Cumplicidade 【Appleradio】

【Capítulo 19】

A tarde havia finalmente se acomodado sobre Alastor e Rosie, lançando um brilho suave sobre as ruas movimentadas enquanto eles caminhavam juntos. Haviam concluído a árdua tarefa de escolher o presente perfeito, um símbolo tangível de algum evento significativo que Alastor ainda não conseguia discernir. Agora, imersos na busca pela vestimenta ideal, a frustração de Alastor só aumentava. Eles estavam em uma elegante loja de roupas masculinas, cercados por tecidos finos e cortes impecáveis, mas a sensação de inquietação persistia.

Alastor, com um suspiro profundo, deixou-se cair em uma das poltronas de couro, sua mente um turbilhão de pensamentos desordenados. Ele examinava as diversas peças que havia selecionado, tentando montar uma combinação que correspondesse à importância do dia, embora não conseguisse entender o motivo exato dessa importância. Não era seu aniversário, nem tampouco o de Lúcifer. O que poderia estar comemorando?

A confusão começava a desgastar sua paciência, e ele sentia a pressão crescente em suas têmporas. "Será algum tipo de comemoração pelo tempo que passamos sem brigar?" Alastor ponderava, seus pensamentos correndo em círculos. "Ou talvez seja um dia especial para Lúcifer que eu deveria lembrar?" Nenhuma dessas perguntas fornecia uma resposta satisfatória, aumentando sua angústia. O mistério envolvia-o como uma névoa espessa, obscurecendo seu raciocínio.

Com um movimento irritado, ele passou a mão pelos cabelos bem cuidados, tentando organizar seus pensamentos. Seu olhar finalmente recaiu sobre a sacola que continha o presente escolhido. Com mãos trêmulas, ele abriu o pacote, revelando dois colares delicados com as iniciais de seus nomes – simples, mas incrivelmente belos. Alastor contemplou os colares, esperando que a resposta surgisse como um relâmpago, mas a clareza permaneceu fora de alcance.

Enquanto ele ainda estava perdido em seus pensamentos, Rosie se aproximou com a elegância que lhe era característica. "Alastor, achei algumas combinações que acho que ficariam ótimas em você. Quer provar, meu bem?" Sua voz era um misto de gentileza e animação, um contraste marcante com a frustração de Alastor.

Ele levantou os olhos para ela, percebendo a ternura em seu sorriso. "O que foi, Alastor? Está tudo bem?" Rosie perguntou, sua preocupação evidente.

Alastor tentou organizar suas palavras, sentindo-se desconcertado. "Eu..." começou ele, lutando para encontrar uma explicação razoável. "Estou bem, apenas confuso, querida. Nada demais." Tentando afastar sua inquietação, ele pegou as roupas que Rosie lhe oferecia e dirigiu-se ao provador.

Rosie observou-o se afastar, um brilho de compreensão em seus olhos. "Tudo bem, agora vá! Quero ver como vai ficar em você," disse ela com um tom alegre, tentando aliviar a tensão. Ela sabia o que Alastor não conseguia lembrar, e estava disposta a contar-lhe em algum momento antes de retornarem ao hotel.

Enquanto Alastor experimentava as combinações de roupas, sua mente continuava a buscar respostas.

A loja estava calma, o murmúrio suave das conversas e o som das araras de roupas sendo movidas criando um ambiente quase sereno. Mas para Alastor, a verdadeira paz viria apenas quando ele entendesse a importância daquele dia.

Rosie, observando de fora, sabia que a verdade eventualmente emergiria, trazendo consigo a clareza e, com sorte, um alívio bem-vindo para seu querido amigo.

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Na extravagante cozinha do hotel Hazbin, um clima de expectativa pairava no ar, misturando-se à fragrância convidativa de café fresco e doces recém-assados. Apesar da agitação habitual com o objetivo de comemoração para o casal, um silêncio quase reverente se instalava nos arredores de Lúcifer, o outrora soturno rei do inferno.

Sentado no balcão, com os dedos tamborilando distraídamente na superfície de madeira polida, Lúcifer esboçava um sorriso inusitado, um brilho cálido emanando de seus olhos que há muito não se via. Era como se uma luz interior, há muito adormecida, tivesse sido subitamente reativada, banhando seu rosto com uma aura de felicidade quase infantil.