Novo uniforme.

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                       Helena Campos.

Viro para um lado, viro para outro, tiro o cobertor, me cubro com o cobertor, estico os braços..

- Aii!- Me assunto e acordo.

Olho pro lado e vejo o Daniel com a mão no rosto e com os olhos inchados de sono.

- Desculpa!- Passei a mão no seu rosto.

- Você não para quieta na cama.- Ele me dá um selinho.

Dá pra acreditar? Eu acordei na cama do filho do padre, eu dei pro filho do padre, eu perdi minha virgindade com o filho do padre.

E meu pai achando que eu ia virar gente.

- Que horas são?- Perguntei coçando os olhos.

- Dez pras nove.- Disse calmo.

Após três segundos raciocinando, nos olhamos e pulamos da cama.

- Ai meu Deus, essa hora todos estão de pé.- Ele veste a blusa.

- E agora? E se me virem saindo daqui?- Peguei meu vestido também.

- Eu vou na frente, chamo todas as meninas para o café da manhã e então você vai pro quarto.- Falou.

- Certo.- Eu falo.

Ele termina de colocar a calça e me dá um selinho, saindo do quarto.

Olho pela pequena abertura da porta, colocando a cabeça pra fora pra olhar o corredor, ouço vozes altas então coloco a cabeça pra dentro do quarto e fecho a porta. É possível ouvir os passos das meninas passando pelo corredor, espero tudo ficar em silêncio e olho novamente.

- Seja o que Deus quiser.

Perai, por que eu disse isso?

Balancei a cabeça em negação e abri a porta, sai do quarto e fechei a mesma devagar, então fui correndo para o meu quarto e quando entro fecho a porta.
As meninas não estão aqui, as camas então arrumadas e o quarto organizado, deito na minha cama suspirando, raciocinando o que tinha acontecido ontem, logo dou uma risada.

Fui até a mala que ainda não desfiz e olhei pra mesma, só vendo roupa de piriguete, pego uma por uma analisando, escolho a menos pior e coloco. A menos pior é um vestido preto colado, faço um coque no cabelo e desço. Todos estão na mesa, claro, inclusive o Daniel.

- Bom dia.- Falei sentando ao lado da Sara, que guardou um lugar pra mim.

- Bom dia!- Todos respondem em coral.

- Acordou tarde, Helena?- A loira insuportável pergunta me encarando na alma.

- Foi sim, passei a noite acordada.- Falei olhando pro Daniel.

Ele engole seco dando uma risada ladina.

- O Daniel também acordou tarde, né? Normalmente acorda primeiro que todas.- E a loira continua falando.

Vou voar na cara dessa vagabunda.

- E você é o que? O despertador humanoide? - Perguntei sem paciência.

Ela abriu aquela boca mas antes que ela jorrasse merda por ela, um homem entra no refeitório. Pela vestimenta dele, com certeza é o padre.

Todos se levantam e ordem, eu faço o mesmo, depois formam uma fila e de um a um pedem benção, que satisfatório. Na minha vez, não sabia nem como agir e nem o que falar, a Sara tava atrás de mim então eu ia passar vergonha primeiro que ela.

- Benção padre?- Falei estendendo a mão.

- Deus te abençoe, minha filha.- Ele segura a minha mão com as duas mãos dele.

O Filho do Padre | Daniel Marques Onde histórias criam vida. Descubra agora