CAPÍTULO 08

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Acordei no banheiro mais uma vez, vomitando o que não tem mais dentro do meu estômago. Estou quase para tirar meus órgãos pela boca. Não lembro o que aconteceu para eu estar tão mal assim. Preciso que essa ressaca saia do meu corpo. Escutei a porta abrir e vi a Maria de braços cruzados encostada no batente da porta, sabia que ali viria bronca.

— Não vou nem discutir com você, Anastácia. Vou primeiro te curar e depois conversamos. — Desci as escadas e dei de encontro com uma das empregadas da casa. — Bom dia, Cidinha. A Dona Nana, aonde ela se encontra?

— Oi, bom dia. Ela não está, precisou viajar para ver a irmã e eu estou no lugar dela.

— Certo, eu gostaria da chave da sala de primeiros socorros. Ainda tem aquelas bolsas de soro?

— Ah, claro. Tome a chave. Sim, fizemos reposição semana passada.

— Obrigada, Cidinha. — Misturei alguns remédios para dor e vômito no soro, coloquei em uma bandeja a bolsa de soro, algodão, agulha e alguns esparadrapos, e logo tranquei a porta. Vi que Cidinha estava limpando o sofá e fui entregar a ela. — Aqui, Cidinha, muito obrigada.

— De nada. A menina está bem?

— É só ressaca, fica tranquila, bebeu demais. — Rimos e subi as escadas. — Bora, Anastacia, sente-se aqui. Deixa eu te dar um soro.

— Não gosto quando fala sério comigo. — Levantei-me do chão do banheiro, fui até a poltrona e me sentei. Maria fez um improviso no guarda-roupa para a bolsa de soro ficar alta, senti a agulha entrar e joguei a cabeça para trás, tentando me controlar do vômito e da dor.

— Tenho os meus motivos, Anastácia, e quando a dor amenizar, a gente conversa. — Não queria contar agora porque sabia que ela não ia escutar nada do que eu estava falando e ia piorar a dor, então vou esperar ela melhorar.

Passaram-se uns 45 minutos, acordei meio sonolenta, minha visão está um pouco embaçada, mas aos poucos vou conseguindo enxergar melhor. Senti meu braço e lembrei que estou tomando soro. Olhei para cima e vi que o soro estava quase acabando, fechei os olhos e não lembrava do que tinha acontecido. Quando abri os olhos novamente, vi Maria sentada na minha cama, me olhando de rabo de olho, enquanto o celular estava ligado em algum vídeo de dança.

— Melhorou?

— Sim, estou um pouco melhor. — Sinceramente, sabia que naquele olhar iria vir bronca. Maria tirou a agulha do meu braço e fez um curativo, apertando de propósito. — Aí!

— Você tem noção de que você quase foi sequestrada?

— Sequestrada?

— Sim, Anastácia, o cara simplesmente te deu uma bebida com sonífero. Quem era ele?

— Mas eu não me recordo de quem seja. — Tentei puxar na memória quem era o tal homem e nada vinha à mente.

— Lembre-se, porque foi por muito, muito pouco que você não foi levada sei lá para onde.

— Eu lembro que dancei a noite toda e... — Maria me interrompeu.

— E o quê?? — Pelo amor de Deus, lembre-se de algo.

— Desculpa amiga, não me recordo. Mas afinal, o que aconteceu?

— Estávamos dançando na pista e veio um cara até mim. Ficamos, eu vi que você estava ali perto de mim. Fui até o bar e consegui te ver de onde eu estava. Em poucos segundos que peguei o copo e virei, você já não estava mais lá. O cara me segurou ainda e... — Mas é claro, pensei comigo mesma. — Anastácia!

— O que foi?? — Olhei para ela e estava com uma cara como se tivesse descoberto algo.

— Como fui burra! Também, o cara que estava comigo estava junto com o homem que estava com você. Eram comparsas. — Meu Deus, como não pensei nisso naquela hora.

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