Capítulo 6

37 3 1
                                    

Ele não tinha o direito de fazer o que fez comigo.
Felipe me levou até meu quarto, sentou na cabeceira e colocou um travesseiro na perna. Deitei nele e Lipe fez carícias no meu cabelo.
- " O mundo não é uma fábrica de realizações de desejos, Hazel Grace" - Lipe citou um dos livros que li, A culpa é das estrelas.
- "Tudo fica melhor quando você está por perto" - citei minha frase favorita de Belo Desastre.
- Você o ama, né?
- Que livro é esse?
- A angústia de um melhor amigo. Conta a história de um cara que terminou com a melhor amiga do protagonista e ele está morrendo por dentro vendo ela com o mundo desmoronando ao seu redor e ela lá, sem saber o que fazer.
- Parece bastante realista.
- Pois é. Agora, responda: Você o ama?
Enxuguei uma lágrima que saiu de repente.
- Lipe, eu te amo. É isso que importa agora.
- Não, não é o que importa. Você se demitiu do emprego por ele. Agora irei passar os dias num tédio porque você não estará lá.
- Eu só não tô legal.
- Que merda, Flor. Você o ama. Admita. Ele te mudou completamente de um modo inexplicável. Você acreditou que ele te amava, agora tá sofrendo. Você passou sua vida inteira se convencendo que não amaria ninguém. Ele aparece e faz isso mudar. Beleza! Mas você, esse tempo que ficou com ele, se convenceu que ele a amava verdadeiramente. Agora que ele fez isso você vai voltar a pensar como antes, aí ele te apaixona de novo e você muda de ideia. Angie! Para! Você acredita no amor sim! E agora você tem prova que existe amor verdadeiro. Nunca ninguém vai te amar como o Dhiren, porque ele tinha seu modo de amar. Nunca ninguém vai te amar como o Augustus, porque ele tinha um modo de amar. Nunca ninguém vai te amar como o Peeta amava a Katniss, sabe por quê? Porque ele a amava e demorou para ela amá-lo. Mas sabe por que nada disso vai acontecer? Porque eles são ficcionais e você, meu amor, é real.
Ele secou minhas lágrimas. Me sentei e olhei para ele.
Ele segurou meu rosto com as duas mãos e disse:
- Se o ama, tente resolver a questão que os fez separar. Você ainda crê que ele te ama?
- Eu não sei de mais nada, Lipe. Só sei que amo vocês dois.
- Faça pelo amor que você sente por ele. Vá atrás desse Carlos Eduardo! Se quiser, vou junto.
- Eu sei que vai.

                        ☆☆☆

Há 3 anos, nós dois fizemos aulas de luta. Caso Carlos Eduardo parta para a agressão, saberemos reagir.
Bati em sua porta. Ele atendeu.
Ele era um cara de olhos castanhos escuros, musculoso, moreno, seu cabelo era da mesma cor de seus olhos e sua barba era intrigante.
- Olá, princesa. - seu sorriso era largo e seduzente.
- Não me chame de princesa. Pra você, me chamo Angie Miller.
- Hmmm.... você está cada vez mais gata.
Dei-lhe um tapa.
- Seu psicopata!
Felipe estava com uma cara de assassino.
- Qual o motivo de ter você em minha porta, minha bela?
- Não sou nada sua. - falei com frieza.
- Por enquanto, doce. - e passou um dedo ao redor do meu rosto.
Em segundos, Felipe o pegou pela gola e o pressionou contra a parede.
- Nunca mais encoste nela. Nós só viemos te dar um recado: Eles se amam e nem você nem nada vai os separar.
Felipe o soltou. Mas seus olhos ainda estavam nos dele.
- Filho da mãe! Ele contou. - disse o psicopata.
Empurrei Lipe e assumi o posto de assassino.
- VOCÊ TEM QUE ENTENDER UMA COISA: VOCÊ NÃO É O CARA QUE AMO E NUNCA SERÁ. SE VOCÊ TIVER A CAPACIDADE DE CHEGAR PERTO DE UM DE NÓS TRÊS, EU CHAMO A POLÍCIA, SEU PSICOPATA.
Ele não se amedontrou com que falei. Ele foi e me beijou.
Dei uma joelhada nos países baixos dele. Por fim, dei um soco em sua têmpora. Ele caiu, mas não desmaiou.
Felipe se abaixou e falou no ouvido dele:
- Tá avisado.

                          ☆☆☆

Deixei Lipe em casa e fui em direção à minha. Eu estava relaxada até Charlie aparecer e vir na minha direção.
Atravessei a rua. O que ele havia dito mais cedo doeu, mesmo que não fosse verdade. Ele foi junto comigo e me agarrou pelo cotovelo.
- Precisamos conversar. - ele sussurrou.
Não me virei para olhar pra ele.
Não tinha coragem.
- Olha pra mim.
Não olhei.
- Olha pra mim, Angie.
Não olhei.
- Angie, dá para olhar pra mim? - ele estava gritando.
- Você não ouse gritar comigo. - falei com indiferença.
- Angie, precisamos conversar. Eu quero pôr tudo as claras, meu amor.
- Meu amor? Meu amor? - nesse momento me virei, mas encarei o poste atrás dele. - Como você tem coragem de me chamar assim, aliás, me procurar depois do que me falou hoje cedo?
- Angie, eu te amo e você sabe. Eu sei que o que falei hoje não é certo muito menos verdadeiro. Não queria e nem quero te meter em problemas.
- Mas eu sou o problema, Charlie.
- Não. Você é a solução dos problemas. Na hora olhei para ele. E dei um breve beijo em sua boca.
Me afastei um pouco e sussurrei:
- Eu te adoro.
- E eu te amo.
E saí. Não porque eu queria e sim porque necessitava.

                          ☆☆☆

Se passaram 4 semanas depois dos ocorridos. Carlos veio me visitar umas 2 vezes e bati nele em todas elas.
- Docinho, vamos?
- Não sei, pai. Ele estará lá.
Ele fez uma cara e então aceitei.
Todo ano, marcavam do bairro ir para algum lugar. Dessa vez, foi a praia.
Juntei minhas coisas, vesti minha saia longa com um corte na lateral deixando minha perna direita um pouco á mostra, uma blusa amarela e fomos.

Amar intensamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora