Capítulo 1

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E lá vou eu! Mais um dia acordando às 6 da manhã para ir a escola. Logo ao entrar no banheiro me deparo com minha imagem horrível ao acordar, pois graças à minha mãe, um enorme espelho foi fixado na parede. Meu cabelo cor de mel com mechas loiras estava tão bagunçado no qual parecia que tomei algum choque por 45 horas. Meus olhos verdes estavam tão pequenos quanto o normal, talvez seja por ter dormido mal a noite de tanto estudar Matemática. Nada melhor que tomar um banho e calcular uma expressão mentalmente. Talvez me achem maluca por dizer isso mas, é a mais pura verdade!
Finalmente meu período menstrual acabou o que resultou num sumiço das espinhas, pena que não levou junto minha preocupação.
E então, me vesti e desci rapidamente as escadas.  Tomei meu café da manhã tranquilamente até ouvir murmúrios na escada. Eram meus pais... dizendo o quanto se amavam como faziam todo santo dia.
- A pessoa mais bela em que eu já vi ao acordar é você, Elizabeth. - logo após meu pai dizer isso, eles se beijarem na minha frente!! Fiquei com náuseas e fingi vomitar.
- Bom dia, docinho!  O seu humor é maravilhoso ao amanhecer, não concorda Erik? - minha mãe disse após dar-me um beijo na testa.
Meu pai assentiu depois de me dar um bom dia tão alegre que desisti de ficar de mau humor.
- Bom dia pra vocês também! Hoje tenho a prova final e caso não tire 10, vou me matar. Porque fiquei até tarde tentando resolver as contas.
- Não se cobre tanto, docinho! Você já está na faculdade! Deus e nós sabemos o quanto se esforçou pra chegar aqui. Não precisa provar nada a ninguém nem mesmo a você.
- É claro que preciso, mãe! Você ficou maluca? Fiquei até tarde estudando regras e mais regras para ao menos me satisfazer ao saber que gabaritei - berrei tão alto que senti dor de cabeça. 
Depois vi minha mãe ficar ressentida com a maneira que falei.
- Me desculpem. Não dormi bem e não quero descontar em vocês meu nervosismo. Me desculpem - após dizer a última palavra, desabei. Lágrimas e lágrimas saíram de meus olhos antes que eu pudesse as evitar.
Essas duas últimas semanas foram exaustivas. Não podia controlar minha obsessão de passar no último período em Contabilidade.
Odiava as pessoas que fingiam ser uma coisa mas na realidade era outra. No entanto, eu era assim.
Por fora, eu era uma mulher violenta, fria, calculista(literalmente) e grossa, mas por dentro era apenas uma menina que qualquer coisa a qualquer momento desabaria. Não importava em qual lugar ou com que estava, parecia que chorar era um remédio que aliviava toda a dor. Toda.
Após praticar meu segundo hobby preferido, que era chorar, fui praticar o primeiro, estudar/ir pra escola.

                           ☆☆☆

Quando cheguei em frente à escola e não vi quem eu marcava de ver diariamente, peguei meu celular e liguei pro meu único melhor amigo.
- Alô? - ele disse com uma voz que parecia não reconhecer meu número.
- Seu idiota, estou te esperando faz 7 minutos em frente ao colégio e nada de você aparecer! Qual é Felipe? Logo hoje? 
- O vagabundo do motorista é mais lerdo que eu! Chego em 2 minutos. Beijos! Te amo!
E desligou...
Felipe Madd era único cara corajoso e idiota que tentou ficar perto de mim por mais de 24 segundos. Na verdade, nos conhecemos desde nossos 3 anos de idade porém só nos aproximamos nos 5 anos. Quero dizer, ele se aproximou de mim.
Finalmente, um ônibus parou do outro lado da rua.
De longe o avistei. Como não reconhecer um cara de cabelos pretos, alto, magricela e ridiculamente bonito.
- Bom dia, flor da noite!
- Já te disse como gosto quando você me chama disso? Todavia em particular, caso alguém ouvisse isso, acharia que você está me paquerando.- eu disse sorrindo e passando meu braço ao seu redor.
- Flor da noite, quer jantar comigo em comemoração ao nosso 10 na prova final de hoje? - ele disse e quando sorriu, lá se apareceu sua covinha magnífica.
- Não sei. Nem sei se meu 10 é garantido.
- Ah qual é? A garota mais linda e mais nerd dessa escola está me dizendo que não confia nela mesmo? Por favor, me internem! - gargalhei ao ouvir isso, mas bem no fundo, era verdade. Não confiava em mim mesma.
Ele me beijou na têmpora e disse:
- Boa sorte! Ficarei na outra sala para não ver você suar frio.
Ri e desejei boa sorte.

