CAPÍTULO 04

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Ainda não estava acreditando no que meus olhos estavam enxergando. Este homem sempre aparece na TV e nos jornais dando dicas de como crescer com seu próprio negócio.

— Olá, Anastacia, tudo bem?

— O-oi, tudo bem. Que prazer tê-lo aqui na minha empresa, Senhor Mário.

— Apenas Mário, por favor.

— Certo, vamos para a minha sala, por favor. Paulo, prepare um café. — Estou nervosa com a presença dele. — Sente-se, por favor. Em que devo a honra da sua presença em minha empresa?

— Bom, creio que já me conhece pela sua reação, mas vou me apresentar adequadamente. Meu nome é Mario Faschini, sou professor de economia e dou aulas para grandes e pequenos empreendedores. Sou formado na Universidade de Harvard e em algumas outras faculdades também. O motivo da minha vinda até a sua empresa é para te ajudar a aumentar o lucro nesta empresa. Um grande amigo me disse que você precisava de um pequeno empurrão, e estou aqui para te ajudar.

— Realmente, estou sem palavras para agradecer o quanto se disponibilizou para me ajudar. Mas, realmente, minha empresa não está em um momento bom. Estou com um lucro baixo para ter que pagar por suas aulas.

— Senhora Anastácia, não estamos aqui para falar sobre dinheiro, até porque o Senhor Fernando já pagou pelas aulas durante 03 anos.

— 03 anos?! — Estou perplexa com o valor que esse cara gastou pela minha empresa.

— Sim, o que acha de agendar um dia para você estar indo à minha empresa, conhecê-la, poder ver quais os pontos baixos e pontos que devem ser melhorados e também participar das minhas palestras que tenho com os empreendedores?

Aceitei a proposta, conversamos mais um pouco sobre algumas outras coisas e nos despedimos. Acompanhei-o até o elevador, minha visão escureceu por alguns segundos, senti tonturas também e escutei alguém me chamando de longe. Não conseguia distinguir quem era, quando vi que ia cair, senti alguém me segurando e era o Paulo.

— Anastácia!

Paulo me carregou até a sala e me deitou no sofá.

— O que aconteceu? Ele fez algo?

— Não, ele não fez nada. Eu não tomei café da manhã, me arrumei e vim direto pra cá. Creio que deve ter baixado minha pressão. — Paulo foi até a geladeira e pegou uma barra de cereal. Aos poucos fui me recuperando e consegui me levantar.

— Obrigada por me ajudar.

— Este é o meu serviço.

— Ainda não estou crendo no que os meus olhos acabaram de presenciar: um dos melhores professores de economia dentro da minha empresa. Levantei e fui em direção à minha mesa.

— Realmente levei um susto quando vi ele. Peço perdão por assustar você, não foi minha intenção.

— Não tem problema, já estou bem. Virei e olhei para ele. — Sabe o que é estranho? É que aquele cara que veio aqui, o tal Fernando, ele pagou pelas minhas aulas por 03 anos. Você tem noção do valor gasto por 03 anos?

— E por qual motivo ele pagaria tudo isso para você?

Me joguei na cadeira.

— O interesse desse Fernando não é em mim, é na empresa. Ele tem cara de ser um daqueles típicos homens que fazem o que estiver ao alcance dele e o que eu não estiver, ele pula para alcançar. — E pode ter certeza de que esse pulo não é da maneira mais civilizada.

— Ele não é confiável.

— Eu sei. — Disse com um sorriso de lado. — Quero ver do que ele é capaz.

— Anastácia, você está ouvindo o que está falando? Você quer por alguém que não é confiável e que claramente pode te passar uma rasteira.

— Não, se eu for mais rápida do que ele.

— Do que está falando?

— Calma, fique tranquilo, está tudo sob controle. Agora, deixe-me trabalhar.

Minha cabeça está passando um bilhão de coisas ao mesmo tempo e eu não sabia o que fazer. Mas uma coisa é certa: ele não vai me enganar. Cheguei em casa, me sentei na poltrona, tirei meu salto e senti o alívio nos meus pés enquanto fazia massagem.

— Oi, minha filha, não te vi chegando.

— Oi, Nana, cheguei faz pouco tempo.

— Você saiu correndo, menina, e nem tomou café da manhã. Jante pelo menos.

- Sim, Nana, pode pôr o jantar na mesa hoje, foi um dia cansativo para mim. — Subi até meu quarto para tomar um banho e olhei para o porta-retrato onde tinha fotos dos meus pais. Sinto muito por ter decepcionado vocês, sinto muito pai por não ser forte o suficiente para manter a sua empresa de pé, sinto muito mãe por ser uma menina tão fraca. Senti o calor das lágrimas caindo, enxuguei e fui para o banho. Ao descer as escadas, a mesa já estava posta. Enquanto jantava, tentava lembrar de algo que poderia ser alguma pista no dia do ocorrido e, infelizmente, não encontrei. Conseguia lembrar de nada, a não ser daquela corrente e dos olhos do assassino. Mesmo que eu não lembrasse de muita coisa, fazia minha mente trabalhar até que senti uma pontada na cabeça e parei de pensar com a dor. Depois, pensei: meu pai era uma pessoa importante e qualquer um queria aquela empresa. Lembrei que minha mãe tinha álbuns de fotos guardados com várias pessoas que, de alguma forma, fizeram parte da empresa. Talvez vendo alguma delas, possa me lembrar de algo. Terminei meu jantar e subi. Quando cheguei na frente do quarto, não conseguia colocar a mão na maçaneta. Minhas mãos tremiam. Lembrava de quantas vezes entrava neste quarto e pulava no meio deles, as risadas e as brincadeiras. Mas precisei ultrapassar meu medo, abri a porta e fui até o guarda-roupa. Abri a caixa e tirei o álbum. Sentei-me no chão e comecei a folhear as páginas de fotografias. Todos pareciam importantes. Ao lado dos meus pais, tentava olhar para cada rosto para ver se reconhecia alguém, mas nada parecia suspeito. Vi uma foto dos dois, a única foto deles naquele evento. Pareciam tão felizes, sorri e meu olhar encheu de lágrimas pela saudade que bateu. Foi quando vi algo atrás deles: era um homem usando a mesma corrente daquele dia. O porquê ele estava lá? Qual era a ligação com meus pais? Mais que diabos, não dá para ver o rosto deste infeliz. Ele está bebendo uma taça de champanhe, não consigo ver nada. Acabei tendo um espasmo e a caixa virou, caindo uma caixinha tão bonita. Pelo tamanho, cabe um batom. Quando abri, tinha um papel com números escritos. Parecia ser uma senha. Mas é claro, eles têm um cofre dentro deste quarto. Tirei o quadro e vi o cofre. Tentei por os mesmos números que estão no papel quando escutei o barulho do cofre sendo aberto. Havia muitas papeladas ali dentro e vi um envelope pequeno da cor amarela. Peguei e abri, mas não consegui decifrar o que era. Tinha letras e números misturados. Fiquei olhando por um tempo e sabia quem poderia me ajudar. Arrumei tudo novamente, catei a foto e o papel, e levei para o meu quarto. Amanhã será um longo dia.

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