Nero
A água quente era muito bem vinda, o peso nos meus ombros foram cedendo um pouco a cada segundo. O fato de não ter que passar mais uma noite a céu aberto e com o perigo constante ao redor era o melhor a ser feito ainda mais sabendo que Lívia estaria segura nem que seja até eu achar outra saída, Lívia hoje dormiria quentinha e terá comida e por hora è isso que importa.
Lívia estava olhando atentamente para o visor das câmeras de segurança, a camiseta parecia um vestido engraçado ainda mais com a calça moletom alguns tamanhos a mais.
Depois de satisfeito com o banho, desliguei o chuveiro notando que Lívia estava mais atenta aos meus movimentos, eu queria ela com toda a certeza mas não agora.
Vesti apenas a calça de moletom ficando sem camisa a tatuagem enorme de cobra no meu braço esquerdo me lembrava que eu tinha que voltar para a Camorra, Dante a essa altura do campeonato já deve estar arrancando os cabelos, a imagem do meu Irmão desesperado e histérico me trazia ter um prazer mórbido. Dante nunca quiz ser o Dom, tinha até rogado uma maldição em mim de ter apenas filhos homens um número relevante para nunca ter que se preocupar em se tornar o chefe.
- Acredite em mim quando falo que você terá apenas meninos- disse Dante um pouco alto de Vodka.
- Do que você está falando?- perguntou Amo.
- Dante está me amaldiçoado a ter apenas filhos homens, para ele não ter que ser o Dom no futuro.- Expliquei olhando ao redor na boate lotada, as dançarinas semi nuas se mexiam no ritmo da música.
- Isso não seria uma maldição- rebateu Amo- a Camorra não precisa de um cão desvairado no comando.
- Vai tomar no cu- gritou Dante.
-Você viu- Amo me perguntou ignorando o olhar de raiva de Dante- Cão fora da coleira, não sabe se controlar.
Depois disso uma longa discussão se prolongou até a madrugada entre ambos de como Dante tem problemas em controlar a raiva.
Memórias distantes que me lembravam a cada minuto que eu deveria voltar logo. Livia estava ocupando mais da metade da minha mente, da minha racionalidade.
- Algum problema?- perguntou Lívia me trazendo para o presente.
- Não Bambolina, só estou pensando nos meus compromissos- respondi.
Lívia parecia mais nova agora, o cabelo molhado e as roupas pareciam contribuir para isso.
- Tá com fome?- perguntei tentando fugir de seu olhar avaliador.
- Na verdade sim, só estava esperando você sair para irmos explorar a geladeira.
Lívia caminhou até a geladeira de inox no canto do quarto, eu cheguei perto para olhar qual seria as nossas opções.
- Como estamos com presa acho melhor preparar uma sopa.- Lívia começou a pegar cenoura, batatas e cebolas da geladeira. Ela estava concentrada na tarefa, abriu um armário de um minúsculo jogo de cozinha tirando dele uma embalagem com macarrão espaguete.
Logo ela já estava descascando as verduras e picando a cebola, aplicou um pouco de óleo sobre os vegetais já em uma panela média escura, foi até a torneira e encheu até cobrir os vegetais, foi até o pequeno cooktop aclopado na pia e ligou o fogo colocando a panela para ferver.
- Não vai colocar o macarrão?-questionei atendo a tudo que ela fazia.
- Depois que ferver bem a água e dar uma pré cozida nos legumes.- Explicou totalmente concentrada na tarefa- depois eu coloco o macarrão e uma pitada de sal.
- Parece bom- Afirmei.- Pensei que fazia apenas bolos.
- Não- Lívia parecia distante de uma forma que me irritava.- Cozinho de tudo.
Apenas confirmei com a cabeça fui me sentar na cadeira de frente para as câmeras, Lívia ficou me olhando por um tempo significante. Mas logo se voltou para a sopa.
As imagens mostravam que o Senhor Carter seguia fazendo suas coisas do dia a dia. Mas eu sabia que ele esperava Mason e a qualquer momento aquele aprendiz de Charles Meson apareceria.
