capítulo nove. ✭

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a quinta-feira passou como um jato e não teve absolutamente nada relevante. minjeong quase não falou comigo e aeri fez as mesmas piadas, como todos os dias. tentei o máximo não lembrar o caso da número quinze, mas foi impossível. aquilo ficou importunando minha cabeça o dia inteiro. eu até perguntei para o guarda que me tirou da sala aquele dia se ele sabia de algo, mas ele se enrolou todo e acabou sem responder nada.

e, quando vi, já era sexta-feira novamente. comecei o dia já agradecendo, pois ia sair desse lugar hoje. a semana passou tão rápido que eu nem tinha o que dizer sobre isso. daqui a pouco estaríamos em junho, mês do meu aniversário.

fiz tudo o que tinha que fazer na parte da manhã: tomei banho, coloquei a roupa, escovei os dentes, tomei café, peguei o café de minjeong e vim até o corredor do medo.

abri a porta, vendo minjeong fazendo flexões no chão. quis babar ao ver aquilo. a loira estava de calça de moletom e top, cabelos presos a um coque e o corpo suado, indo pra cima e pra baixo em um ritmo rápido. seus músculos do braço estavam à mostra, mesmo tendo um braço bem fino. fechei a porta e ela parou, sentando-se no chão e olhando para mim.

- bom dia. - falei - resolveu ser fitness? - perguntei, entregando seu café. ela deu de ombros, bebendo um pouco de água.

- não. tenho que fazer uma sequência de exercícios diariamente. - falou, comendo uma torrada - normalmente faço quando você não está aqui.

- tem vergonha de mim? - perguntei e ela negou com a cabeça.

- não me sinto confortável.

- só finja que não estou aqui. eu nem olho para você. - falei e ela olhou para mim com se soubesse que eu estava mentindo.

- não, obrigada. - mordeu a goiaba que tinha em mãos - prefiro quando estou sozinha mesmo.

- ok. você que sabe. - falei inocente.

depois de um tempo, minjeong terminou o café da manhã, indo ao banheiro, jogando o pote no lixo e começando a tomar banho em seguida. enquanto isso eu tinha meus fones de ouvido - que dessa vez eu lembrei de trazer - escutando alguma música para mim. sorri, fechando os olhos e batucando os dedos no chão, de acordo com a melodia da música.

pela primeira vez naqueles dias eu tinha esquecido qualquer tipo de problema, mesmo que por um curto período de tempo. senti um frio na barriga gostoso e abri os olhos, vendo minjeong me olhando, dessa vez com um sorrisinho no rosto. tirei um dos fones, ainda olhando para a menina, e perguntei:

- o que? - ela logo tirou o sorriso do rosto, relaxando os ombros.

- nunca mais escutei alguém cantar. é interessante. - falou e eu levantei as sobrancelhas.

- sério? - ela assentiu.

- sim. desde que entrei aqui, tudo o que ouço são os barulhos das paredes. e agora sua voz. pelo menos cantando ela não é tão irritante quanto falando. - cerrei os olhos e a garota sentou-se em minha frente.

- e por que você não canta? - perguntei ignorando sua alfinetada.

- não me lembro de quase nenhuma música. a maioria das coisas que lembro são melodias. letras mesmo são poucas. além de eu nunca praticar. - falou tudo com pausas.

- você poderia tentar, o que importa é o sentimento.

- isso é ridículo. - falou e eu ri.

- eu sei. - ela se levantou, indo até sua cama e deitando-se na mesma - não vai mesmo tentar?

- não. - minjeong ficou olhando para o teto por um tempo, até voltar a falar novamente - falou com sua amiga? - perguntou sem olhar para mim.

- não. - resmunguei e minjeong, por sua vez, olhou para mim.

Monster | WinrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora