Alya suspirou, liberando-a com um leve empurrão, o rosto endurecido em resignação. Ela sabia que a amiga estava certa, e odiava isso.

Adrien observava a cena, o rosto dividido entre a preocupação e o impulso de se voluntariar para protegê-la. Queria protestar, mas sabia que ela não aceitaria; Marinette estava decidida, e ele sabia que não seria capaz de dissuadi-la.

Andando Na Prancha | Miraculous Ladybug AUOnde histórias criam vida. Descubra agora