Mason passou a vida inteira em uma redoma, protegido e mimado e mesmo assim se transformou em um assassino em série, as vítimas pareciam ser
mais do que se aparentava.
- Você parece bravo- falou Lívia baixo como se tivesse medo de mim.
- Frustrado é a palavra certa- respondi- me virei para ela que segurava dois pratos ainda vazios- Você parece assustada, não precisa ter medo de mim.
- Não tenho medo de você- respondeu, erguendo o queixo.- Pega teu prato, já tá pronto.
Peguei o prato de sua mão e nos servimos da sua sopa de legumes, tinha um cheiro ótimo. Me servi de
de forma generosa puxei a cadeira e nos sentamos na mesa de dois lugares a frente do jogo de cozinha,
Lívia me entregou um pedaço de pão.
- O que aconteceu então?- questionei levando a sopa a boca, a melhor sopa de todas, não sei se era a fome ou se realmente era a melhor sopa de todas.- Você está estranha Liv.
- Não é nada com você, só que agora que a adrenalina passou eu tô me sentindo estranha.
- Estranha porque?- perguntei- Você não fez nada de errado, sua ex-amiga Fernanda que é a culpada. Mas não se preocupe com isso ela vai pagar.
- Vai mata-la?- perguntou apreensiva.
- Da mesma forma que o Mason- respondi tomando mais sopa- Lívia que mãos de fada você tem, essa sopa tá uma delícia.
Sorri de lado para ela tentando ser charmoso, mas Liv estava seria de mais.
- Você disse para o Senhor Carter que deixaria o Mason nas mãos dele.
- Se ele estiver vivo- respondi.
- Não pode matar ele- respondeu rápido- ele está ajudando a gente.
- Lívia- suspirei impaciente- eu não vou mata-lo, Mason vai.
- Como pode ter certeza disso?- Questionou confusa.
-Porque eu sei- a paciência já estava por um tris- Além disso, porque você tá defendendo ele.
Lívia deixou a colher cair da mão e seu rosto era choque puro, não suportei vê-la intervindo por ele o ódio me tomou ao ponto de me cegar eu poderia até mesmo machucar Lívia sem querer.
Lívia me olhou com o rosto tão vermelho que eu poderia jurar que se acenderia fogo dos seus cabelos.
- Não estou defendendo aquele filho da puta de merda- Falou alto e decidida, mas podia ver seus olhos enchendo d'água.- Só estou questionando você Dom Savino por causa do senhor Carter, que está nos ajudando. Mas isso soa como uma defesa a Mason que você se foda junto com ele.
Lívia tomou o resto da sopa e se retirou para a cama se sentando nela. Não iria me desculpar naquele momento e nem em outro, é melhor assim mesmo que ela fique em um canto e eu em outro essa aproximação já estava mais que perigosa.
Levei os pratos para a pia e os lavei, Lívia estava deitada olhando para a parede de costas para mim. Eu sabia que não estava dormindo porque sua respiração não estava suave e além disso Lívia suspira muito enquanto dorme.
Segui para o monitor das câmeras e fiquei ali, não sei por quantas horas. Mas quando dei por mim já era meia noite pelo que o visor das câmeras informava.
Segui até a cama encontrando uma Lívia adormecida em baixos dos lençóis, eu poderia deitar por cima, mas que se foda também não vou tornar as coisas mais fáceis.
Me deitei ao seu lado, sentindo o calor do seu corpo ouvindo a sua respiração sempre suspirando.
Me apeguei a Lívia rápido de mais, me apeguei a figura dela. Uma moça que precisa de proteção, alguém para cuidar, isso mexeu com uma lado meu a muito tempo adormecido.
Não querendo desenterrar memórias doloridas, me virei para assistir ao sono dela. Até meu sonho dar as caras, as poucas horas dormidas começaram a cobrar seu preso, meu olhos se fecham ainda admirando minha Bambolina.
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Encurralados
ChickLitLívia é uma jovem universitária que foi convidada por sua amiga Nanda para uma festa em uma cabana na floresta Blackwood. Mesmo não muito empolgada ela aceitou para agradar sua amiga, o que ela não esperava era que seria encurralada em uma floresta...