Capítulo-2

43 8 45
                                    

Capítulo 2.

Nero

2 dias antes.

Minha garganta e nariz ardiam pela falta de ar além de sugar um pouco de água no processo de afogamento, minhas mãos estavam bem amarradas as costas o que era um pouco desagradável. De todas as formas de tortura que havia a que eu mais detestava era o afogamento. Consistia em mergulhar a cabeça do indivíduo até desnortear e puxar para cima e fazer perguntas, eu acho imprestável e impessoal, preferia com toda a certeza fatiar a pessoa aos poucos e durante esse processo manter um diálogo.

- Posso saber o porquê da putinha Savino estar no meu território? - questionou Raffaelo Spada, a porrinha do capo da Família.

- Eu estou aqui em busca de informações, não precisava me afogar idiota. - Um belo soco na cara foi a resposta educada da merdinha Spada.

- É mais divertido assim.- disse ele com um dar de ombros descontraído.

Revirando os meus olhos em tédio puro o que fez sua carranca se acentuar, nada esperto ou frio para ser um Capo, mas quem sou eu para ensinar esse inominável a se portar, melhor assim quanto mais estúpido melhor.

- Eu estou no rastro de Elena Santini, ela é filha de um dos nossos mais fiéis associados, que desapareceu sem mais nem menos, estou aqui para ver se você a viu em seu território.

Enchendo dois copos de whisky, Spada fez sinal para que seus homens me soltassem, fui jogado delicadamente em uma cadeira por um careca esquisito e baixinho ficava bem abaixo do meu pescoço, que merda de soldado é esse, parece mais um umpalumpa.

   Raffaelo estendeu um copo para mim, que aceitei de bom grado. Tomei um longo gole, e observava o homem a minha frente. Cabelos compridos quase a baixo do ombro, pretos como a noite, olhos verdes e uma cicatriz que ia da sobrancelha direita até o final do queixo.

   Olhando ao redor daquele balcão insalubre que me encontrava, me perguntei o porquê eu prometi encontrar aquela menina, provavelmente ela fugiu do pai querendo uma vida diferente da qual teria. Ela teve falta de sorte ser minha noiva, não que eu tivesse interesse nela ou algo assim, mas ela era minha prometida desde 12 anos o que me tornava responsável por ela.

- Tem foto da moça- perguntou Spada.

- Você sabe quem é, não se faça de desentendido.

Hoje estava sem paciência para joguinhos, já estava atrás daquela mulher a duas semanas e nada o que me impressionava bastante sendo que eu sou um ótimo caçador e rastreava pessoas como ninguém.

- Sua prometida fugiu antes mesmo do casamento Nero, que situação não é mesmo. - Debochou Spada com uma risada sínica, sorvendo mais do líquido âmbar. - Mas ela não passou por aqui, eu teria comunicado na hora. Embora não goste da sua cara nem um pouco, não pretendo desmanchar nossa união com a Camorra.

Frustrado outra vez por não ter um rastro descente daquela criatura, terminei minha bebida e segui para fora daquele lugar, entrei no meu carro uma Suzi preta e segui para o hotel. Lá pretendia trocar de roupa e seguir para o aeroporto direto para casa, meus sentidos diziam que ela não havia saído de Chicago e eu nunca erro.

......

- Esteve em Nova York, não teve nenhuma pista sobre Elena? - Questionou Amo.

- Nada, mas agora eu tenho uma pista que me leva a floresta Blackwood, algo me diz que ela está se escondendo lá, talvez em uma cabana ou algo assim.

  Depois de muita procura eu achei um bilhete escondido em uma gaveta do closet de Elena que a leva a um encontro em Blackwood, um encontro com Mason Carter. Um bilhete bem comprometedor que claramente se mostrava um caso de amor. Não que eu tivesse ciúmes de Elena por mim ela poderia literalmente se casar com outro homem e eu não iria me importar uma vírgula, o problema era seu pai.

- Ansioso para reaver a noiva? - debochou Dante meu irmãozinho.

- Honestamente estou comemorando, se Elena se comprometeu com esse tal de Mason eu poço renegar ela. Isso para mim é lucro.

    Finalmente uma coisa boa, eu posso dispensar a querida Elena por ter fugido com Mason, ela agora deve estar corompida , ou seja, espero que ela tenha transado pela floresta inteira. Se esfregado em cada maldita árvore isso me pouparia de um casamento com ela, não que eu a odiasse, mas ela não seria uma esposa que um Capo deveria ter. Ela é romântica de mais não sobreviveria bem estando constantemente em perigo, não saberia lidar com o isolamento que a posição trás, além de não ter o poder que a esposa do Capo precisa ter.

- Não pareça tão contente na frente de Ângelo Santini quando for levar ela para casa. - Ironizou Amo.

- Não pretendo pisar em cachorro morto, não desejo mal a Elena, só acho que não somos compatíveis.

- Não a acha digna de ser a esposa do Capo. - Resmungou Amo- confesse.

- Não é uma questão de dignidade Amo, ela é uma boa garota lhe falta. - Fiz uma pausa pensado na palavra melhor para definir o que lhe faltava. - Ódio, falta ódio a doce Elena. A esposa do Capo tem que mostrar bondade, mas também ódio perante os inimigos. Mesmo Elena sendo preparada a anos para ser minha esposa ela nunca se adaptaria, ela merece um Mason.

- Mason Carter? - questionou Dante.

- Sim, esse mesmo conhece?

- Você não se lembra dele Nero? Pela cara não faz ideia, ele é um mauricinho que sempre tentava falar com você quando ainda estava na faculdade. Foi ano passado não é possível que não lembre.

  Tentando buscar em minha mente um Mason, eu não costumava dar bola para qualquer pessoa da The University of Chicago, eu sempre estava com Amo e algumas garotas, mas sempre fui cercado por pessoas interesseiras o que dificultava a minha mente.

- Eu me lembro- disse Amo- Ele andava com mais uns cinco caras, todos bem ricos, ele deve ser o filho de Draco Carter.

- Sim, eu lembro dele. Queria estar com a gente antes de juntar ele mesmo seu grupinho de idiotas.

- Não acredito que você foi trocado por um pela saco, que situação- gracejou Dante que arrancou uma risada minha e de Amo.

- Vou a Blackwood hoje acabar com a festinha deles, me fazer de arrasado e me livrar de Elena, me parece um belo plano.

- Vai à noite? - perguntou Amo.

- Sim a noite para ter mais efeito.

- Quer companhia?

- Não é necessário Dante, eu vou sozinho e pegou os dois no flagra e eu vi que esse Mason possui uma cabana na floresta o que facilita a localização, vou lá faço surpresa e retorno antes da meia noite, vocês ficam aqui e cuidam da boate, qualquer imprevisto vocês me ligam.

- As ordens capo. - falaram em uníssono, o que me agradou muito. Embora ainda não fosse o Capo oficial da Camorra meu pai estava me deixando no comando aos poucos o que me agradava  bastante. Espero que ele se aposente ainda esse ano e suma para Nápoles de uma vez por todas. 

EncurraladosOnde histórias criam vida. Descubra agora