É isso que você quer?

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Eu tive certeza que Changbin estava em maus lençóis. Depois de ser flagrado se agarrando com o Hyunjin na sala do almoxarifado naquele dia, as colegas dizendo que iriam denunciar, imaginei que o coitado do Felix não teria outra opção a não ser colocar ele pra fora. E tipo, o cara não tá há muito tempo na empresa e a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Dito e feito, passei pela sala do Felix e ele tava com a maior cara de enterro.

O que nunca passou pela minha cabecinha desregulada era que, quando eu visse o hyung saindo da empresa com sua caixa de pertences na mão, ele estaria com um sorrisão estampado na cara.

— Seo Changbin-ssi?

— Jeongin! Oi!

Eu jurava que ia consolar ele (ou tentar né, porque não sou exatamente o cara das interações), dar um apoio, sei lá. Mas olhando assim pra ele, a única coisa que eu quero dizer é:

— Você parece feliz...

— hahahaha pareço? Que ótimo!

— Você tá indo embora mesmo?

— Na verdade fui transferido.

— Aah, então por isso que tá encarando de forma tão positiva. Que bom pra você!

— Não, exatamente... — Ele se aproxima daquele jeitinho que você sabe que vem segredo por aí e claro que meus ouvidos até se expandem — Eu me demiti.

Será que ele é aqueles cara rico que trabalha por tédio, ou um herdeiro que o pai quer que assuma os negócios um dia, daí colocou ele numa posição baixa pra ele aprender sobre a empresa? Changbin herdeiro... seria engraçado.

— Você é rico, por acaso? Vai me pagar um jantar, então.

Ele dá uma gargalhada sem negar de cara, e chega fico em choque. Será que ele é mermo?

— Não era minha única fonte de renda, Jeongin. Na verdade, agora que consegui o que queria, vai ser um alívio não ter que trabalhar dia e noite.

Isso é ainda pior pra minha curiosidade. O que ele queria? Será que quis descobrir um podre da empresa?

Mas preciso voltar ao trabalho, que saco.

— Por que a gente não troca número, hyung? Você me conta mais e a gente não perde o contato. De repente sai e bebe pra lamentar ou comemorar, sei lá — O Felix vai ficar até orgulhoso de mim, com essa. Seja pela busca da fofoca ou pela iniciativa de socializar mesmo.

— Beleza! Pega meu celular. Anota teu número e eu mando uma mensagem quando chegar em casa.

Me despeço dele agradecendo que já tô perto de sair do trabalho. Vai que ele me chama pra conversar ainda hoje.

Vou pra sala de descanso pra pegar um café, e listo as possibilidades do que poderia ser essa saída misteriosa do Bin, mas assim que piso na entrada, eu congelo. Isso sempre acontece quando vejo o Chan.

Ultimamente tem sido meio impossível evitar ele, porque ele realmente passou a me ver como amigo, depois que fui em sua casa. Com essa minha cara de otário, só me faltava essa de friendzone em pleno 2030.

Eu não sei como entrei nessa, quanto mais como sair.

— Jeongin, oi! — Eu acho que eu preferia quando ele nunca sorria.

— Oi, Bang Chan-ssi — Funcionem, pernas! Isso.

Essa é a pior parte. O silêncio. Não, eu ter ido na casa dele e ter vestido as roupas dele não é o suficiente pra aumentar nossas habilidades sociais, aparentemente.

Sob as luzes neonOnde histórias criam vida. Descubra agora