Cap 11

5 2 5
                                    

Depois de toda a excitação da corrida, sinto a necessidade de me afastar um pouco da multidão e do barulho.

"Vou ao banheiro," digo para Júlia e os garotos, que estão ainda animados e conversando sobre a corrida.

Caminho pelo local, tentando me orientar no meio das pessoas e motos. Meus olhos varrem o ambiente, procurando por Stev. A última coisa que preciso agora é outro encontro desconcertante com ele. Não o vejo em lugar nenhum, o que me dá um pouco de alívio. Sigo para o bar, empurrando a porta e entrando.

O bar está um pouco mais calmo agora, a maioria das pessoas concentradas na área das corridas. Passo pelo balcão, observando os rostos ao meu redor para ter certeza de que Stev não está aqui.

A ausência dele me faz respirar mais aliviada, e sigo em direção ao banheiro, empurrando a porta e entrando no ambiente pequeno e mal iluminado.Fecho a porta atrás de mim e encosto nela por um momento, respirando fundo.

A corrida, o barulho, a adrenalina... tudo está começando a pesar sobre mim. Caminho até a pia e olho para o espelho, vendo meu reflexo um pouco pálido. Abro a torneira e deixo a água correr, molhando minhas mãos e passando pelo rosto, tentando me recompor.

A água fria ajuda a clarear meus pensamentos. Fico ali, olhando meu reflexo, pensando em tudo que aconteceu recentemente. A morte de Pedro, a briga com Stev, e toda a confusão emocional que me rodeia. Sinto uma mistura de emoções - tristeza, raiva, alívio - tudo se misturando dentro de mim.A porta do banheiro se abre de repente, me tirando dos meus pensamentos.

Me viro rapidamente, mas é apenas uma garota que entra, me lançando um olhar distraído antes de ir para uma das cabines. Respiro aliviada mais uma vez, me virando de volta para o espelho.

A porta do banheiro se abre novamente, mas dessa vez não dou atenção. Estou tentando me recompor, focada em respirar fundo e me acalmar. De repente, sinto uma mão firme no meu braço, me puxando bruscamente para uma das cabines. Tento reagir, mas a força é surpreendente.

"Ei, o que você...?" minha voz se interrompe quando me viro e vejo quem está me segurando. Stev.

Ele me olha com uma intensidade que faz meu coração disparar. "Precisamos conversar," diz ele, sem dar espaço para protestos. A porta da cabine se fecha atrás de nós, e o som abafado da música lá fora parece distante, como se estivéssemos em um mundo à parte.

"O que você está fazendo?" pergunto, tentando esconder o pânico na minha voz.

Stev me solta o braço, mas não se afasta. "Você está me evitando lá fora. Por quê?"

"Você realmente precisa perguntar?" respondo, tentando manter a calma. "Depois de tudo que aconteceu..."

Ele passa a mão pelos cabelos, parecendo frustrado. "Eu não queria que as coisas ficassem assim."

"Então por que fez o que fez? Por que bateu no Pedro?" A raiva começa a tomar conta de mim novamente.

Stev olha para baixo, os ombros tensos. "Ele merecia."

"Isso não cabe a você decidir!" exclamo. "Você não tinha o direito de fazer aquilo."

"Você não sabe quem ele era Cris. Eu não podia simplesmente ficar parado."

Suas palavras me atingem como um soco no estômago. "E você sabe?. E mesmo que soubesse, violência não é a resposta."

Stev parece lutar com suas emoções, seus olhos fixos nos meus. "Eu só queria proteger você."

"Proteger?" rio amargamente. "Você só complicou ainda mais a minha vida. E agora, Pedro está morto."

"Ele mereceu, sei que ele te machucou" diz Stev, a voz baixa, mas cheia de emoção. "Não me arrependo de mata-lo, eu o mataria de novo."

RodoviasOnde histórias criam vida. Descubra agora