🍁Atire

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- Por que estava me perseguindo? - Indagou Lucien.

- Eu não estava. - O tom frio e sem muita emoção fizeram aquelas sombras dançarem ao redor do Illyriano.

O Grão-Feérico riu em escarnio. - Ah não? Estava o que, procurando informações? A Corte Noturna é a primeira rosa a esquerda, não a direita. - Zombou com descrença. 

A falta de respostas vindas daquele macho deixavam o Emissário ansioso, afinal aqueles olhos não paravam de lhe observar, parecia tão atento que Lucien se sentia exposto, como se não pudesse esconder que estava tenso, como se não pudesse esconder nada! Era como se aquele macho conseguisse ler sua alma e estava lhe julgando como se reconhecesse seus pecados.

- O que você está fazendo aqui? - Quando o silêncio enfim lhe irritou, Vanserra rosnou. - Me responda!

O Illyriano respondeu o rosnado fazendo menção a avançar, mas se conteve quando o Feérico mirou a flecha em sua garganta.

- Nada disso.

Bastava afrouxar o dedo para fazer um estrago.

"Atirem para Matar."

- Você não está em posição para exigir nada, então antes que essa flecha perfure sua garganta, sugiro que começa a abaixar essas asas Illyriano. 

Não estava adiantando conversar, nada mudava aquelas expressão fria, o jeito desinteressado ou o olhar atento. Aquele jeito severo, mesmo em uma situação preocupante, era de arrepiar qualquer, sem, mencionar as sombras agitadas. Ainda assim Lucien se recusava a recuar, seu olhar desafiava o macho a fazer qualquer movimento, lhe importunava e instigava a atacá-lo.

- Vou perguntar uma última vez. - Bastava soltar, apenas isso para cumprir as ordens de sua Senhora. - O que você está fazendo aqui?

Foi assim que aquelas asas illyrianas poderosas se recolheram. - Eu não sei. 

Aquele se tornou a resposta mais sincera que Lucien escutou nos últimos dias. 

- Como não sabe?

- Estou voando há dias sem rumo, até cair aqui. - Não havia rodeios em suas explicações.

- Ao menos sabe onde está?

O macho enfim tirou os olhos de Lucien para observar o lugar. - Flores, pólen e um cheiro artificial. Provavelmente Corte Primaveril. - Seu desdém era notável. 

- Isso, são as Terras da Grã-Senhora Feyre Archeron.

A expressão de descrença tomou o rosto do Illyriano, mas que no fim permaneceu calado. 

- Foi uma conversa muito edificante senhor de muitas palavras, mas minhas ordens são para executar qualquer um que tenha asas. Então é o seu dia de sorte.

Sem nem mesmo recusar, o Illyriano continuo olhando o Emissário, não esperando que aquilo mudasse alguma coisa. Apenas estava... Casado de tanto voar, de tanto ir atrás de alguém que não existia, de se esforçar por um sonho que não era possível em tempos como aquele. Talvez por ser sua única esperança, algo que pode se agarrar, era apenas algo inocente e bobo.

Ter esperança era algo bobo.

Então, apenas fechou os olhos. No silêncio passou grande parte de sua vida, e era no silêncio que iria deixar esse mundo.

Ao menos seria, se um certo Grão-Feérico conseguisse soltar a flecha. Suas mãos estavam tremendo e a mal conseguia respirar. Seu coração pulsava dolorosamente e o gosto metálico em sua boca o fazia engolir a seco. Congelado naquela posição, podia sentir o vento ricocheteando seus longos cabelos ruivos e as vezes atrapalhavam sua visão, mas podia jurar que aquele macho estava... Em paz.

O som de Brutos relinchando fez Lucien se xingar mentalmente afrouxando o arco.

Ele não podia matar alguém sem ter um bom motivo... Não era como seus irmãos, tão pouco como seus pais! Se o fizesse, se seguisse por esse caminho, mancharia sua existência, iria contra todos os seus ideais.   

Ao menos era isso que Lucien estava usando como desculpa: Sua Moral.

Conseguia escutar a voz de seu pai nitidamente, aquela olhar de nojo e de desprezo, como se fosse um inseto asqueroso, não, pior que um inseto.

"Você é a minha maior decepção sua aberração."

Já podia sentir as chicotadas em suas costas por não estar obedecendo uma ordem direta. Sua Grã-Senhora iria lhe punir? Ela o torturaria como Tanlim? 

Em um suspiro derrotado o Feérico soltou a flecha fazendo o invasor abrir os olhos.

- Não consegue voar não é? - Passando a mão pelo rosto ao sentir sua cicatriz pulsando, Lucien negou com a cabeça. - Óbvio que não, que pergunta besta.

Olhando sem muita vontade para o morcego abatido em sua frente, o Grão-Feérico decidiu abraçar seu maldito destino.

- Olha, eu vou te matar morcego de gel, é muito para coisa limpar e eu não quero minhas botas sujas de sangue sabe como é. - Tentou disfarçar com uma tossida falsa. - Então vamos fazer o seguinte. Eu te ajudo com essa flecha, você melhora e cai fora daqui para nunca mais nós vermos.

- Por quê? - Perguntou o Illyriano sem muita vontade.

- O quê? Está querendo morrer?! Vai achar outro para fazer isso, eu não vou. 

- E se eu te matar? - Havia tão pouco sentimento, que nem parecia uma ameaça.

- Pode até tentar, mas eu me garanto. 

"Você é a minha maior decepção."

Lucien engoliu a seco desviando o olhar para o nada. -  Entenda, eu não quero uma guerra Illyriano. Já estou fardo de toda essa merda, e se eu te matar, vou conseguir uma dor de cabeça maior do que consigo aguentar. - Explicou por fim, tentando parecer coerente. - Então é mais fácil fingirmos que isso nunca aconteceu.

- Você diz isso depois de ter atirado uma flecha em mim? - O macho levantou uma sobrancelha.

- Quem mandou você me perseguir?

- Já disse que não estava te perseguindo. 

- Então, que a mãe me perdoe, o que caralhos você estava fazendo atrás de mim? 

- Você não tem cheiro. - Com essa resposta, Lucien suavizou sua expressão. - Senti a sua presença, mas não sabia o que era.

O Grão-Feérico não tinha uma resposta para aquilo, apenas deixou outro suspiro cansado escapar. 

- Então você... Apenas estava voando por ai até acabar cansado ou ter uma câimbra na asa. - O Feérico não sabia por que, mas não confiava muito naquela explicação. - É só isso? Não veio atrás da Feyre?

- Não diga esse nome. 

As sombra do Illyriano se aguçaram ficando quase descontroladas, e as asas se abriram prontas para atacar. A expressão de ódio tomou seu belo rosto com tanta amargura que Lucien se sentiu intimidado, mas ao perceber a reação do Feérico o macho recolheu as asas e conteve as sombras, não queria que ele fugisse outra vez.

- Eu aceito a sua proposta. 

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Corte de Mentiras e Crueldade - [Luriel]Onde histórias criam vida. Descubra agora