A VINGANÇA

CAPÍTULO 06

Senti a água gelada cair sobre a minha cabeça e, por alguns minutos, fiquei de olhos fechados, apenas deixando a água relaxar meus músculos tensos. Mas toda vez que abria os olhos, vinha um turbilhão de pensamentos atropelados. Desliguei o chuveiro, coloquei meu roupão e fui até o espelho escovar os dentes. Com a escova na boca, olhei para o espelho e lembrei que hoje era o dia de falar com aquele homem. Tenho uma sensação de inveja, ele parece entender de negócios muito bem, mas chega de pensamentos idiotas. Sequei meu cabelo, olhei o guarda-roupa e pensei em que roupa iria vestir. Peguei minha calça de alfaiataria da cor bege, uma blusa branca e um blazer da mesma cor. Coloquei meu salto com brilho e sentei em frente à minha penteadeira. Fiz um rabo de cavalo, passei uma maquiagem leve, abri a gaveta e coloquei meu colar de um coração lilás pequeno e alguns anéis. Tava quase esquecendo, peguei meu cinto branco e envolvi na cintura. Peguei minha bolsa branca e fui para a empresa.

— Bom dia, Anastacia.

— Bom dia, Paulo. Ele chegou? — Andamos até o elevador enquanto conversávamos.

— Sim, ele está te esperando na sala de reuniões e aqui estão os papéis que você me pediu.

— Certo. — Peguei e passei os olhos diante de tantos papéis. — Onde está a parte que pedi para você acrescentar? — Com os dedos, ele me guiou para o meio da terceira página.

— Anastácia, você acha que ele pode ler?

— Paulo, ele tem interesse na minha empresa. Qualquer papel e uma boa mentira, ele vai assinar. Me diz, você lê a bula quando compra algum remédio ou vê a validade de algum produto? — O silêncio dele já respondeu, e eu não posso sair no prejuízo se caso ele der mancada. O elevador mostrou que chegamos no andar. Respirei fundo, tomei postura e saí. Quando a porta do elevador abriu, Paulo abriu a porta da sala para mim e Fernando olhava para a janela com as mãos na calça do seu paletó.

— Bom dia, Fernando. — Olhei e apertei firme sua mão.

— Bom dia, Anastácia. Devo concordar que aqui de cima tem uma bela visão da cidade. — Concordei com ele com um breve sorriso que logo saiu do meu rosto.

— Devo dizer, Fernando, que você realmente é um homem empenhado quando decide querer algo.

— Bom, se nós vamos ser sócios, nada mais que apresentar um grande amigo meu. Foi com ele que aprendi muitas coisas e tenho certeza de que ele vai te ensinar também.

— Não ache, Fernando, que com isso vai ganhar minha confiança.

— Anastácia, aceite isso como um presente. Tenho muito mais o que te mostrar, nós dois vamos reerguer essa empresa juntos.

— Certo, Fernando. Durante essas duas semanas, eu pensei muito em sua proposta e cheguei à conclusão de que vou aceitá-la. Mas antes, é necessário que assine esses documentos, que basicamente seriam uma confirmação de que vai seguir todas as leis da empresa, que está ciente de que qualquer quebra de contrato estará sujeita a uma multa, e também os deveres de um sócio. Mas creio que já saiba todos os seus deveres. Abri a pasta, deslizei-a na mesa até ele e ofereci uma caneta. — Caso queira ler, fique à vontade.

— Anastacia, confio em você. — Ele deu um leve sorriso, pegou a caneta e começou a fazer sua rubrica em todas as folhas. Fiquei observando ele assinar, tive uma sensação estranha, parecia ser satisfação. Queria sorrir, me contive para que não percebesse. Assim que ele assinou, fechou a pasta e me entregou. - Aqui está o contrato assinado. - Levantei da mesa e estendi a mão para Fernando.

— Bom, Fernando, seja bem-vindo à minha empresa. Damos as mãos com um sorriso. — Pode começar amanhã, eu não vou estar na empresa, mas o Vitor, que é do financeiro, vai te auxiliar e mostrar tudo. Depois te mostro como funciona a empresa. — Concordamos e ele se retirou. Fiquei na sala olhando pela janela, com pensamentos vindo e indo, e vi Fernando entrando em um carro preto fosco. Esse carro... Meus pensamentos foram interrompidos quando escutei a porta abrir.