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Oblívio

É um coração abandonado. É o sentimento de te procurar infinitas vezes sem resposta. É um grito no vazio. É saudade em corpo frio. É a falta da própria falta. É brindar sozinho num bar. É a sentença no final da existência.

✭🈚

POV: chico.

Despertei-me pela noite, por volta das 19 horas. Isso se tornou comum, eu acabo dormindo cedo, geralmente em uma mesa, e acordo pela noite, ou até mesmo pela madrugada. As bitucas de cigarro no cinzeiro e as garrafas de vinho no chão mostram a real situação que vivo. O meu divórcio ocorreu faz um ano, e desde então eu faço um enorme esforço para mostrar que estou ótimo, o que claramente não é verdade.

De vez em quando sai nas revistas: Chico Buarque é visto com atriz famosa.
Marieta se incomoda com isso? Ou será que não liga? Será que ainda me ama?

Me preocupo com minha aparência, de como sairei nas fotos e no que falarão sobre mim. E acaba que no fim eu até gosto de ficar sozinho, não vejo muitos problemas nisso, mas de qualquer forma eu sinto falta das meninas.

Toquinho me convidara mais cedo para viajar com ele. Disse-me que iremos ficar hospedados na casa de Tom Jobim por alguns dias. Também disse que alguns cantores já estão lá, como: Vinícius de Moraes, Maria Bethânia, Gal Costa, Gil, Caetano Veloso e vários outros. Não quero ir, não apenas porque gosto de ficar em casa, mas também pelo Caetano. Há alguma coisa com ele que mexe comigo, não sei se por quase termos nos beijado uma vez, ou se... Bom, não tem outro motivo.

Não sei se quero fazer essa viagem, estou muito bem em casa, não quero sair, não quero ver ninguém.

Levantei da cadeira e fui até o banheiro, lavei meu rosto com a água fria da torneira. Coloquei minhas pantufas e desci até o andar de baixo. Eu procurava alguma coisa para comer, era difícil ter algo saudável, pois eu tenho preguiça de ir ao mercado muitas das vezes.

Peguei uma maçã e voltei ao andar de cima, agora fiquei na sacada.
Vi Toquinho chegar.

- ABRE PRA MIM ! - Gritou lá de baixo.

- Porra, eu acabei de subir !. - Gritei de volta.

Desci as escadas novamente e abri a porta para Toquinho entrar. Ele estava com os cabelos molhados e um perfume forte. Entrou e me deu um abraço.

- E aí, você vai ir ou não?

- Não. - respondi.

- Não é o caralho ! Chico, você tá há meses mofando nessa casa. Por favor, vamos, eu nunca pedi nada a você, o que custa viajar comigo? Anda, vamos.

- Por que insiste tanto?

- Me preocupo com você, faz muito tempo que não vejo você em festas, nem em bares você está indo.

Dei de ombros e dei uma mordida na maçã. Eu não queria ir, eu gosto de ficar em casa.

- Ah, tudo bem, tudo bem. Vamos então.

Toquinho abriu um sorriso enorme, deu um tapinha em minhas costas e bagunçou meus cabelos. Parecia que tinha ganhado na loteria. Ele me ajudou a arrumar as minhas malas enquanto eu me arrumava.

Pus uma blusa de gola alta com uma calça jeans preta. Usei também um cinto de couro e um all star. Arrumei meus cabelos e logo fui para a sala, onde Toquinho estava com minhas malas.

- Bora? - disse, se levantando do sofá.


Chegamos ao Rio, na imensa casa de Tom Jobim. Quando entramos, vimos pessoas subindo e descendo escadas, preparando a casa para o que parecia ser uma festa.
Assim que Tom nos viu, correu para nos cumprimentar. Ele estava arrumado, parecia ter recém saído de seu banho.

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