Abri os olhos e fiquei vagando por alguns minutos. Não consigo mais dormir em paz. Toda vez que acordo, vejo que é mais um dia sem respostas, mais um dia que sinto raiva. Sei que está errado ter esse sentimento, mas o mais errado é saber que o desgraçado pode estar vivo, andando normalmente por esse mundo. Bom, já chega desses pensamentos. Preciso ter força para seguir. Levantei e me arrumei, desci e Nana já tinha montado a mesa. Ela deixou um recado na mesa: "Minha menina, fui ao mercado. Volto logo. Tome seu café." Nana me arrancou um sorriso e tomei meu café. Hoje não iria à empresa, preciso esfriar a cabeça um pouco daquele lugar. Olhei para o meu celular e resolvi mandar mensagem para Maria para saber se ela está livre hoje, e graças a Deus, está. Peguei minha bolsa e fui em direção à casa dela. Peguei o celular novamente para avisar que cheguei, mas não tive nem tempo de desbloquear meu celular quando ela chegou.
— Oi amiga, tudo bem? Entra.
— Às vezes esqueço que sua casa é rodeada de câmeras. — Rimos e logo fiquei séria novamente. Desculpa chegar a essas horas na sua casa, é que eu realmente precisava sair de lá antes que ficasse doida.
— Ainda está com aqueles pesadelos?
— Sim, mas tenho uma coisa para te mostrar. — Tirei as coisas que encontrei ontem. — Lembra que você me levou até a sala de arquivos e me mostrou algumas coisas que foram encontradas? E dentro daquelas coisas havia uma corrente com um pingente de crucifixo?
— Sim, eu lembro.
— Então, olhe esta foto. O que você vê nela? — Maria, ao pegar a foto, olhou e arregalou os olhos.
— Puta que pariu, tá de sacanagem, mas não dá para ver o rosto do infeliz.
— Exato, amiga. De todas as fotos que tivemos deste evento, ele apareceu apenas nesta única foto em que meus pais tiraram a foto sozinhos.
— Mas não sei, será que não foi coincidência?
— Maria era para ele sair em alguma foto, nem que seja lá atrás. É impossível que, com aquela multidão de fotógrafos, ele não tenha saído em nenhuma. E outra, olhe a foto novamente: ele está vestido como se fosse um vampiro, com um sobretudo. Pode ser que eu esteja enganada, sim, mas se ele não foi o assassino, alguma coisa tem a ver com a morte deles.
— Realmente. — Não pude discordar da Anastacia, ela tem uma boa analogia. Fiquei olhando para a foto até que percebi que tinha mais alguém ali atrás. — Amiga, você viu isso aqui?
Olhei para ela sem entender e peguei a foto onde ela apontou uma mulher olhando diretamente para a câmera, com um sorriso de lado e levantando a taça de champanhe. Aproximei a foto mais perto e ela também estava com a mesma corrente.
— Conhece a Anastasia?
— Já a vi em festas como essas. — Parei e analisei a foto e fiquei esperando para ver se lembrava de alguma coisa. — Espere, estou me recordando de algo mais. É claro, ela é mãe de um dos filhos que estava fazendo negócios com meu pai. Lembro-me quando ela foi lá em casa se apresentar para minha mãe.
— Você se recorda se o filho dela foi junto?
— Não, apenas ela ia em casa, mas é estranho, pois poucas vezes que ela foi, nunca a vi com essa corrente ou eu nunca percebi.
— Você acha que ela pode ter assassinado seus pais?
— Não, com as próprias mãos.
— Como assim?
— Maria, raciocina comigo. Meu pai era uma pessoa muito importante e, consequentemente, minha mãe também começou a ser. Aos poucos, meu pai foi apresentando-a a este mundo de ricos e metidos a bestas. Nós éramos uma família de invejar qualquer outro que estava apenas de fachada. Chegou um tempo, Maria, que eu percebi nos olhares de cada um o ódio que sentiam por eles, pelo meu pai não querer fazer negócios com pessoas que ele sabia que seriam facilmente roubadas, e pela minha mãe, por ter uma beleza impecável, ser amada e por diversas vezes as mulheres darem em cima do meu pai. Resumindo, todos que rodeavam meus pais queriam a morte deles. Poderia dizer a você que todos que eu vi na foto. Seriam os suspeitos, mas não, essa única foto prova que esses dois foram os culpados. Essa mulher na foto queria atingir minha mãe e este cara queria atingir meu pai. Os dois se reuniram para fazer um serviço só, e é fato que todos tinham inveja deles, mas não matariam eles por algo tão idiota. Tem alguma coisa por trás disso. Enquanto eu olhava as fotos, algo caiu da caixa: era uma caixinha de batom. Dentro dela, continha uma numeração, e tentei abrir o cofre com isso. Deu certo. Dentro do cofre, há várias papeladas, e esse envelope me chamou atenção. — Entreguei o envelope para ela. — Dentro dele tem um papel com várias escritas e numerações, e essa escrita é do meu pai. Achei que poderia ser em código morse, mas pesquisei e não é igual. Não sei o que pode ser. Gostaria de uma ajuda sua.
— Amiga, realmente estou em choque com o que acabou de me dizer e realmente faz sentido. Mas isso aqui não é código morse, isso aqui é um texto em forma de código. Por que seu pai escreveria algo assim? O que ele estaria protegendo que não poderia ser exposto?
Pensei um pouco no que Maria falou. — Ou escondendo.
— Escondendo?
— Sim, você me disse que isso pode ser um texto. Talvez ele escreveu algo que ninguém poderia descobrir, está protegendo alguma coisa de alguém.
— Pode ser que você esteja certa, mas isso aqui vai demorar para decifrar, é muita coisa. — Preciso de um tempo para pensar. — Você me disse que havia papeladas dentro do cofre, o que seriam essas papeladas?
— Não cheguei a prestar atenção, olhei por cima e vi que tinha muitos números. Posso trazer aqui se quiser.
— Não! — Acabei elevando o tom de voz sem querer e Anastacia se assustou. — Desculpa amiga, mas não acho uma boa ideia tirar aqueles documentos da sua casa. Deixa que eu vou até a sua casa. — Não acho seguro ela andar com uns documentos dos quais nem sei a procedência. — Amiga, vamos animar-se! Prometo ir à sua casa para te ajudar, mas que tal esse sábado a gente sair e ir para uma baladinha?
— Baladinha, Maria? — Perguntei desanimada. Não sei se eu estava animada para ir a esses lugares.
— Sim, amiga, vamos! Lembra quando a gente ia se divertir? Você precisa disso um pouco. — Sei que é difícil para Anastacia, mas preciso animá-la um pouco. Ela está mergulhada no ódio e no rancor, e isso está acabando com ela.
— Sexta à noite aviso a você se vou ou não. — Peguei as "tais pistas" e guardei na bolsa. Agora preciso ir tomar um belo banho para vestir minha roupa mais confortável e dormir, pois aquele tal Fernando vai vir para saber minha resposta.
— E você já tem sua resposta?
— Infelizmente vou ter que aceitar a proposta dele, não vejo outra saída. — A verdade é que eu deveria ter aproveitado os ensinamentos do meu pai vivo sobre os negócios, mas agora não adianta chorar pelo leite derramado.
![](https://img.wattpad.com/cover/363172071-288-k168835.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
A VINGANÇA
Mystery / ThrillerAnastácia é uma jovem com a vida perfeita que qualquer moça da sua idade sonharia em ter, até que, naquela noite, uma tragédia aconteceu com seus pais: eles foram mortos em sua frente. Desde esse trágico dia, a única coisa que deseja é saber quem ma...