Cap 7

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Volto para casa após o velório de Pedro, mas a dor e a confusão ainda estão me consumindo. Não consigo parar de pensar em como ele me feriu, em como tudo mudou tão drasticamente.

Entro no banheiro e ligo o chuveiro, deixando a água quente escorrer pelo meu corpo. Mas mesmo assim, não consigo me livrar da sensação de sujeira que me consome por dentro.

Decido ligar o rádio e colocar uma música bem alta, na esperança de abafar os meus pensamentos. Uma batida pulsante enche o ambiente, e eu fecho os olhos, deixando a música me envolver.

"I'm sorry, but I'm just a girl, Not usually the kind to show my heart to the world, I'm pretty good at keeping it together, I hold my composure, for worse or for better..."

A batida da música me envolve, e eu começo a me mover no ritmo, deixando meu corpo se mover livremente conforme a música me leva.

Enquanto a música continua a tocar, eu deixo meus pensamentos se dissiparem, focando apenas na sensação de liberdade que a dança me traz. Deixo meu corpo se mover como quiser, sem restrições, sem preocupações.

"So I wanna make sure I'm heard, I'll wait here for you..."

Sinto a música tomando conta de mim, me envolvendo em sua melodia cativante. Deixo meus movimentos se tornarem mais fluidos, mais expressivos, enquanto eu me perco na música.

"It's been a long night in New York..."

Enquanto danço na minha própria escuridão, perdida na melodia que preenche o espaço ao redor, ouço a porta do banheiro se abrir suavemente. Minha mãe está parada na entrada, observando silenciosamente por um momento antes de falar.

"Mãe..." Minha voz sai num sussurro, ainda enevoada pela música alta.

Ela se aproxima lentamente, como se temesse perturbar o frágil equilíbrio que mantenho. Seus olhos encontram os meus no espelho embaçado.

"Cris..." Sua voz é suave, mas carrega um peso de tristeza e preocupação. "Você está bem?"

Eu paro de dançar e desligo a música, deixando o silêncio preencher o espaço entre nós.

"Eu... eu não sei, mãe", admito, minha voz falhando um pouco. "Tudo está tão confuso."

Ela se aproxima mais e coloca uma mão gentil no meu ombro.

"Eu sei, querida. Eu sei."

Há um momento de silêncio enquanto nos olhamos no espelho embaçado. Então, finalmente, eu quebro o silêncio.

"Eu só... eu só queria entender, mãe. Por que as coisas tiveram que acontecer desse jeito? Por que ele... por que ele fez isso comigo?"

As palavras saem num sussurro, e eu mal consigo olhar nos olhos dela. Mas ela me entende. Não sei como, mas ela sempre entende.

Minha mãe me abraça com força, envolvendo-me em seus braços como se pudesse me proteger de todo o mal do mundo.

"Eu sei, querida. Eu sei", ela repete, sua voz embargada pela emoção. "Mas vamos superar isso juntas, está bem? Você não está sozinha."

Afundo em seu abraço reconfortante, deixando-me sentir um pouco de alívio em sua presença.

"Obrigada, mãe", sussurro, minhas palavras abafadas pelo tecido de sua blusa.

Minha mãe me segura com mais força, como se pudesse me proteger de todo o mal do mundo. Seus braços são um refúgio seguro em meio à tempestade que é minha vida agora.

"Eu sei que não tenho passado muito tempo com você ultimamente", ela começa, sua voz carregada de tristeza e remorso. "O trabalho tem me sufocado, e eu sinto muito por isso. Mas eu quero que você saiba que eu estou aqui. Sempre estarei aqui para você, não importa o que aconteça."

Suas palavras são um bálsamo para minha alma ferida, e eu me permito afundar ainda mais em seu abraço reconfortante.

"Obrigada, mãe", murmuro, minhas palavras abafadas pelo tecido de sua blusa.

Ela se afasta um pouco para olhar nos meus olhos, e vejo a preocupação estampada em seu rosto.

"O que aconteceu, Cris? O que aquele garoto fez para você?"

Minha garganta aperta com as lembranças dolorosas, e por um momento eu não consigo falar. Então, finalmente, as palavras saem num sussurro rouco.

"Ele... ele me quebrou, mãe."

Minha mãe me olha com tristeza e compaixão, seus olhos cheios de dor pela minha dor.

"Eu sinto muito, querida. Eu sinto muito que você tenha que passar por isso."

Eu me permito desabar um pouco mais em seu abraço, deixando minhas lágrimas caírem livremente.

"Eu só queria que as coisas voltassem ao normal", eu confesso, minha voz falhando um pouco. "Eu só queria que tudo isso fosse um pesadelo e eu pudesse acordar."

Minha mãe me segura com mais força, como se pudesse me proteger de todo o mal do mundo.

"Eu sei, querida. Eu sei."

Depois de um tempo, minha mãe me ajuda a me vestir e me acompanha até o meu quarto. Ela me ajuda a deitar na cama, cobrindo-me com o edredom com cuidado.

"Descanse um pouco, querida", ela diz suavemente, acariciando meu cabelo. "Vou fazer algo para você comer."

Eu assinto, agradecida por sua preocupação. Assim que ela sai do quarto, fico sozinha com meus pensamentos sombrios.

Enquanto deito na cama, as lembranças da festa e da briga de Pedro inundam minha mente. Mas agora, há uma nova pergunta que ecoa em minha mente.

Quem matou Pedro?

A realização de que a morte de Pedro não foi um acidente, mas sim um assassinato, me atinge como um soco no estômago. Minha mente começa a girar com possibilidades.

Quem teria motivo para matar Pedro? Quem poderia ser tão cruel?
Será que foi alguém que conhecíamos?

Eu teria motivos, mas não sei se conseguiria ser tão cruel.

Enquanto minha mente corre atrás de respostas, eu me sinto cada vez mais agitada. A ideia de que alguém poderia ter tirado a vida de Pedro intencionalmente é simplesmente... Horrível, reconfortante?

Não sei mais quem eu sou, estou confortada com a morte de uma pessoa. Uma pessoa que é muito importante para minha melhor amiga.

Decido que não posso contar a Júlia sobre o que aconteceu. Ela já está sofrendo demais com a perda dele, e não quero acrescentar mais dor ao seu fardo. Além disso, sinto que essa é uma dor que devo suportar sozinha.

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