Capítulo XII - Empurrão do Destino

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     Estava a caminho do transportador, sentindo minhas mãos gélidas e minha mente repetindo incessantemente as coordenadas de Hessonita. Não sabia em que fase da colonização o planeta estava, nem que tipo de planeta era. Talvez fosse um planeta rochoso, perto de sua estrela; se assim fosse, a probabilidade de haver vida seria mínima e a necessidade de uma amazonita, menor ainda.
     Não conseguia me distrair, então comecei a olhar ao redor:
     Senti uma mistura de admiração e alienação. Homeworld é realmente um ótimo planeta. As ruas, passarelas e pontes sempre cheias de Gems levando informações, transportando recursos; as plataformas sempre ocupadas com o pouso e decolagens de naves e mais naves; de rubis a esmeraldas, todas cumprindo suas funções. Nosso Império é realmente sem igual! Todos sabem o que devem fazer, onde devem estar e quando devem estar. Menos eu… As ruas de Homeworld, sempre vibrantes com Gems de todos os tipos, pareciam agora um lembrete de quão deslocado eu me sentia.
     Quando finalmente cheguei ao transportador, hesitei. Dividido. Essa busca por respostas me tirava do propósito da minha existência. Por um lado, descubro a verdade sobre a Terra, pode ser que haja um grande mistério para ser resolvido que talvez seja crucial para colonizações futuras; por outro, posso ignorar isso tudo e voltar para a segurança do bom e previsível trabalho que venho realizando há  milênios para o Império.
     Mas não podia ficar parado ali, refletindo em frente ao transportador, o fluxo intenso de gems não me dava esse luxo. É difícil pensar em meio a tantos empurrões e olhares reprovadores.
     Optei por voltar. Não vale a pena seguir esses devaneios que talvez sejam a toa. Quando ia dar meia volta para o Complexo, fui empurrado para o transportador por um grupo de Sugilitas e antes que eu pudesse sair, elas o ativaram e eu tive de seguir com elas querendo ou não. Seria um sinal de qual caminho eu deveria seguir?
     As Sugilitas são fortes e imponentes, têm uma presença dominante em qualquer equipe de colonização. Designadas para operações de demolição, onde utilizam sua imensa força para destruir obstáculos naturais e preparar terras para futuras construções. Elas são essenciais na fase inicial de qualquer projeto de colonização, garantindo que o terreno esteja pronto para desenvolvimento e construção.
     De acordo com as coordenadas entregues por 6V, elas estavam a caminho de C3-29, o terceiro planeta do sistema estelar Zion recém descoberto por uma tropa de nefritas da Diamante Azul. Mas no meio das Sugilitas, eu parecia tão pequeno quanto um cascalho! Sendo apertado em todas as direções. A situação só piorava porque elas estavam em grupo, e todo mundo sabe como elas “se soltam” quando estão juntas. Elas riam, brincavam, faziam piadas umas com as outras… isso entre muitos soquinhos e empurrões.
     Percebi um burburinho entre as Sugilitas quando minha presença se tornou conhecida. Uma troca rápida de olhares foi suficiente para que eu soubesse que eu era o assunto. Rapidamente todas pararam de me comprimir. Então, agradeci enquanto desamassava minhas roupas. Mas logo elas voltaram a cochichar: “pergunta você! Não, pergunta você!”
– Ai, minhas estrelas! Me perguntar o quê? - interrompi a murmuração
– Você não vai falar pra Hessonita, vai?
– Como assim? Falar o que pra Hessonita?
– Que nós estávamos brincando e não notamos sua presença - ela respondeu olhando para baixo, com as sobrancelhas franzidas
– Não, aliás_ - eu mal terminara de falar e elas já começaram de novo com os empurrões e apertos

     Foi uma longa viagem de transportador, os 20 minutos mais longos da minha existência.

     Quando finalmente chegamos lá, nos deparamos com um cenário caótico e turbulento:

Uma guerra civil Gem

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