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Poucos dias se passaram, mas para Lucien pareciam séculos! Quanto mais o tempo passava, mais o Calanmai se aproximava assim como a Reunião que sua Grã-Senhora estava tanto almejava.
Agoniado, o Emissário estava começando a perceber que esconder um Illyriano era mais difícil que tentar guardar um Morcego em uma caixa, mesmo que tenha furos, afinal os bichinhos que tinha asas merecia os céus, precisam ser livres e voar para o fim do mundo. Então, prender alguém assim mesmo que fosse para o seu próprio bem, era difícil, muito difícil.
Vanserra tentava esconder aquele convidado o quanto fosse possível, mas quando sua Senhora viajava para as Terras Mortais ver a família, Lucien podia libertar Azriel daquela casa para esticar as asas ou simplesmente respirar um pouco.
O Grão-Feérico não queria deixar alguém "preso" mas era isso, ou a morte.
- Não pode Atravessar, nem voar, muito menos ir caminhando. - O Feérico de cabelos ruivos estava sentado no galho de uma árvore olhandopara o nada. - Qualquer coisa mágica vai chamar a atenção dela e você nem consegue abrir essa asa.
Como se estivesse sentindo dor, Azriel recolheu a asa. - Antes você comentou sobre os portais.
- Sim, mas ela também saberia se alguém os usasse, irá atrás de você. - As vezes, até Lucien se sentia meio preso na Corte Primaveril, não havia saídas se a Senhora não permitice. - Precisaríamos de uma grande distração, o suficiente deixá-la entretida por horas.
- Como o Calanmai? - O Illyriano se encostou na árvore que Lucien estava.
Coçando sua nuca, Vanserra gemeu dolorido ao fechar os olhos. - Algo assim... Mas precisamos de um bom plano. Não posso simplesmente passar com você pelo meio da Festa.
- Até poderia. - Insinuou Azazel enquanto cruzava as braços.
- Há claro, depois vamos para uma caverna para devolver a terra tudo aquilo que elas nós oferece. - Reclamou Lucien de forma irônica. - Esse dia é só uma grande desculpa para uma orgia requintada. Nunca entendi esse negócio.
- Mas você vive aqui, não deveria ao menos mostrar respeito pelas datas comemorativas? - Azriel não perdia a chance de fazer perguntas ao Feérico.
- Essa em especifico é uma merda. - Um arrepiou horrível passou por seu corpo. - As vezes, você pode acabar ficando com quem não quer entende?
- Perfeitamente.
Logo o silêncio veio, apenas o vento sobrava pelas folhas, em um clima quente e meio úmido, nada impedia o tempo calmo e belo que apenas a primavera era capaz de trazer.
- Eu estava tentando ignorar. - Pronunciou Lucien após limpar a garganta. - Mas notei que seu ferimento está piorando.
O Illyriano apenas negou com a cabeça. - Não está curando. Sempre que tento esticar a asa, parece que rasga um pouco mais.
- Então voar está mesmo fora de questão.
- Apenas agravaria o inevitável.
O Grão-Feérico passou a mão por seu cabelo, enquanto sentia a inquietação palpitar o coração. Nunca imaginou que uma flecha de freixo faria tanto estrago, era apenas uma flecha comum... Só isso... Não havia veneno ou maldição. Era notável como aquele simples buraco na asa estava aumentando, e com toda a certeza senti-la rasgando de pouco a pouco deixava Azriel apreensivo.
- Eu sinto muito. - Lucien engoliu o nó em sua garganta. - Mas farei o possível para tirá-lo daqui, espero que ainda de tempo para restaurar o estrago.
- Eu também.
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Talvez Alis estivesse certa! Tinha um coração muito mole... Aquele Illyriano podia muito bem estar lhe enganando, quem sabe tomando aquele rumo em nome de uma vingança? Ou era um Espião da Corte Noturna, qualquer teoria drástica que havia passado em sua mente, não conseguia descrever a angustia de estar protegendo um impostor.
