Capítulo 4

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- Me espera aqui... ela parece estar muito mal. - ouvi Lipe falar.
Eu chorava e tremia. Ele abriu violentamente a porta, pegou o celular dele e desceu. - Quando ela melhorar nós marcamos. Sem falta.
Charlie falou algo que não entendi. A porta bateu e ele correu pra cama tirando os sapatos entre um passo e outro e deitou-se me envolvendo em seus braços.
- Que filho da mãe! Que merda! Você gosta pela primeira vez de um homem e ele vai e faz isso. Eu estou com muita raiva. Angie, me faça um favor, pare de chorar por ele. - ele me virou e me abraçou mais forte ainda e pareceu que foi a gota para desabar de vez.
Eu dormi, não me lembro como mas dormi.
Acordei era 18:54. Na verdade, eu entrei em coma temporário. Havia 28 ligações perdidas e 4 mensagens não lidas. Tudo era dele. Li as mensagens e diziam :
" Eu sei que você não está com náuseas e infecção estomacal. Você não me queria ai ou não queria sair comigo? O que aconteceu?"
" Como quer que eu te ame se você não me ama? "
" Angie, não me ignore. Me diga se fiz algo errado. Só te quero feliz."
"Me responde. Eu irei te ligar as 19"
Na hora, ele me ligou. Eu atendi. Não devia, mas atendi.
- Amém, Angie. Você me ignorar não vai mudar nada do que sinto por você. O que eu fiz? - Eu prometi mentalmente que não iria responder nada. - Angie, ainda posso ir no seu aniversário?
- Não precisa. - desliguei e liguei para Felipe.
- Você ainda está aqui?
- Uhum. Estou comendo. Eles já sabem. Desce.
Desliguei.
Desci, toda bagunçada com os olhos inchados.
- Docinho, sentimos muito. - mamãe disse.
- Deixem para lá. Ele me ligou agora e eu atendi e disse que não precisava vir dia 11 de julho.
- Certeza? - papai disse.
- Claro.

☆☆☆

Desci correndo e gritando meu pai.
- Angie, que foi? - finalmente me escutou.
- Me arruma emprego na empresa, por favor?
Ele suspirou de alívio.
- Ah Docinho, que susto. Mas por que isso?
- Preciso ocupar a mente. E para o Lipe também, se não causar nenhum problema.
Ele sorriu.
- Não vai. Te respondo até dia 11.

☆☆☆

Dia 11 chegou. Felipe chegou cedo e me mostrou meu presente. No entanto, ele não me deixou abrir.
Ele se arrumou e me ajudou a arrumar a mim mesma.
Um vestido vermelho com rosas bordadas à glitter preto e meu cabelo num coque.
Um falatório vinha lá debaixo. De repente ouvi Annie gritar Charlie. Olhei para Felipe que apenas ergueu as mãos.
- Você não o proibiu de vir.
Terminei de passar o batom e pus o brinco que Felipe me deu aos 11 anos. Quando ele viu, começou a chorar.
- Não faça isso, Lipe. Não quero me maquiar de novo.
- Você não imagina o quanto eu a quero bem.
- Imagino. - piscando para não deixar as lágrimas caírem.
Ele me ofereceu o braço.
- Vamos?
Assenti.

