04 - Quadro.

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Sofia Martin.
Todas as vezes que me relacionei com alguém, meus pais se preocupavam em como o menino ficaria mentalmente depois. E eu não ligava muito pra isso. Mas com Daniel, ele parece quietinho e tímido. E deve ser por isso que minha cabeça pensa em diversas formas diferentes de como ele deve ser na cama mas consegue se equilibrar em como deve ser passar uma tarde com ele conversando sobre qualquer besteira. O relógio marcava dez e meia, e eu me sentia adolescente novamente no primeiro encontro. Esperava ansiosamente qualquer sinal de que ele havia lembrado do nosso passeio hoje a noite. Ate ouvir pedrinhas na janela.

- Pedrinhas? sério? - Falei para o garoto que estava no jardim da casa, baixinho para não acordar ninguém.

- Desce logo. - Ele falou sorrindo. - Eu vi isso em um filme.

- Era só você ter entrado pela porta normal. - Falei passando pela janela, que era baixa o bastante para pular. - Você é filho do padre.

- Assim é mais emocionante! pula, eu te pego.

- Daniel, isso aqui não tem nem um metro. - Falei rindo do seu nervosismo. Estava claro que o garoto nunca havia feito algo assim e eu me sinto culpada, mas gosto da sensação de que ele tá fazendo isso comigo, pela primeira vez.

- Você é estraga prazeres! - Ri antes de pular a janela próxima ao chão e o mesmo me segurar. - To tentando fazer com que você fique impressionada no tanto que eu posso ser aventureiro.

- Que herói! - Ele sorriu. O garoto estava diferente. Durante o dia, Daniel aparentava ser mais uma figura responsável, madura. Já agora, aqui, apenas nos dois, ele tinha uma imagem brincalhona, mesmo usando roupas formais até em uma fuga. - Mas você tem cara de aventureiro, se isso te deixar feliz.

- Não escuto muito isso. Dizem que eu tenho cara de filhinho de papai. - Ele falou fazendo bico.

- E tem mesmo, só queria te deixar feliz. - ele riu. - Uma mentirinha as vezes faz bem.

- Você voltou a usar suas roupas. - Reparou. Eu usava uma mini saia jeans, com uma camisa branca e uma jaqueta de couro falsa, por causa do frio.

- Você gostou? - Rodei igual uma princesinha. - Não tenho mais roupa pra esses dias e nem pra uma fulga com o filho do padre, ainda não pensei numa roupa para esse evento.

- Fica mais você, continua linda. - O garoto serviu sua mão como apoio a mim, já que o caminho estava cheio de pedras.

- Eu também acho, gosto de me vestir assim. - Falei segurando sua mão que me guiava pelo caminho. - E você continua lindo com sua bela polo preta.

- Na minha defesa, eu estava na faculdade.

- Esforçado, meu tipo!

- Eu imaginei. Dava tempo de trocar a roupa, mas queria lhe informar que estava na faculdade estudando. - Ele indicou na cabeça como se fosse um gênio.

- Tenho certeza que você foi para faculdade só pra isso!

- Para lhe dizer depois que fui para faculdade?

- Exato!

- Você acertou em cheio. - Ele bateu palmas como um show de perguntas valendo dinheiro. - Você primeiro. - Abriu a porta do carro.

- Aonde vamos? - Perguntei curiosa, entrando no carro do garoto.

- É surpresa!

- Não vai me sequestrar, né?

- Acho que não preciso disso, aqui entre nós - Falou dando partida no carro.

- Convencido! - Rimos em uníssono. Tem muitas coisas que podemos descrever quando gostamos da companhia de alguém. Geralmente as pessoas dizem que isso é amor. Mas eu acho que gostar da companhia de alguém é melhor. Quando você ama, se obriga a gostar dos momentos do lado de alguém, por isso existe dependência emocional. Mas quando só gosta, e aquela pessoa te faz rir de qualquer bobeira, ou faz você gostar de um tipo musical, ou notar como o céu tá bonito naquela noite ou até pensar que a vida não é tão ruim assim; é gostar da companhia de alguém, e isso é um dos fatores do amor. Isso tem que vim primeiro e o amor depois. Não que eu o ame, mas gosto da sua companhia.

Oitavo pecado capital. - Daniel Marques Onde histórias criam vida. Descubra agora