Engolindo em seco, Lívia tentou engolir o choro que ameaçava denunciar o quanto ela estava magoada com essa situação. Encarando a parede atrás de Érica, ela piscou rápido repetidamente para afastar as lágrimas.
— Seria por apenas um ano. — Érica voltou a falar, esticando a mão e tentando segurar a de Lívia, mas ela recolheu a sua. — Depois disso eu voltaria e podíamos continuar.
— Como podíamos continuar se você está terminando comigo? — perguntou com a voz trêmula, voltando a engolir em seco por cima do nó da sua garganta.
— Para a gente não se sentir presa uma à outra. — respondeu se pondo de joelho na frente de Lívia, que estava sentada na cadeira do seu quarto. — Muita coisa pode acontecer.
Lívia não conseguiu segurar um riso que beirava o nervoso e a incredulidade.
— E poderia acontecer o que fosse, mas estamos noivas, não? — perguntou dando de ombros, sentindo as primeiras lágrimas vencerem a sua luta. — Acho que eu poderia esperar um ano, poderíamos nos ver durante esse tempo também.
— Lívia...
Mordendo o lábio inferior, Lívia tentou sorrir.
— Entendi. — disse se levantando da cadeira. — Você não quer estar presa a alguém enquanto pode conhecer outras pessoas.
— Não é isso, Liv. — suspirou como se fosse ela quem estivesse dificultando, mas como Lívia poderia aceitar toda essa situação sem falar nada? — Olha, eu só tenho que fazer essa especialização e...
— Não me importa o que você tem que fazer, já não temos mais nada, lembra? — se afastou da cadeira sendo seguida por Érica.
— Não é bem assim, Lívia. — tentou argumentar. — Eu vou estar em outro país, e não vou me distrair pensando no que se a minha noiva vai aguentar me esperar.
— Eu já entendi. — a mão de Lívia segurou na maçaneta da porta. Ela tentou focar na raiva que estava sentindo, e não no seu coração sendo partido sem nenhuma piedade.
— Eu pensei que você me entenderia, o meu pai está exigindo que eu vá. — apoiou a mão na porta, impedindo que Lívia a abrisse. — Será apenas por um ano.
— Não me importa mais, Érica. — ressaltou pausadamente, evitando encarar o rosto da, agora, ex-noiva sem desviar os olhos da porta. — Já não estamos mais juntas. — falou tentando abrir a porta, mas não conseguindo. — Me deixa sair.
— Eu preciso que você me entenda, por favor, Lívia.
— Eu já entendi, sou uma distração para você. — a encarou, sentindo o peito subir e descer enquanto tentava controlar a vontade de chorar. Raiva misturando-se com mágoa em seu peito. — Mas não estarei esperando por você. Foi uma decisão tua terminar, então assim será. — Érica abriu a boca para falar, mas foi impedida. O coração de Lívia parecia que ia sair do seu peito, o simples olhar para Érica estava fazendo cada parte do seu corpo doer. — Podíamos continuar juntas, podíamos nos ver durante esse tempo. Acredito que temos dinheiro o suficiente para fazer uma viagem para os Estados Unidos ou o Brasil sem que isso nos matasse. Acredito que, se você quisesse, esse término não seria necessário. Mas, você escolheu me deixar. — puxou a respiração tentando se controlar, não podia desmoronar agora. — Por favor, só me deixa ir.
— Eu preciso fazer essa especialização. — Érica sussurrou sem tirar a mão da porta.
— E não estou pedindo para que você não vá. — disse voltando a encarar a porta. — Eu não estou pedindo mais nada a você.
— Lívia, por favor.
— Me deixa ir? — pediu com a voz trêmula. E, para o seu alívio, Érica começou a deslizar a mão pela porta.
Mas antes que Lívia pudesse abri-la, a sua ex-noiva segurou na sua cintura e a puxou contra o seu corpo, chocando as suas costas contra o peito dela. Liv arfou sentindo o corpo arrepiar quando o outro braço de Érica enlaçou a sua cintura.
— Eu não quero que a gente se machuque nesse tempo que passaremos distante. — sussurrou contra a orelha de Liv, e isso a fez fechar os olhos enquanto segurava nos seus braços.
— Me deixa ir, Érica. — pediu sentindo os lábios da ex-noiva deslizarem pelo seu pescoço.
— Ainda não. — sussurrou guiando o seu corpo até a porta, Liv apoiou as mãos na porta, engolindo um gemido quando as mãos de Érica apertaram a sua cintura enquanto ela mordiscava o seu pescoço.
— O que você está fazendo? — perguntou em um fio de voz, deitando a cabeça em seu ombro e exposto ainda mais o pescoço.
— Te mostrando que esse ano será apenas um intervalo. — respondeu subindo os lábios para a sua orelha e mordiscando o lóbulo. — Como se fosse a nossa despedida de solteira. — Lívia tentou se afastar mais Érica a pressionou contra a porta, descendo a mão pela sua barriga em direção ao short. — Quando passar esse ano, esse anel — segurou a mão que levava o anel de noivado — passara a outra mão e você não ficará nem um dia mais longe de mim.
Lívia não respondeu nada, apenas ficou ali, entre a porta e o corpo de Érica, sentindo a sua mão desabotoar o short e descer o zíper. A mão gelada, por causa do ar-condicionado, a fez se retrair involuntariamente quando Érica tocou na sua intimidade por cima da renda da calcinha. Ela sabia que poderia sair, seria fácil. Mas, Lívia sabia que não iria parar a sua vida, mais do que já tinha parado, para esperar por ela.
Foi um término, não havia outra forma de interpretar isso. Lívia nunca foi fã de despedidas de solteiro, e piorava ainda mais quando ela sabia que isso envolveria outras pessoas.
Seria a última vez, pensou quando sentiu os dedos de Érica invadirem a sua calcinha. A última vez e ela começaria o processo de juntar os cacos em que o seu coração se dividiu. Última vez que Lívia fecharia os olhos e permitiria que o seu corpo se desfizesse com os seus estímulos. Um soluço misturado com gemido irrompeu dos seus lábios quando a ficha começou a cair, ao mesmo tempo em que o dedo de Érica deslizava pelos seus pequenos lábios e massageavam o seu ponto de prazer, naquela noite, acabava um namoro de cinco anos e um noivado de seis meses. Aquela seria a última noite que aquelas mãos tocariam o seu corpo e aqueles lábios beijariam a sua alma.
Era um término, então ela poderia ao menos se despedir, e nada melhor do que se despedir como havia começado: com as mãos de Érica em seu corpo.
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A um sim de você - Degustação
RomanceSe Conhecer. Se apaixonar. Se casar. A regra de três que Lívia Matarazzo não poderia seguir. Antes de se apaixonar, ela teria que se envolver com alguém que mal conhecia, com um objetivo diferente de se apaixonar, mas sim por causa da sua conta ban...