Porém, havia algo que não lhe deixava matá-lo, ou entregá-lo a Feyre, era uma sensação inexplicável que lhe obrigava a acreditar nas palavras de Azriel. Quem sabe fosse seu tom decidido, ou o seu jeito sério, mas desde o momento que olhou naquela olhos tão frios e amargurados, algo refletiu em Lucien, algo que o fazia acreditar na tristeza e compreender a solidão que pairava naquele convidado.
Era como olhar em um espelho.
Nada disso fazia sentido! Devia ser um monte de desculpas para não acreditar que era tudo uma grande farsa! É talvez seja...
- Lucien. - Cantarolou Feyre. - Você nem tocou na sua ovelha refogada... O que está havendo?
- Nada, eu só... - O Grão-Feérico abandonou o garfo ao lado do prato. - Estou sem fome.
- É por causa do Tamlin de novo? - A Grã-Senhora suspirou com pesar. - Eu corto as queimaduras matinais por uma semana pode ser? Agora come, está ficando magro.
Quem sabe fosse a dor em sua cicatriz que lhe deixava sem fome? Ou o sentimento de culpa? O peso, a sensação de não poder fazer nada, assim como não pode ajudar Feyre quando mais precisava, não conseguia ajudar um Morcego a voar e pior, foi o causador daquela situação.
- Agradeço. - Sorriu aliviado. - Mas, não é só isso... Estou... - Travando ao falar, o Grão-Feérico engoliu a seco. - Pensando no Calanmai.
- O que lhe perturba?
- Eu não quero participar esse ano. - A forma decidida que Vanserra falou, deixou a Feérica surpresa. - O Tam me obrigava ir, dizendo que era preciso para a desgraça da terra e magia e o caralho que ele quisesse inventar. - Suspirou de forma apreensiva. - Sei que é uma tradição Fey, mas... Eu não quero entrar naquela maldita caverna de novo.
Feyre colocou a mão sobre a de seu amigo. - Luci, você não precisava fazer nada que não queria. Pode ficar no seu quarto bem longe de qualquer coisa que façamos.
Com um sorriso agradecido, o Emissário sempre adorou quando a humana em Feyre aflorava e dominava a cena como uma estrela em meio a escuridão. Mesmo que não seja toda a verdade, afinal estaria ajudando Azriel a escapar... Porém, não queria mais participar daquilo, nunca mais se fosse possível.
Aquela maldita caverna lhe dá arrepios até hoje.
Para algumas pessoas era sinonimo de prazer, alegria, sexo e paixão, mas para Lucien... Engolindo a seco tentando não vomitar, teve de puxar a sua mão para apoiar o rosto enquanto esfregava seu olho bom.
Com toda a certeza não tinha mais fome.
A Grã-Senhora pareceu preocupada, observando como seu amigo estava apreensivo com aquela festividade. Até queria invadir sua mente para saber o que havia acontecido, descobrir algo para ajudar... Qualquer coisa! Mas não queria deixá-lo bravo, afinal Vanserra mal aceitou a ideia do Caldeirão, imagina se invadisse sua mente? Quando quisesse iria contar.
- Mudando de assunto, mas falando sobre. - Feyre tentou entretê-lo. - Teremos uma convidada muito especial esse ano.
- Sério? - Voltando a olhar sua ex-humana, Lucien deu um sorriso de canto. - Quem seria?
- É uma antiga amiga de Tamlin, uma sacerdotisa que concordou em me ajudar com o Calanmai e com a política da Corte Primaveril.
- Amiga de Tamlin? Não me parece flor que se cheire.
- Você também era e olha só o que se tornou.
- Um fodido dependente de Grão-Senhor?
Feyre riu enquanto negava com a cabeça. - Bobo.
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Corte de Mentiras e Crueldade - [Luriel]
FanfictionTudo começou quando Feyre negou sua Parceria com Rhysand. Destruiu o Circulo Íntimo. Colocou todas os Grãos-Senhores aos seus pés e voltou para a Corte Primaveril para ser coroada a mais nova Grã-Senhora. Lucien não poderia imaginar que com a volta...