Desci às escadas rindo ao ver Felipe paquerar Annie mesmo estando ao meu lado e 253 pessoas na sala.
E então começou :
- Parabéns para você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida. Eeeeeee! - berraram todos.
- Uhuul- Felipe deu o toque final.
Abracei muitos até o próximo ser ele. Ele estava lindo.
E então, só vi um jeito de me safar.
- Gente, que tal eu abrir os presentes e receber meus elogios aniversários?
Todos comemoraram, exceto ele.
Primeiro foram meus familiares. Meu primo foi o último da família.
Abri o presente e vi que era um pacote de camisinha masculina e outro feminina.
- 20 anos é fase disso, prima.
- Creio que não vou usar nem tão cedo.
Todos riram.
- Minha vez! - Felipe gritou. - Vou primeiro fazer meu elogio. Bom, a 17 anos atrás, um anjo enviado por Deus chegou na minha vida. Eu tinha apenas 5 anos, mas sabia que não era um ano qualquer. Era o melhor ano da minha vida. Um tipo de garota raramente vista, uma garota que odeia homens? É difícil acreditar mas é verdade.
Eu ri. Ele continuou.
- Aos seus 5 anos, dei um beijo nela. Eu sei, 7 anos era frustrante. Graças a ela, meu BV foi retirado. Mas eu meio que obriguei a nós nos beijarmos. Enfim, eu citarei uma frase que ela disse à minha namorada e que servirá a ela também, mas eu a transformei um pouquinho: "Ninguém nunca irá merecê-la e cada vez mais provam isso. Se acham que estou errado, provem. Eu a amo mais do que qualquer garoto nesse mundo...
Ele pausou, suspirou e lágrimas correram por nossos rostos. As minhas saiam em mais quantidades e mais rápido do que as dele.
Ele prosseguiu com dificuldades.
-... e se alguém... a machucar, eu o machucarei em dobro." - ele enxugou as lágrimas. - Eu te amo, Flor. Eu quero que seja feliz duas vezes mais do que você me deseja. Ps: Eu te amo muito!
Nessa hora, algumas pessoas enxugaram as lágrimas, eu me levantei e corri pra Felipe. Chorei mais do que já havia chorado.
- Eu o amo.
- Eu sei, docinho.
Abri o presente. Era a pulseira que ele criou quando tinha 5 anos, mas parece que ele guardou até aparecer a pessoa certa para dar. Eu o abracei e chorei.
Ele se soltou de mim e gritou:
- Vamos lá! Quem é o próximo?
A euforia terminou quando alguém se levantou. Era ele.
- Pode ao menos me dá um abraço? - ele sussurro tão baixo que quase não ouvi.
Eu não podia negar isso. Não hoje. Eu o abracei. Ele me abraçou também mas fortemente.
- Eu te amo, Angie. Acredite nisso. - Ele sussurrou no meu ouvido. Eu saí dos braços dele e uma caixinha foi colocada em minha mão. - Tome.
Abri a caixa. Era uma pulseira com várias pedrinhas brilhantes.
- Obrigada.
Ele sorriu e me beijou. Na frente de todos. Eu retribui. Eu não podia me controlar, eu o conhecia fazia 2 meses e nosso primeiro beijo foi um tempinho. Eu agarrei seu pescoço e ele a minha cintura. Todos na sala fizeram : hmmm.
- Uii... Eu fico dividido. Aprovo e não aprovo. - Lipe falou.
Ele me puxou cada vez mais para si. Ele só tirou seus lábios dos meus, pois o ar já estava escasso.
- Vamos dançar, pessoal! - Meu pai disse ao pôr a música.
Eu ainda estava colada nele quando sussurrou de encontro a minha boca :
- Posso conversar com você?
- Uhum.
Ele pressionou uma última vez sua boca na minha.
Levei-o para o terraço e encarei as estrelas esperando-o falar.
- Você viu, não foi?
- Depende.
Continuei a encarar as belezas do céu. Não quero olhar pra ele.
- Você viu.
Lágrimas encheram meus olhos.
- Vi. E não há mais o que se dizer. Você a ama e ela também. Sejam felizes. Só não entendo porque me beijou se ainda a ama.
Eu me virei para voltar a festa quando ele esticou o celular para mim.
- O quê?
- Leia. Apenas leia.
"Julie, eu te amei por 5 anos e 10 meses. Caso ache que isso é um pedido para voltar você está totalmente errada. Na última mensagem em que mandei, eu não lembro de dizer que ainda te amava. Hoje, eu amo Angie Miller. Uma garota extremamente incrível sem nenhum tipo de magia especial. E foi pelo simples fato dela querer me matar da maneira mais cruel possível que eu me apaixonei. Sinto muito, mas essa é verdade. "
Pisquei. Ele me amava.
- Explicado?
- Não. Charlie, em 20 anos de vida, eu nunca me apaixonei por ninguém. Você chegou e fez da minha vida um verdadeiro inferno. Me apaixonei por você em fração de segundos e não sei se sou capaz de amá-lo da maneira que deseja. Eu só não entendo porque eu. Tendo várias garotas lindas e gostosas por aí. Em 2 meses, você me mudou, só não sei se é para pior ou para melhor. Não sou capaz de ver nada ao meu redor como via antes e isso é culpa sua. Eu sou ridiculamente chorona e incapaz de amar alguém para torná-la feliz o suficiente ao meu lado. Você desafiou minha personalidade e minha ideologia. E ambas foram derrotadas por seja lá qual motivo for.
Ele me ouviu esse tempo todo calado. Sem demonstrar nenhuma reação. Ele retrucou:
- Não pense que foi difícil você derrotar a minha personalidade e minha ideologia, pelo contrário. No momento que você quis sair do hospital, saiba que estava prestes a ir embora junto com você e nunca mais te ver. Mas você despertou em mim algo inexplicável, se fosse qualquer garota irritante, eu iria tratar com indiferença e deixá-la ir, mas não. Eu te impedi, e quando você me desafiou, eu fiquei doido. E quando olhei nos seus olhos, tinha um feitiço que hipnotizava qualquer um. E meu único pensamento era te beijar. E mais, e mais, e mais.
Eu ri uma vez.
- Que bom que não foi só eu que sofri.
Ele riu e falou:
- Posso te pedir uma coisa?
- Depende
- Angie, quer namorar comigo? - ele puxou uma caixa com um anel com a mesma pedrinha que tinha na pulseira. - Charlie... isso é tudo o que eu mais quero.
Ele sorriu e colocou no meu dedo anelar direito. Minha mão tremia. Ele agarrou minha cintura e me beijou.
- Preciso voltar. Tenho uma festa de aniversário
- Eu posso te impedir que nem no hospital.

☆☆☆

Felipe dormiu comigo. Não lembro como cheguei lá ou como ele chegou lá. Pulei em cima da barriga dele e gritei:
- Bom diaaa, Lipe!!!!
- Que alergia repentina é essa?
Mostrei meu anel a ele.
Ele me empurrou e se sentou.
- Charlie?
- Não. Stewart.
- Haha. Aaaaah, morri.
Ele dramaticamente se jogou na cama.
☆☆☆

Nós arrumamos toda a bagunça. Quando meus pais chegaram, o café tava na mesa.
- Errr... preciso lhes contar uma coisa.
- Nós também, docinho. - mamãe disse ao dar um selinho em meu pai ao sentar à mesa.
- Eu e o Charlie estamos...namorando. - mostrei meu anel e minha mãe festejou. - Vocês aprovam?
- Docinho, fico feliz por terem se acertado. - papai disse. - Chame-o para jantar aqui e Annie também.
Felipe arregalou os olhos e sorriu de orelha a orelha.
Meu pai prosseguiu:
- Arrumei emprego lá na empresa pros 2. Pensei em Charlie, mas lembrei que ele trabalha com o pai.
- Eu. Não. Acredito. - Eu falei boquiaberta.
- Socorro... aaaaah! - Felipe gritou.
- Angie pediu para ela e para você Lipe. - mamãe disse sorrindo.
Ele me olhou. Eu ainda estava boquiaberta.
- Flor, eu te amo.
- "Eu sei. "

Amar intensamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora