prazer, fi do padre

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Aqui estou eu, dentro de um carro indo pra um colégio religioso do outro lado da cidade. Eu não sei onde estou me metendo mas pelo menos a Sara vai junto comigo. Eu nem acredito que o pai dela deixou, por mais que eu saiba que ele é bem liberal e tal, mas, é um colégio interno, vamos morar em um tipo de igreja. Pelo menos eu acho que é assim.

Eu fui na igreja alguma vezes quando eu era pequena, eu nunca quis ir, me obrigavam na verdade. Falavam que eu era uma criança estranha e que eu precisava de Deus, isso deve ter feito com que eu tomasse trauma e angústia desse tipo de coisa. A Sara é católica, ela sempre vai a missa ou leva a bíblia para alguns lugares, ela fala de Deus pra mim e de várias outras coisas com qual não entendo.

- Amiga? - Saio dos meus pensamentos quando vejo a Sara estalar os dedos em frente meu rosto.

- Ah, oi.- Falei olhando pra ela.

- Tá pensando em que? Tá olhando pra fora da janela a uma tempão.

- Em como vou fugir de lá.- Falo e rio.

Sinto meu pai me olhar pelo retrovisor.

- Não deve ser tão ruim.- Disse a loira.

- Não pra você que é devota.

- Eu vou estar lá, creia em mim.- Bateu nas minhas costas.

- Chegamos.- Meu pai diz.

Ele dá uma curva e podemos ver uma casa enorme de grande, parece um palácio. É branca e tem uma igreja ao lado, praticamente colada na casa.

É bem bonito.

- Eu não posso ir até lá com o carro, então, vou deixar vocês aqui e vocês só seguem reto e entram.- Meu pai abre a porta e sai do carro.- Eu já falei com a madre e com o padre, então te esperando de braços abertos.

- Tem quantas pessoas ai? - Perguntei quando ele abriu a porta pra que a gente saísse do carro.

- Não sei, não muitas, e são só garotas. Única figura masculina que tem por aí e o padre e o filho dele.

- Vamos ficar aqui a semana toda? - Sara pergunta abraçando a mochila.

- Menos nos fins de semana, vocês tem a opção de ir pra casa e retornar na segunda.

- Certo.- Falei olhando pra ele.

- É uma experiência nova, qualquer coisa pode pedir pra madre ligar que eu venho.- Ele me abraça.- Eu te amo filha, espero que essa tenha sido uma decisão correta.

Se afastou de mim e entrou no carro.

- Tchau Sara, por favor, se comportem.- Falou por fim e deu partida.

- Estamos num colégio interno.- Falei parada olhando pra ela.

A única coisa a nossa frente é o casarão enorme, atrás da gente é uma estrada longa que não acaba nunca, e ao lado é mato, estamos em meio a floresta.

- Isso é pra você nunca mais bater na cara de alguém.

- Você sabe o porquê eu bati.- Revirei os olhos.

- Vamos.- Ela segurou minha mão e seguimos.

Minha mala faz barulho ao passar pelo caminho de pedras, a Sara trouxe uma mochila enorme ao invés de uma mala. Andamos até chegar na porta, uma porta de madeira gigantesca,

- Quem bate? - Sara perguntou.

- Eu não!

- Você sim! Estamos aqui por sua causa.

- Isso não vale, essa casa me dá medo.- Me encolhi.

- Mas você vai ter que bater, não vamos passar a tarde toda aqui. - Sara disse.

O Filho do Padre | Daniel Marques Onde histórias criam vida. Descubra agora