Criança assanhada.

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- Mas o que está acontecendo aqui!!

Levantei assustada com essa voz nos meus ouvidos, a voz do meu pai, ele está parado no pé da cama me olhando e gritando, olho pro lado e vejo o Daniel dormindo de boca aberta. Espera, não é só meu pai que está aqui, também o padre e a madre com qual eu nunca vi na vida, então me olhando com desgosto e me xingando.

- Daniel!- Cutuco ele, mas nada de ele acordar.

- Que coisa feia!- A madre berrava.

- Você deveria se envergonhar!- O padre.

- Não acredito que você está na cama deste homem!- Meu pai subiu na cama e voou em cima de mim.

- Bia!- Sinto meu corpo chacoalhar.

Abro os olhos e me levanto acelerada, olhos pros lados e vejo o quarto vazio, só vejo o Daniel.

Era a porra de um sonho?

- Mulher, você ta bem?- Ele pergunta com a mão no meu ombro.

Olho pra mão dele, depois olho pra ele e começo a chorar, as lágrimas simplesmente descem pelo meu rosto sem controle, eu só tenho vontade de chorar e não consigo parar. O Daniel arregala os olhos e depois senta em minha frente, segurando firme os meus ombros.

- Lena, o que aconteceu? Você teve um pesadelo?

Ele pergunta mas eu não respondo nada, só choro e choro e choro, eu não sei porque diabos eu to chorando, eu talvez eu saiba, não sei.

- Calma, não é real. Eu sou real.- Ele me abraça.

Respiro fundo nos seus braços e logo começo a soluçar, as lágrimas começam a parar de cair e minha respiração fica mais leve. Seguro sua blusa com força pra mim o impedido de sair do abraço.

- Você acha que sou uma vagabunda?- Perguntei baixo.

Não responda.

- Rapaz..

Ele solta dos meus braços, ficando de frente pra mim de novo me olhando nos olhos.

- Nem responda.- Falei com medo da resposta.

- Eu não te acho uma vagabunda, por que eu acharia?

Ele não acha?

- Porque eu literalmente me joguei pra você, estamos nessa porque eu insisti, eu só não sei o por que estou fazendo isso ou por que ele estou fazendo mas me parece errado.- Abaixei a cabeça.

Ele levanta minha cabeça com o dedo no meu queixo.

- Você não é vagabunda por isso, e eu to aqui porque eu quis. Você é encantadora Helena.

Sorri fraco.

- Claramente não resistiu ao meu charme, e veio atrás de mim.- Ele diz e eu reviro os olhos.- Então eu não resisti a você e então cedi. Não é errado se os dois queremos.

Sorri pra ele e o abraço de novo.

- Vamos conversar?- Falei ainda no abraço.

- Conversar?- Ele perguntou.

- Normalmente não temos tempo pra isso, e quando eu venho aqui a gente só faz sexo e eu vou embora.- Sai do abraço.- Me fala sobre você.

Ele me olhou por um tempo antes de me responder.

- Meu nome é Daniel, tenho 22 anos, sou filho do padre, mas na real eu fui adotado por ele..

Perai, o que?

- Ei, eu não sabia disso.- O interrompo.

- Isso o que? Que meu nome é Daniel.

Brincou.

O Filho do Padre | Daniel Marques Onde histórias criam vida. Descubra agora