Cap 8

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No dia seguinte, acordo com uma sensação de peso no peito. A noite mal dormida deixou meu corpo cansado e minha mente turva. Levanto-me devagar e me arrasto até o banheiro.

Enquanto me ensaboo, lembro-me do dia anterior. Lembro-me de como minha mãe ficou ao meu lado o tempo todo, cuidando de mim, tentando me confortar da melhor maneira que podia.

Minha mãe não foi trabalhar naquele dia. Ela ficou em casa, ao meu lado, cuidando de mim. Sinto um aperto no coração ao pensar em como ela sacrificou seu próprio tempo e bem-estar para ficar comigo.

Ela é a pessoa mais incrível que conheço. Mesmo com todos os seus próprios problemas e responsabilidades, ela sempre encontra tempo para cuidar de mim.

Enxugo-me e saio do banheiro, me sentindo um pouco mais leve depois do banho. Vista-me com uma calça jeans e uma camiseta confortável. Não tenho energia para me arrumar hoje.

Quando desço para a cozinha, encontro minha mãe preparando o café da manhã. Ela me olha com preocupação quando me vê.

"Como você está se sentindo, querida?" ela pergunta, sua voz suave e reconfortante.

"Estou um pouco melhor", eu minto, forçando um sorriso. "Obrigada por ficar comigo ontem, mãe. Significou muito para mim."

Ela sorri gentilmente e me abraça com carinho.

"Sempre estarei aqui para você, querida", ela diz, suas palavras cheias de amor e compaixão.

Sentamo-nos à mesa e tomamos café da manhã juntas, em silêncio. Não há necessidade de palavras. A presença dela ao meu lado é suficiente para me confortar.

Após o café da com minha mãe, me preparo para ir para a universidade. Mesmo com a dor persistente e a sensação de peso no peito.

Pego minha mochila e saio de casa, respirando fundo enquanto me encaminho para a universidade. O caminho até lá parece mais longo do que o normal, e cada passo parece um esforço monumental. Mas eu continuo, colocando um pé na frente do outro, mesmo que seja apenas por inércia.

O sol está alto no céu quando finalmente chego à universidade. O campus está agitado, com estudantes indo e vindo, perdidos em seus próprios mundos. Eu me sinto como uma estranha no meio da multidão, como se estivesse observando tudo de longe, em vez de fazer parte disso.

Caminho lentamente até o prédio onde tenho aula, minha mente ainda absorta em pensamentos sombrios. O peso no meu peito parece ainda mais pesado agora, como se estivesse ameaçando me arrastar para baixo a qualquer momento.

Entro no prédio e subo as escadas até o segundo andar, onde fica a minha sala de aula. O corredor está tranquilo, com apenas alguns poucos estudantes passando por mim. Eu os cumprimento com um aceno de cabeça, mas não consigo reunir energia para conversar.

Finalmente, chego à minha sala de aula e me sento em uma das carteiras vazias perto da janela. Olho para fora e vejo o campus se estendendo diante de mim, um mar de verde e concreto sob o sol da manhã.

Fechei os olhos por um momento, respiro fundo, tentando encontrar um pouco de calma em meio ao caos que é minha mente.

Aos poucos, os outros alunos começam a entrar na sala, conversando animadamente uns com os outros. Eu os observo de longe, me sentindo cada vez mais distante deles.

Nem parece que ontem um aluno dessa universidade foi enterrado, todos estão tão bem.

A aula vai começar em breve, mas eu me sinto completamente desconectada de tudo ao meu redor.

Decido sair da sala de aula, incapaz de me concentrar no que está acontecendo ali. Minha mente está em tumulto, e sinto que preciso de ar fresco para clarear meus pensamentos.

Caminho pelo campus, perdida em meus próprios pensamentos. O sol está quente no céu, mas eu mal percebo.

Enquanto ando, percebo que estou me aproximando de um prédio que nunca tinha notado antes. É um grande edifício de vidro, com o nome "Clube de Natação" em letras grandes na fachada. Curiosa, decido entrar.

Ao entrar no prédio, sou recebida pelo silêncio. O clube de natação está vazio, e o único som que posso ouvir é o eco dos meus próprios passos no chão frio.

Caminho até a beira da piscina e olho para a água quieta. Não há ninguém nadando, e por um momento, me sinto tentada a pular na água e me perder em seus braços frios e tranquilos.

Mas então vejo alguém emergindo da água do outro lado da piscina. É Stev.

Ele parece tão perdido em seus próprios pensamentos quanto eu estou nos meus.

Fico parada ali por um momento, observando-o com curiosidade. Ele parece tão distante, tão inalcançável.

Decido me aproximar, com cautela. Ele não parece notar minha presença, então me aproximo lentamente, sem querer interromper sua solidão.

Quando finalmente chego perto o suficiente, ele vira as costas para mim e se afasta, como se não quisesse ser incomodado.

Percebo que ele também está lutando com seus próprios demônios, assim como eu. Sinto uma estranha sensação de conexão com ele.

Decido não perturbá-lo e me afasto, deixando-o em paz com seus pensamentos.

Enquanto caminho de volta para a sala de aula, não consigo parar de pensar em Stev. Por que ele estava tão distante? Por que me ignorou? Será que algo estava errado?

Essas perguntas continuam martelando em minha mente enquanto retorno à sala. Decido deixar esses pensamentos de lado por enquanto e me concentrar na aula. Afinal, tenho que me manter focada nos estudos, especialmente agora, com tudo o que está acontecendo.

Entro na sala e volto ao meu lugar. Tento me concentrar no que o professor está dizendo, mas é difícil. Minha mente continua vagando, voltando para Stev e para aquele encontro no clube de natação.

Faço o meu melhor para acompanhar a aula, mas é difícil. Meus pensamentos estão em outro lugar, perdidos em um mar de perguntas sem resposta.

Finalmente, o sinal toca, anunciando o fim da aula. Guardo meus materiais rapidamente e saio da sala.

Enquanto caminho pelo campus, meu telefone começa a tocar. É uma ligação de Júlia.

Atendo a ligação e Júlia fala com um tom abatido do outro lado da linha:

Chamada on

**Júlia:** Cris, precisamos sair hoje à noite. Vamos dar uma volta!

Sinto um sorriso se formar em meu rosto. Mesmo com tudo o que aconteceu, Júlia está devastada mas está tentando nos animar. É bom saber que não estou sozinha nisso.

**Cris:** Para onde vamos?  Pergunto, tentando manter o ânimo em minha voz.

**Júlia:** Você lembra daquele lugar que a gente sempre passa quando está indo para a casa da minha avó? Aquele trecho de estrada deserta?

**Cris:** Claro que lembro.

**Júlia:** Então, hoje vai rolar uma racha lá. Vai ser demais!

Fico em silêncio por um momento, processando a informação. Uma racha? Não é exatamente o tipo de programa que eu faria normalmente, mas, considerando tudo o que aconteceu ultimamente, talvez seja exatamente o que eu e Júlia precisamos para nos distrair.

**Cris:** Está bem, Júlia. Eu topo.

Chamada off

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