Passei o final de semana com a Maria e consegui me distrair um pouco. Olhei para o celular e eram 07h00 de uma segunda-feira; o sol já havia se levantado com seu melhor sorriso, algumas luzes do sol passavam pela cortina iluminando meu quarto. Tomei um belo banho, vesti uma roupa e desci para tomar meu café. Na mesa, havia patê com torradas, algumas geleias e um belo café quente. Enquanto tomava, lembrei do que Maria falou: "O plano é o seguinte...". Meus pensamentos foram interrompidos quando meu celular apitou com um aviso que eu havia marcado no calendário: hoje, às 18h, tenho aula com o professor Mário. Desliguei, terminei meu café e fui até a minha empresa. Cheguei na minha sala, me sentei e, após uns 15 minutos, alguém bateu na porta. Pedi para entrar.
— Bom dia, Anastácia. — Não há um dia em que esta mulher não esteja linda.
— Bom dia, Paulo. — Quando ele ia abrir a boca para falar, alguém bateu na porta e abriu.
— Bom dia, Senhora Anastácia. — Hora de pôr o plano em ação.
— Bom dia, Fernando. — Meu coração gelou quando o vi; minha vontade era me enfiar em algum buraco.
— Sei que deve estar ocupada, mas queria que me mostrasse como funciona a fabricação de Whisky aqui na empresa. — Passei por esse cachorrinho e trombei nele sem que ela percebesse, pedindo espaço.
— Claro, só preciso ajeitar as coisas com o Paulo para hoje e logo te chamo.
— Vou estar te esperando na minha sala. — Preciso de um momento a sós com ela.
— Certo, Paulo, o que temos para hoje? — Não sabia se demorava para resolver com o Paulo ou assinava tudo e ia até ele fazer essa visita e me livrar dele.
— Estes são os documentos para você assinar para as novas lojas que estão pedindo nossos Whiskys. — Preferi não dizer nada a Anastácia, mas minha vontade era de socar a cara dele até não existir mais um rosto; senti minha sobrancelha franzir.
— Paulo? — Chamei pela segunda vez e ele parecia estar no mundo da lua.
— Oi? — Voltei meu olhar para ele e vi sua expressão preocupada comigo, meu coração disparou quando ela me tocou.
— Você está bem, não me responde. — Acho que Paulo precisa de férias.
— Desculpa, me distraí por alguns minutos.
— Acho que vou marcar suas férias, você precisa de descanso.
— Não quero por agora, Anastácia. Peço desculpas pela minha falta de atenção. — Voltei a explicar para ela os documentos que tinha que assinar e assim que ela assinou, fui embora da sua sala. Quando fechei a porta e virei para o corredor, vi Fernando conversando com a mulher que faz o Café. Ele olhou para mim e vi que em seu rosto formou um sorriso sarcástico, virou e voltou para a sua sala. Respirei fundo, pois além de precisar do emprego, não quero desapontar a Anastácia, que fez muito por mim e está passando por poucas e boas.
Esperei alguns minutos para ir até a sala do Fernando, não sabia se ia ou ficava. Acabei tomando coragem para ir, cheguei na porta dele, respirei fundo e bati na porta, já entrando.
— Olá, Fernando, vamos? Sua sala é completamente organizada, será que ele tem toque? — Ele se levantou e veio em minha direção. Quando ele chegou até a porta, dei espaço para ele passar e fomos até a fábrica.
— Então, me diz como está sendo cuidar de tudo para você?
— Ah, como posso dizer, está sendo um pouco complicado. Não esperava herdar os negócios tão rapidamente, mas não vou dizer que está ruim, porque é um aprendizado. A verdade é que está bem difícil de lidar, é muita burocracia, mas não queria falar isso para ele.
— Eu imagino, mas temos que focar no que é bom. E eu focar no seu dinheiro para mim.
— Vai dar certo. — Olhei para ele e ri. — Bom, Fernando, esta é a minha fábrica. — Estávamos na parte superior da fábrica, dava para ver quase tudo de cima, todas as pessoas trabalhando de jalecos e roupas brancas, garrafas passando pelas esteiras. — Vem, vamos pôr os EPIs para te mostrar melhor o processo. — Mostrei para ele a parte de maltagem, moagem e cozimento, fermentação, destilação, corte, preenchimento dos barris, envelhecimento, blending, engarrafamento e fui explicando para ele cada parte do processo, como era feito, e mais outras coisas. Ele fazia as perguntas e eu respondia, e assim rodamos a fábrica toda e subimos para a sala dele, conversando sobre ideias e outras coisas. Ele abriu a porta para eu entrar na sala dele. — E aí, gostou de conhecer a fábrica?
— Nossa, sim, foi muito bom conhecer o passo a passo. Nunca tinha trabalhado em uma fábrica de Whisky. — Chega de falatório. — Anastacia, preciso te falar algo.
— O que?
— Preciso pedir desculpas para você, no dia da balada eu bebi um pouco a mais da conta e acabei te beijando. Não foi minha intenção, se eu soubesse que era você, não teria feito essa ousadia.
— Ah. — Gaguejei, o assunto repentino me fez ficar com vergonha. Logo retomei a fala — Tudo bem, eu bebi muito aquele dia também e não lembro muito do que aconteceu. — Tentei sair devagar da sala, dando algumas desculpas para fugir do assunto. Quando me virei para abrir a porta, senti um calor nas minhas costas e me virei com tudo. Vi Fernando na minha frente, quase colado comigo, com a mão na porta. Senti uma pontada no coração, meu corpo todo gelou.
— Anastácia, sinto muito, não quero estragar nossa amizade.
— N-não vai. — Abri a porta e saí daquele lugar sufocante e fui até o financeiro.
— Idiota. — Coloquei a mão no bolso e voltei para a minha mesa.
— Vitor, preciso falar com você. — Tinha bastante gente na sala e todos olharam para mim, e ali não era um ambiente para falar o que eu queria. — A sós, te espero na minha sala. — Vi alguns burburinhos do tipo "ii agora você roda em". Voltei para a minha sala e esperei ele chegar enquanto via algumas planilhas. Não demorou muito quando escutei batendo na porta e pedi para entrar.
— Bom dia, Senhora Anastácia.
— Bom dia, Vitor. Sente-se, por favor. Não irei tomar muito o seu tempo, será algo rápido. Como você é o responsável pelo financeiro, preciso de um relatório de todas as entradas e gastos desta empresa desde 3 meses antes do falecimento dos meus pais até hoje.
— Desculpe a pergunta, Senhora Anastácia, mas por que quer toda essa documentação? Estou em apuros e preciso avisar a ele.
— Porque eu sou a dona desta empresa e quero ver meus gastos e ganhos. Que pergunta é essa?
— Sinto informar que não vou poder fazer.
— E por que não? — Franzi a sobrancelha.
— Porque toda a minha equipe está em fechamento e todos estão muito ocupados, e o que a Senhora está me pedindo leva muito tempo. Preciso inventar uma desculpa.
— Vitor, acho que você não entendeu.
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A VINGANÇA
Mystery / ThrillerAnastácia é uma jovem com a vida perfeita que qualquer moça da sua idade sonharia em ter, até que, naquela noite, uma tragédia aconteceu com seus pais: eles foram mortos em sua frente. Desde esse trágico dia, a única coisa que deseja é saber quem ma...