                          ☆☆☆

- Silêncio, por favor...- disse professor Edgar Entoph quando entrou - vocês terão 1 hora e meia. Boa prova.
Enfim, ela chegou em minhas mãos. Todo meu esforço não valeria em vão. Fechei os olhos, respirei fundo e comecei. A prova não estava complicada tanto que em 1 hora terminei as 5 folhas e aproveitei o tempo que me restava para refazer os cálculos nas questões mais complicadas.
O sinal bateu e todos entregaram as provas e então o professor saiu de sala. Grupos foram se formando ao meu redor, me preocupei com Felipe por, talvez, não ter conseguido resolver todas as questões. Estava prestes a me sentar novamente quando empurraram um carinha pra lá de pesado, no qual se chamava Thiago, o gordo lindo e eu estava atrás dele bem na hora. Bati com minha cabeça com toda força. Doeu. E muito.
- Que merda Al! A garota se machucou! - disse um menino que me ajudou a levantar. Ele se virou pra mim e disse - Você está bem? Tá doendo algum lugar?
Minha cabeça doía igual quando levei uma bolada de basquete na sétima série. Quando foquei na imagem da pessoa que me segurava, vi um homem branco igual a mim, com olhos azuis claros, com cabelo parecido com o do Felipe e vi tamanha beleza, recuei e quase caí de novo.  Por sorte, ele me pegou, de novo. Ele parecia estar preocupado comigo mas eu não ligava. Não mesmo.
- Você está nervosa. Onde dói? - ele disse e apertou minhas costas com as mãos. Saí do transe que tinha me envolvido só por sua beleza e me dei conta o que estava acontecendo.
- Tire suas mãos imundas de mim- disse cerrando os dentes
- Só quando você me responder- e então senti algo molhado descer pela minha cabeça- Você está com dor? Machucou algum lugar? - ele apertou meu braço, foi bom. Foi um aperto gostoso.
Nãããooo! Eu não posso em sequer pensa nisso.
- Pode me soltar? Quem você pensa que é para me segurar ou para me interrogar desse jeito? - berrei mais alto que de manhã com meus pais. E graças ao meu grito, todos pararam de falar e viraram para mim. - Me solta!
- Ela está sangrando! - disse algum idiota
O cara com que fez minha paciência se esgotar me pegou no colo e me levou para algum lugar. Felipe saiu da sua sala e seus olhos encontraram os meus. Ele veio correndo desesperadamente.
-  Pelo amor de Deus! Era só uma prova, Flor - ele estava desesperado - O que ela fez?
- Empurraram o Thiago e ela estava atrás dele. Ela caiu por baixo dele e bateu a cabeça ou no pé da cadeira ou no chão.
- Ahhhh meu Deus! Eu tô aqui, Flor. Estou aqui.
E de repente... apaguei.

                          ☆☆☆

Meu Deus! Acho que fui atropelada por um trem. Tudo doí. Abri meus olhos e vi Felipe com a cabeça no meu estômago. Aquele garoto ousado está aqui também. Eles estavam dormindo, já era noite. Eu dormi o dia todo. Meus pais! Se eles não sabem, devem estar morrendo de preocupação. Nunca passei um dia fora, nunca gostei e não seria agora que iria gostar.
Um médico entrou lá e rapidamente eles abriram os olhos e eu fechei.
- Ela já acordou? - disse um médico.
- Não. Se acordou, voltou dormir logo pois eu fechei os olhos por 2 minutos - Felipe estava com voz de choro e me deu vontade de abraçá-lo, mas eu estava"dormindo".
- Vou tentar acordá-la - odiei essa parte, ele ficou me tocando por toda lateral do corpo. Quando me sacudiu no braço abri os olhos.
- Aaah Senhor! - Felipe exageradamente me deu um abraço forte demais.
Depois de 1 hora de perguntas sobre mim, Felipe foi pegar algo para comermos.
Infelizmente, fiquei sozinha com o cara.
- Qual seu nome?
- Charlie Leroy e o seu? - ele não olhava para mim, sua cabeça estava abaixada junto com os olhos.
- Felipe não contou?
- Só me contou sobre você, como se conheceram e tals... não acho que seu nome seja Flor.
Maldito Felipe!
- Angie Miller. Meus pais sabem que estou... ?
- No hospital ? Obviamente. Felipe disse tudo nos mínimos detalhes e inventou que eu estava te paquerando. - ele revirou os olhos na parte de paquerar.
A raiva tomou conta de mim. Odiei saber sobre isso e o mais estranho era que ele pouco se importava comigo. No instante que a raiva se elevou para 466% retirei todos os aparelhos que estavam ligados a mim e fiquei de pé. Finalmente ele olhou pra mim. Eu estava fraca mas podia andar. Quando cheguei na porta ele me segurou e dei uma cotovelada no seu ombro. Ele gemeu e me prendeu na parede. Fiquei sem ar, e então ele olhou nos meus olhos e depois seu olhar foi correndo para a minha boca.

Amar intensamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora