thirteen

41 5 0
                                    

Hoje, Sawako não veio à escola, e sua ausência deixou um vazio estranho em meu dia. Aiya, com seus olhos penetrantes, me observava de longe, mas não proferiu uma única palavra. Sua presença silenciosa era como uma sombra fria contrastando com o calor do sol.

Quando a última aula terminou, guardei minhas coisas e esperei pacientemente, como de costume, até que a sala se esvaziasse. O céu noturno estava adornado com estrelas cintilantes, e eu me perdi em pensamentos, até que uma sensação familiar de alguém tocando meu ombro me trouxe de volta à realidade.

— Observando as estrelas? — Mitsuya perguntou, com um sorriso que refletia o brilho das constelações.

— Sim, o céu está particularmente inspirador hoje. — Respondi, compartilhando seu sorriso.

— Então, pronta para ir?

— Ir para onde? — indaguei, confusa.

— Apresentar você às minhas irmãs, lembra? — Seu sorriso iluminou a noite, e por um momento, esqueci de todas as minhas preocupações.

— Ah, claro! Estou ansiosa para conhecê-las. — Disse, disfarçando minha surpresa.

Mitsuya liderou o caminho enquanto eu tentava acalmar meu coração acelerado.

Deixamos a escola para trás e começamos a caminhar. Eu imaginava que ele viria de moto, mas ali estávamos nós, a pé.

— Você mora perto daqui? — perguntei, buscando uma conversa casual.

— Não exatamente, mas é uma caminhada agradável. — Ele respondeu, sorrindo como se a jornada fosse uma aventura que ele mal podia esperar para compartilhar.

Como ele estaria daqui a doze anos? Será que seus sonhos se realizariam?

— Mitsuya, onde você se vê daqui a doze anos? — A pergunta escapou antes que eu pudesse contê-la.

— Uma pergunta inesperada, mas espero estar vivendo meu sonho. — Ele disse, com um olhar distante.

— Isso é incrível! — Exclamei, tentando esconder a turbulência de pensamentos em minha mente.

Havia algo estranho no ar, uma sensação que me fazia querer estar mais perto de Mitsuya.

O vento frio soprava pelas ruas movimentadas de Shibuya, mas não era suficiente para me fazer tremer.

— No que está pensando? — Mitsuya interrompeu o silêncio, sua voz tão suave quanto a brisa.

— Suas irmãs vão estranhar meu rosto? — brinquei, mantendo o tom leve.

— De forma alguma! Elas são muito receptivas. — Ele garantiu, com um sorriso que me fez sentir esperançosa.

Sorri, animada com a perspectiva de passar a noite conhecendo mais sobre ele. Mitsuya tinha uma resiliência que eu admirava.

Continuamos a caminhar, e a distância parecia diminuir à medida que conversávamos.

A casa de Mitsuya era acolhedora, modesta e convidativa.

— Minha mãe acabou de sair, e as meninas devem estar no quarto. — Ele disse, abrindo a porta com um sorriso.

Respirei fundo, preparando-me para conhecer novas pessoas, crianças que poderiam me julgar à primeira vista.

Mitsuya chamou por Mana e Luna assim que entramos. Segui-o timidamente, ouvindo o som de passos apressados e risadas infantis.

— Elas são sempre tão cheias de vida? — perguntei, enquanto as risadas se aproximavam.

— Sempre. Elas têm uma energia inesgotável. — Ele riu, e eu senti o carinho em sua voz.

As meninas surgiram no corredor, duas versões miniaturizadas de Mitsuya, com cabelos distintos. Elas hesitaram, me avaliando com a pureza típica das crianças.

— Essa é a amiga que você mencionou? — A mais velha perguntou, sua curiosidade evidente.

— Sim, essa é ela. — Mitsuya me apresentou. — Ela também é uma admiradora das estrelas, como vocês.

As meninas sorriram e se aproximaram, uma delas segurando minha mão.

— Quer ver nosso quarto? — A mais nova perguntou, seus olhos brilhando de entusiasmo.

— Com prazer. — Respondi, sentindo uma onda de alívio. Aquela noite poderia ser o início de algo especial.

Por um instante, todas as minhas inseguranças se dissiparam, substituídas pela simplicidade daquele momento.

— Evangeline, essas são Mana e Luna. Meninas, essa é Evangeline. — Mitsuya fez as apresentações.

— Seu cabelo é lindo! — Mana exclamou, segurando minha outra mão.

— Obrigada! Você também é muito bonita! — Respondi, sorrindo para ela.

As meninas me puxaram pelo corredor, ansiosas para mostrar seu mundo particular. O quarto delas era um santuário de imaginação, com paredes adornadas por desenhos de estrelas e planetas.

— Nós desenhamos tudo isso! — Luna disse orgulhosamente, apontando para as constelações que elas haviam criado.

— É maravilhoso! Vocês são verdadeiras artistas. — Elogiei, genuinamente impressionada.

Mana puxou uma caixa de lápis de cor e papel.

— Quer desenhar conosco? — ela perguntou, seus olhos brilhando com a oferta.

— Adoraria. — Respondi, sentindo-me como uma criança novamente.

Enquanto desenhávamos juntas, Mitsuya observava, um sorriso terno em seu rosto. Ele se juntou a nós, e logo estávamos todos rindo e compartilhando histórias.

A noite se desenrolou com uma facilidade surpreendente, e eu sabia que aquelas memórias ficariam comigo para sempre. Era uma sensação de pertencimento que eu não sabia que estava procurando, mas agora que havia encontrado, não queria deixar escapar.

— Você é realmente boa nisso. — Mitsuya comentou, admirando meu desenho.

— Você acha? — perguntei, lisonjeada.

— Sem dúvida. — Ele afirmou, e eu pude ver a sinceridade em seus olhos..

Um Olhar de ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora