Lara
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Lara: qualquer coisa é só voltar aqui-sorri para a senhora que acabei de atender.
Ela sorriu concordando, fechei a porta do consultório e logo fui arrumar as coisas que eu usei e joguei fora as que era para ser descartadas.
Tudo em seu devido lugar, fui até a porta do meu consultório chamar a ultima paciente do dia.
Lara: paciente alice-chamei e levantou a mulher de cabelos cacheados que chamam bem atenção.
Alice: eu mesma-sorri para ela dando passagem para a mesma.
Lara: como está dona alice?
Alice: ótima minha linda.
Lara: que bom, pode se sentar.
Ela sentou na maca e eu sentei na minha cadeira.
Alice: e você como está?
Lara: estou bem, só um pouco cansada.
Alice: imagino.
Lara: vamos para mais uma manutenção ne?
Alice: é ne, você nunca me dá a notícia que estou livre desse aparelho chato.
Lara: falta pouco.
Alice: sempre a mesma coisa.
Separei tudo que eu ia usar para a manutenção do seu aparelho transparente.
Lara: a senhora vai ver.
Alice: senhora?-levantou a cabeça me olhando indignada.
Lara: você vai ver que falta bem pouco para tirar-corrigi.
Alice: eu não aguento mais você me envelhecendo em toda consulta-dei risada-fora que em casa é a mesma coisa.
Posicionei minha cadeira atrás dela e comecei a manutenção.
Eu gosto de todos os meus pacientes mas a dona alice tem meu coração de um jeito inexplicável, vira e mexe ela me chama para ir no shopping, ou aparece aqui de surpresa no meu horário de almoço para me levar em algum restaurante almoçar, ela é como alguém da minha família, uma família que eu não tenho.
Depois que perdi meus pais em um acidente de carro, minha família começou a brigar pela casa que a gente morava, eu com 19 anos vivendo um luto em dose dupla, tendo que arcar com um monte de responsabilidades e ainda com a família quase toda querendo me tirar da casa que era um direito meu.
Eu comecei a me culpar pela desunião deles e me senti incomodada por morar naquela casa que era dos meus pais. Minhas tias e tios era todo dia fazendo fofoca e jogando piada dizendo que não era pra mim estar morando naquela casa.
Eu era totalmente dependente dos meus pais, então fui acordar pra vida um pouco tarde, comecei a trabalhar com 19 anos quando eu vi que não tinha ninguém para me sustentar e era só eu nesse mundo.
Assim que arrumei um serviço, a primeira coisa que eu fiz foi arrumar uma casa para morar, fui atrás de casas distantes das que eu morava e achei uma kitnet com um preço bom e que atendia as minhas necessidades no momento.
Não foi fácil mas agora eu sei que valeu muito apena, hoje em dia eu vivo bem, moro em uma casa boa, não chega ser na pista mas é em uma parte não tão ruim, consigo bancar meus luxinho tranquila, mas a meta é crescer mais e sei que vou conseguir.
Fiz dois cursos de odontologia, trabalho em uma clínica privada e faço faculdade nessa mesma área também.
Lara: manutenção feita com sucesso-falei tirando a luva das minhas mãos.
Alice: você arrasa-levantou.
Lara: meu dever.
Alice: você está com uma cara de cansada, lara.
Lara: mas estou-ri-vou arrumar aqui e vou para casa mimir.
Alice: quer uma carona?
Lara: não precisa, muito obrigada.
Alice: certeza?
Lara: absoluta.
Alice: qualquer coisa é só mandar uma mensagem.
Lara: ta bom.
Me despedi dela levantando até a porta, nos abraçamos e ela foi embora.
Arrumei todas as minhas coisas, coloquei tudo em ordem para o dia de amanhã, apaguei a luz da sala e saí do prédio que eu trabalhava.
Pedi um uber, assim que entrei no carro a Cecília me mandou mensagem me chamando para um barzinho, na hora eu recusei dizendo que só queria um banho e minha cama.
⏱️...
Edgar: oi amor, você nem mandou mensagem dizendo que estava vindo-disse tirando a blusa que está nesse sofá a três dias.
Lara: esqueci.
Edgar: não tem problema, eu ia arrumar a casa antes de você chegar mas acabei me perdendo no tempo.
Lara: eu só quero minha cama.
Passei para o meu quarto deixando ele na sala, coloquei a bolsa na poltrona que tinha alí, entrei no banheiro, tirei toda a minha roupa e entrei no chuveiro, a água caía pelo meu corpo me fazendo relaxar.
Depois de um bom banho saí do banheiro, coloquei um pijama e o edigar entrou.
Edgar: não vai jantar?-falou assim que percebeu eu deitar na cama.
Lara: não, estou muito cansada.
Ficamos em silêncio, quando eu estava quase dormindo me lembrei de algo.
Lara: edgar, nosso carro ainda não foi consertado?
Edgar: amanhã falamos sobre isso.
Lara: pode me fala agora-pedi quase em um sussurro.
Edgar: tive que vender.
Na hora minha mente parou, olhei para ele que olhava para o teto.
Lara: como você fez isso sem o meu consentimento, Edgar?-sentei na cama.
Edgar: amor, eu tive que pagar as minhas contas, os caras estavam me cobrando.
Lara: eu não posso está escutando isso-neguei.
Edgar: eu não tinha mais o que fazer.
Lara: a solução foi me fazer de otária? você me falou a duas semanas atrás que a porra do carro parou e precisou ficar no mecânico, mas a verdade é que você vendeu por causa de droga?-falei levantando da cama.
Edgar: lara, calma...
Lara: eu não quero falar com você agora.
Fui até o guarda roupas, peguei uma roupa e minha bolsa.
⏱️...
Cecília: posso te mandar a real?-concordei-dá um chute na bunda dele, ja está na hora lara.
Lara: não é assim.
Cecília: já tem 5 meses que você está passando por várias provas com esse cara-levou o copo de chopp até a boca-ele só anda mentindo, te fazendo de otária e vive nas suas custas, você está sustentando TUDO no peito sozinha, amiga.
Lara: eu gosto dele.
Cecília: você não gosta dele, você só não tem coragem de mandar ele ralar, e outra, você sempre falou que amava ele, hoje em dia é gosto, não tem como sustentar um relacionamento só com amor não.
Decidi vim para o bar com a Cecília para desestressar e contar pra ela o que aconteceu, agora ela está me dando alguns concelhos.
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