— Mãe, a senhora não pode estar falando sério! — Lívia exclamou o cansaço em seus ombros.
— Você ainda não entendeu a gravidade da situação, Liv. — Naomi balançou a cabeça enquanto pegava uma torrada e mordia. — Eu já não sei o que fazer para você entender.
Lívia encarou a sua mãe perguntando como ela conseguia comer. Mas, era de Naomi que estava falando, da sua mãe, que em meio ao caos, ainda encontrava tempo para se arrumar e tomar café como se o mundo não estivesse desabando.
Cansada, Lívia sentiu vontade de subir até o andar de cima, gritar com o seu pai por ter aquele problema de coração, e com isso a impedir de tomar um simples café da manhã. Quando desceu naquela manhã, depois de ter tido uma noite de merda, o sol da varanda e o cheiro de café puro foram como remédios para o seu corpo. Por breves minutos, ela se permitiu entrar em uma bolha em que a sua vida ainda permanecia como antes.
Claro, sem Érica nela. Apesar de ainda amá-la, esses meses distantes foram reveladores. Cinco anos perdidos, pensou com pesar. Mas, talvez, foram os últimos cinco anos em que ela pôde tomar alguma decisão com base apenas no seu puro e mais simples querer.
Ainda assim, cinco anos perdidos. A sua mente tinha um jeito único e especial de arrancar o band-aid que ela tentava colocar em suas feridas.
Antes de sua mãe irromper pelas portas de vidros, Lívia escapou da armadilha da sua mente e se focou na noite anterior. Nos beijos de Catherine, na sua beleza. Uma beleza que ela não teve tempo o suficiente para admirar na noite da festa, e nem mesmo ontem. Mas, os dois dias a concederam detalhes do seu rosto que Lívia fez questão de unir naquela manhã, enquanto a cafeína invadia o seu organismo e sua mente.
Um dia Lívia teria que seguir em frente. E Catherine parecia ser uma boa opção.
Sorrindo, lembrou do momento em que a empresária pôs as mãos em sua barriga, na maneira como a segurou com tanta segurança que Lívia esqueceu de onde estava. Com Catherine, ela conseguia vê-la além da conta bancária. Conseguia senti-la.
Nas duas vezes em que esteve com Catherine, a sua mente parou de planejar como conquistá-la e só se deixou levar. Mas, Lívia acreditava que, nas mãos daquela mulher, qualquer pessoa esqueceria até de respirar.
O que a fazia temer, era justamente a mesma razão da sua mãe, Catherine não era Antonella, ela não estava apaixonada e não moveria céus e terras para conquistá-la. E, Antonella, era a única opção que não causava náuseas.
Mesmo que o seu pulso ainda esteja machucado.
Mas, antes que Lívia pudesse se recriminar por estar defendendo alguém que a tinha machucado, sua mãe saiu da casa para a varanda, e não teve sol e nem café que a salvasse. Para ser sincera, Liv cogitou se jogar na piscina e acabar com o seu sofrimento de vez.
Olhando para a sua mãe, Lívia suspirou voltando a encher a sua xícara de café.
— Não é necessário fazer um jantar para ninguém. — falou se sentindo exausta, as vezes sentia que tinha que ir contra a própria mãe para não ser vendida para a primeira pessoa que aparecesse.
— Antonella falou com você? — perguntou fazendo Lívia se encolher na cadeira e não desviar os olhos da sua xícara. — Foi o que eu imaginei.
Mordendo o lábio inferior, Lívia levantou os olhos e se atreveu a fazer a pergunta que mais temia.
— Quem? — forçou a voz a passar pela garganta. Naomi a encarou enquanto mordia outro pedaço da maldita torrada. — Mãe, quem a senhora irá convidar? — mudou a pergunta falando pausadamente.
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A um sim de você - Degustação
RomanceSe Conhecer. Se apaixonar. Se casar. A regra de três que Lívia Matarazzo não poderia seguir. Antes de se apaixonar, ela teria que se envolver com alguém que mal conhecia, com um objetivo diferente de se apaixonar, mas sim por causa da sua conta ban...