IX

269 24 240
                                    

alma gêmea.

é quem respira o seu silêncio e se encanta com a sua voz. é quem tem o timbre do seu peito na ponta da mão. são duas pessoas que tomam sorvete à tarde e toda noite é lua de mel. é um corpo que se gruda no outro por inércia do amor. é se sentir inteiro mesmo ao se ver num espelho quebrado. não é alguém "feito pra você”. é alguém que "faz você querer ser o melhor de si". ainda imperfeito, ainda errado, mas feliz.

     ✶

Chico continua virado para o sol e fecha os olhos, recebendo os raios na pele bronzeada. Caetano observa o movimento e sorri.

Toquinho abre mais uma garrafa de cerveja, servindo-se em um copo plástico. As olhadas permanecem na face do carioca, o baiano se mantém vidrado em sua beleza. Chico logo percebe e olha para Caetano. Um sorriso desconcertado se forma em seus lábios, fazendo seu amado sorrir de volta.

Toquinho percebe o clima entre os dois, então não diz nada. Caetano levanta da areia e beija o rosto de Chico.

— Eu sei o que tá te faltando.

Chico o olha nos olhos, confuso.

— O que tá me faltando, hein?

Toquinho ri, observando a interação entre os dois. Caetano o pega pelas mãos e o puxa até o mar.

— Um banho de mar! Cê tem que limpar toda essa energia negativa.

Chico ri do gesto do baiano.

— Você sabe que eu não acredito nessas coisas

Caetano sorri e leva Chico até a orla, onde as ondas quebram calmamente.

— Só confia em mim, benzinho!

Chico deixa o baiano puxá-lo, rindo da insistência dele em tentar lhe animar.
Eles caminham alguns passos pela beirada da água, com o sol batendo em suas peles. As ondas batem delicadamente contra seus pés, trazendo uma sensação refrescante.
Caetano continua puxando o carioca, empolgado.

Chico leva a mão à cintura e tira as roupas, ficando apenas de sunga. Caetano tira a camiseta e os chinelos, já entrando na água mais rapidamente. O carioca ri e entra na água, seguindo atrás de Caetano.

O baiano dá um mergulho, sumindo na superfície e reaparecendo segundos depois. O cabelo molhado cai sobre a testa, e Chico não deixa de rir. Buarque continua de pé na água, sentindo a brisa salgada contra a pele. Caetano se aproxima e coloca as mãos sobre os ombros do carioca, se apoiando.

— Está mais animado agora, não tá? — Caetano pergunta, encarando Chico.

Chico ri, olhando para o baiano.

— Sim, tô me sentindo melhor. Obrigado, meu baiano.

Caetano leva as mãos ao rosto do moreno e afasta alguns fios molhados de seu rosto, mantendo um olhar intenso.

— "Meu baiano"? — Ele repete com um sorriso largo no rosto.

Chico percebe o que disse e ri, envergonhado.
— É, meu baiano.

Caetano se aproxima mais do carioca, sua cintura quase encostando na dele.

— Faz um tempo que não escuto isso...

Toquinho observa a cena na areia, bebendo mais um pouco de cerveja. Caetano continua a encarar Chico de perto, parecendo mais pensativo. Um silêncio confortável paira entre eles, apenas quebrado pelo barulho das ondas que se chocam no fundo do mar. Chico olha para o sol se pondo no horizonte e depois volta a atenção para Caetano. Seu rosto ganhou tons com a luz alaranjada que o sol reflete no mar. 

solitudeOnde histórias criam vida. Descubra agora