8. Vovózinha.

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8.

Era manhã, mas uma manhã diferente das outras. Se antes eu estava tensa por acordar e ter que realizar um roubo, agora eu estava tensa por já ter roubado e só voltado para casa de manhã, saindo completamente do planejado. Ah, e nem sabemos se conseguimos as joias mesmo.

O sol tinha acabado de nascer, vi a alvorada junto de Dahyun, na moto, a caminho de Seul. Foi uma vista bonita e relaxante, mas de curto efeito. Ao estacionar a moto de Jungkook na frente da nossa casa, nós entramos uma após a outra com a Kim indo primeiro e eu em seguida.

Na fachada, um cheiro forte de perfumes doces misturados já podia ser sentido por nós duas, além de um calor que aumentava a cada passo. Um barulho estranho e numa certa altura também invadia nossos ouvidos, só não sabíamos dizer o que era de fato. Claro, eu reconhecia a voz, mas não entendia o que dizia.

Não demorou mais de cinco segundos para que todos os estímulos fossem explicados. O cheiro vinha da sala, assim como o todo o resto, e era causado por inúmeras velas acesas. Velas comuns, velas grandes e azuis, que consegui identificar que eram dedicadas a orixás, e velas perfumadas de marcas de cosméticos (aposto que Tzuyu ficou sem as comuns e decidiu acender qualquer uma). O calor também era causado pelas mesmas e o barulho causado pela boca de Tzuyu, que estava agachada num tapete e dizia algumas palavras firmes que pareciam seguir um caminho muito bem traçado.

— O que está acontecendo? – Pergunto, deixando a mochila cair do meu ombro cansado.

— VOCÊS CHEGARAM! – Tzuyu berra, alegremente. Levanta-se de supetão, faz um sinal cristão com os dedos no rosto e manda um beijo para o alto. – Graças aos Deuses!

— Amém! – Dahyun brinca, deixando a sua mochila cair também. – O que houve aqui?

— Estávamos preocupadas pela demora. – Jihyo explica, entregando-nos xícaras de um café recém preparado. Uma para cada. – A Chou pirou de vez e começou a orar para todo e qualquer deus ou entidade. Até rezou em latim, vocês ouviram?

— Ah, então era isso que você dizia sem parar? – Questionei, incrédula, entre um gole e outro. A menina assentiu, exausta.

— Podem julgar, mas aqui estão, certo? Nós ficamos muito preocupadas, cara!

— Posso ver... – Dahyun disse, observando alguém deitado no sofá muito confortável na própria posição. – Ela dormiu aqui para dar apoio moral na oração de vocês? – Apontou para Jeongyeon, que cochilava forte.

— Ela só estava com muito sono... – A mais velha justificou com um olhar desconfiado.

— ACORDA! – A Kim berrou no ouvido da Yoo, que por sua vez não teve a reação esperada. Apenas moveu a mão para as orelhas antes descobertas e grunhiu alguma reclamação baixinho. – A gente chegou, jardineira.

— Sana e Dahyun? – Jeongyeon perguntou ainda de olhos e ouvidos fechados. Nós assentimos. – Ei! Bom dia... – Falou num tom de voz mais amigável, mas ainda cansado e foi, aos poucos, levantando-se. – Por que a demora?

— Longuíssima história. – Respondi entre suspiros. – Eu preciso de um banho e de boas horas de sono.

— Não dormiram?

— Oh, eu dormi! – Dahyun respondeu, sorridente. – Estou tranquila quanto a isso, mas também preciso de um banho.

— Eu não estou entendendo nada... – Jihyo disse, analista. – Podem explicar ou...?

— Eu já sei. – Tzuyu começou, nervosa. – O roubo deu errado, né? As joias não estão com vocês, é isso? Pelo menos me digam que não foram pegas...

Agridoce, Plural & Fantasia | SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora