Capítulo 11

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— Estou subindo, Dra. Norbit. — um dos homens gritou mais ou menos uma hora depois.
Trisha se levantou e caminhou até a extremidade da caverna. A primeira coisa que notou foi que os dois corpos tinham sumido e que não conseguia nem mesmo ver sangue no chão. Parecia que alguém tinha derramado areia em cima das áreas manchadas ocultando completamente as mortes.
Trisha observou o Espécie de cabelo negro escalar facilmente em sua direção sem dificuldade em avançar pelo caminho íngreme. Quase sentiu inveja de sua agilidade e velocidade conforme se aproximava. Slade teve que empurrá-la o tempo todo para que conseguisse subir. Ele subia com tanta facilidade como se caminhasse calmamente por uma superfície plana.
Tinha que ter mais de um metro e oitenta e tinha os ombros largos. De perto, Trisha teve certeza que o homem era parte primata. Ele era realmente lindinho com suas feições mais suaves que o normal. Novas Espécies eram geralmente atraentes e belos do tipo “cara-durão”. Porém, pôde ver que ele tinha a estrutura musculosa e firme dos Novas Espécies quando ficou a sua frente. Seus traços eram quase adoráveis com os seus lindos olhos redondos e da cor de amêndoas e suas feições primatas—era um lindo primata.
— Eu sou Smile. Olá, Dra, Norbit. — sussurrou ele baixinho quando se agachou na abertura, se equilibrando nos calcanhares. Era alto demais para ficar de pé dentro do buraco. Sorriu para ela. — O helicóptero deve chegar aqui muito em breve. Eles andaram bem ocupados hoje transportando todos os humanos que capturamos. Tentamos não matar nenhum deles, mas… — Ele encolheu os ombros. — Alguns eram burros demais para viver. Como a doutora está?
— Estou bem. Tem alguma notícia de Slade?
Ele sacudiu a cabeça devagar.
— Sinto muito, mas não. Ele é um dos nossos melhores e não há necessidade de se preocupar com ele. Ele pode tomar conta de si mesmo em uma situação extrema. — Seu olhar varreu Trisha de cima a baixo, mas não havia nada sexual no jeito que a examinava detalhadamente.
— Quem bateu em você?
— Eu fui capturada ontem de manhã, mas Slade me resgatou. Infelizmente, antes disso, isso aconteceu. — Apontou para sua bochecha que ainda latejava e para o seu lábio rachado e inchado. A imagem de Slade beijando-a atravessou sua mente em um flash, mas ela repeliu a lembrança.
— Estou bem. Alguns cortes, uns hematomas e uns músculos distendidos foram o pior disso, além do que o que vê no meu rosto.
— Slade permitiu que fosse capturada? — Ele parecia se divertir bastante quando riu. — Estou chocado.
— Ele não me deixou. Ele se afastou de mim quando saiu para procurar um lugar como esse buraco aqui para me esconder. — Franziu o cenho. — Slade salvou a minha pele de todas as formas que possa imaginar. Por favor, não fique rindo disso. Ele matou homens para me salvar.
O sorriso dele sumiu instantaneamente.
— Eu peço desculpas. Não tem nada engraçado nisso. Deixe-me ajudá-la a descer para esperarmos pelo helicóptero. Você vai ser levada a um hospital para fazer um check-up e depois levada de volta para casa. Justice insistiu para que preservássemos sua segurança e lhe conseguíssemos tratamento médico antes de voltarmos para Homeland. Ele está esperando por você lá.
Trisha olhou em volta da pequena área, mas não viu nada que devesse levar consigo. Sua atenção pousou nas armas.
— Devemos levar as armas? Eu odiaria que crianças escalassem isso aqui e as achassem. Estão todas carregadas.
— Vamos cuidar disso. — Ele se virou, quase batendo a cabeça no teto de terra. — Vou ajudá-la a descer. Precisa que a carregue nas costas? Eu sou um ótimo escalador e lhe prometo que não vai cair.
— Acho que consigo se me ajudar. Slade teve que me pegar algumas vezes. Temo que não tenho tanta coordenação quanto vocês.
Ele assentiu, sorrindo. Trisha tinha uma boa ideia do por que seu nome era Smiley3. Ele parecia sorrir fácil e frequentemente.
3 Famoso desenho de uma carinha amarela sorridente.
— É um dom que temos.
Trisha caminhou devagar até ele e estudou o solo abaixo quando alcançou a beira. Não era muito fã de altura e era uma queda boa. Smiley se moveu, escalou para fora primeiro, e olhou para ela.
— Vire-se e comece a descer. Vou estar bem embaixo de você. Eu a pego se cair. — Ele piscou. — Eu sou forte. Prometo que não a solto.
Estava com medo, mas se virou e tentou não olhar para baixo. Descer foi bem pior do que subir. Ela escorregou duas vezes, mas as mãos de Smiley a seguraram, aprumaram, e finalmente chegaram ao chão. Trisha teve vontade de beijar o chão, mas resistiu para evitar que os seus salvadores acreditassem que havia enlouquecido.
O ruivo olhou para ela e acenou. Ela viu suas narinas se dilatarem e ele franzir o cenho. Ele chegou mais perto dela, farejou de novo e fechou a cara.
— Eu sou Flame. O que aconteceu com você?
Trisha o fitou, incerta do que exatamente ele queria perguntar. Ele tinha mais ou menos um metro e noventa, bem mais alto que ela, e obviamente um Nova Espécie com os ombros super largos e o corpo musculoso. Parecia alguém que conseguia acabar com vários homens de uma vez. Era mais aterrorizador ver suas maçãs do rosto acentuadas e os dentes afiados que seus lábios mal continham.
— Eu fui capturada e me bateram. Também estava no carro que desceu a encosta da montanha e batemos em algumas árvores pelo caminho. Têm sido dias difíceis para meu corpo.
Flame farejou outra vez.
— Você tem o cheiro de Slade, mas eu também cheiro dois machos humanos. Tem cheiro de sangue, medo e sexo. — Ele pareceu ainda mais perigoso. — Foi estuprada pelos humanos?
Seu queixo caiu, mas depois Trisha fechou a boca.
— Slade me salvou.
Estava um pouco abalada. Sabia que o olfato deles era incrível, mas era totalmente sinistro que o homem pudesse captar tanta coisa assim só a cheirando. Deixava-a altamente desconfortável saber que eles tinham sentidos apurados a esse nível.
— Eu vou atrás dos dois homens e os matarei. — Flame piscou. — Prometo isso a você. Eles não vão viver pelo o que fizeram.
O coração de Trisha martelou.
— Eles estão mortos. Slade cuidou disso.
Flame virou a cabeça rápido, desviando o olhar.
— Ótimo. Vou dar uma de babá dos quatro palhaços que capturamos, Smiley. Não deixe que ela saia de vista.
— Pode deixar. — Smiley se virou para Trisha e examinou seu rosto. — Por que não se senta? O helicóptero vai chegar logo.
Trisha sentou. Já estava coberta por uma camada espessa de poeira e não ligava se ficasse com mais.
— Onde ele vai aterrissar?
Ele hesitou.
— Não vai. Só vai planar. Vamos amarrá-la e eles irão puxar. As árvores nessa área são muito densas para uma aterrissagem e não vamos nos arriscar tirando você daqui a pé. Vai ser moleza.
— Maravilha. — Trisha se encheu de medo. — Eu falei que tenho medo de altura?
Smiley sorriu.
— É um ótimo modo de enfrentar o seu medo.
Maravilha mesmo. Pouco tempo depois ela ouviu um helicóptero à distância e o som ficou mais alto conforme se aproximava. Smiley ficou calado enquanto a observava, algo que tinha feito todo o tempo em que passou sentada ali. Ele finalmente virou o rosto e fitou o céu.
— Chegaram. Vai ficar bem barulhento. Eles vão descer as cordas e eu vou te amarrar. Você vai subir e alguém lá vai prendê-la em um assento. Você vai voar até o hospital e dois dos nossos homens ficarão com você até que chegue em casa. Agora sabe o que esperar.
— Obrigada por tudo. Podia agradecer em meu nome a Flame também?
Ele assentiu.
— Por nada, e eu falo por nós dois. Estamos felizes que esteja viva.
— Pode dizer a Slade para entrar em contato comigo assim que for encontrado? Estou preocupada com ele e não vou deixar de ficar até saber que ele está a salvo.
— Posso fazer isso. — O olhar de Smiley voltou ao céu quando ele virou as costas a Trisha. — Aqui vamos nós. Tampe os ouvidos. Essas coisas são muito barulhentas. Eles me dão dor de cabeça, mas certas coisas não podem ser evitadas.
Trisha se levantou quando o helicóptero pairou acima dos topos das árvores a uma distância suficiente para evitar bater em algo. O vento levantava o que estava no chão e as folhas dançavam em volta dela até forçá-la a cobrir os olhos. Ela entendeu completamente quando Smiley disse um palavrão—um alto e bem feio. Não estava mesmo ansiosa pelos próximos minutos.
Alguém tocou o seu braço. Smiley a agarrou e a levou para onde a corda foi jogada. Ele a empurrou gentilmente e indicou que colocasse os pés nas aberturas. Ele levantou a corda até suas pernas e dois cintos foram colocados em seus ombros, um último se fechando na altura de sua cintura. Smiley piscou antes de se afastar. Trisha agarrou o equipamento de segurança com força quando Smiley deu um sinal para o helicóptero com a mão. As cordas apertaram quando ela subiu e tirou os pés do chão.
Ela fechou os olhos com força e tentou não entrar em pânico quando o vento a balançou. Não os abriu até que alguém agarrou sua cintura. Olhou para baixo e viu que Smiley tinha coberto o rosto com o braço, sem olhar para cima. A pessoa segurando sua cintura a trouxe para dentro da aeronave até que não pudesse mais ver o chão.
Os dois homens na traseira do helicóptero eram Novas Espécies. Eram caninos e já tinha visto os dois em Homeland. Brass estava sério e ela não conseguia se lembrar do nome do outro. Eles a tiraram das amarras, fecharam a porta do helicóptero com força e a prenderam a um dos assentos. Brass lhe passou um par de protetor de ouvidos e apontou para os seus fones para mostrar como usá-los.
O barulho do helicóptero foi abafado. Ela acenou de forma agradecida para Brass, achando que aquele nome não combinava com ele. Ele tinha cabelo castanho, era enorme com os ombros largos, por volta de um metro e noventa, e tinha olhos bem escuros. O outro homem era um moreno de olhos escuros. Era quase um gêmeo de Brass. Brass sentou próximo a ela e o outro sentou no banco na frente deles.
O percurso não foi longo até o helicóptero pousar na pista de aterrissagem de um hospital. Uma equipe médica se apressou com uma maca e ela teve um flashback instantâneo da noite em que Slade tinha aterrissado em sua vida. Porém, estava muito melhor do que ele esteve na época.
Ela os deixou amarrá-la a uma maca sem protestar já que estava mais do que ciente dos procedimentos hospitalares. Sabia que médicos eram os piores pacientes, tendo tratado alguns, e tentou esquecer que era uma quando a equipe a apressou para dentro de uma sala de exames. Brass e o outro homem seguiram, permanecendo por perto.
O médico de plantão estava no final dos trinta, era atraente, e parecia, com seu bronzeado dourado, passar muito tempo em um campo de golfe. Ele sorriu para Trisha.
— Eu sou o Dr. Evan Tauras. Qual é o seu nome?
— Eu sou a Dra. Trisha Norbit. — Ela o viu estremecer e sorriu. — Juro que serei boazinha. Sofri um acidente rolando por uma encosta alguns dias atrás, sem cinto de segurança. É uma longa história. Eu sei que devia estar usando um e eu estava um minuto antes do acidente. Eu rolei dentro do carro, mas não fui arremessada. Então fui agredida ontem por um imbecil que me bateu no rosto algumas vezes. Não tenho dores nas costas nem no pescoço. Não aparento nenhum sinal de ferimentos internos. — Fez uma pausa. — Não tenho alergias e nenhum histórico médico tirando a remoção de amigdalas que fiz quando tinha dez anos. Não estou tomando medicamentos, não fumo, bebo nem uso drogas. Vou calar a boca agora e deixar que faça o seu trabalho.
O médico assentiu.
— Obrigado. Está tornando as coisas mais fáceis na verdade. Mostrou algum sintoma de concussão?
— Mais ou menos. Se eu tiver uma é mínima. Eu fiquei tonta depois do acidente e quando levei dois murros no rosto ontem. Mas nenhuma visão embaçada nem náusea.
— Eles pegaram o cara que fez isso com o seu rosto? — O médico examinou sua cabeça.
— Pode-se dizer que sim. Ele está morto.
O médico a estudou por um momento e assentiu.
— Você é a mulher dos jornais. Fico feliz que tenha sido encontrada.
Ele se mexeu e abriu a boca para Trisha. Ela abriu a sua imitando-o, sabendo o que queria que fizesse. Ele a examinou procurando ferimentos orais, então o seu rosto, apalpando a área machucada. Trisha estremeceu um pouco, mas ficou parada. O médico desceu mais enquanto ele e a enfermeira a examinavam visualmente. Ficou feliz por não a terem despido. Brass e o outro homem estavam dentro da sala de exame atentos a todo movimento feito já que a estavam protegendo.
O médico olhou de boca aberta para os Nova Espécies algumas vezes, parecendo levemente irritado e intimidado. Trisha entendia a razão e queria lhe assegurar que tudo estava bem.
— Atentaram contra a minha vida e eles precisam ficar aqui. Peço desculpas se lhe incomoda ter uma plateia.
O Dr. Evan Tauras assentiu.
— Sem problemas. É que eles são muito grandes. — A voz dele virou um sussurro. — Nunca os vi pessoalmente, mas eles parecem menores na televisão. São muito fortes.
Trisha sussurrou de volta.
— É. Eu sei. Eles também têm uma audição excepcional. Sussurre um “oi” pra eles.
O médico virou a cabeça para encarar os dois homens. Brass piscou para ele e estirou os músculos. O outro Nova Espécie tinha a cara fechada, mas acenou. Trisha teve que lutar para não rir quando o rosto do médico corou levemente antes dele voltar a atenção para a enfermeira e listar uma série de exames que queria que fizesse. Queria raios-x. Não achava que precisava, mas não protestou. Era a sala de exames dele, ele quem mandava, e não queria ser uma chata.
* * * * *
Duas horas depois eles a liberaram com uma prescrição de um anti-inflamatório para o joelho, alguns analgésicos para o rosto, e antibióticos porque tinha alguns cortes abertos.
Tinha considerado pedir por uma pílula do dia seguinte, mas não estava preocupada com o que aconteceu entre ela e Slade. Sem ajuda médica estava bem certa de que não poderia ter engravidado mesmo que não tivessem se protegido. Não tinha uma loja de conveniência por perto para comprar camisinhas e desde que Trisha não era sexualmente ativa não estava tomando pílula.
Brass e Hardley — esse era o nome do outro oficial ONE—a levaram até a farmácia do hospital para apanhar os remédios. O helicóptero os apanhou cinco minutos depois.
Ninguém tinha notícias de Slade. Trisha cochilou quando o analgésico fez efeito. Uma hora depois eles aterrissaram em Homeland e quando Brass a ergueu nos braços para carregá-la do helicóptero, ela acordou.
— Está a salvo. Relaxe.
Ela não pediu que a colocasse no chão. Ele parecia carregá-la sem esforço do jeito que Slade carregava. Eles eram muito fortes.
— Obrigada.
Justice North esperava em um jipe por perto. Ele deu uma olhada em Trisha e de fato fez uma careta. Brass se recusava a colocá-la no chão até deixá-la no assento do passageiro do jipe de Justice. Ele e Harley entraram atrás e Justice dirigiu em direção à sua casa.
— Nem sei como começar a me desculpar por tudo o que aconteceu, Trisha. Isso foi puramente um ataque contra os Novas Espécies e você foi envolvida por associação.
— Não é culpa sua. Você não é os idiotas que nos tiraram da estrada nem que decidiram que seria divertido nos caçar como se fôssemos cervos. Obrigada pelo helicóptero e por mandar Brass e Harley tomarem conta tão bem de mim. Tem alguma notícia de Slade?
Justice sacudiu a cabeça.
— Nossas equipes ainda estão por lá e cercaram mais oito daqueles imbe... homens que estavam lá atrás de vocês. Vamos entregá-los para as autoridades locais assim que os encontrarmos. Ficamos muito empolgados quando conseguimos a autorização para mandar nossas próprias equipes vasculhar a área.
Brass bufou.
— Eles ficaram bem felizes em nos mandar para lá ao invés de irem eles mesmos.
Justice assentiu.
— Foi assim. Éramos mais equipados para fazer buscas na área de floresta do que eles e com uma força efetiva bem menor.
— Eles não queriam aqueles fanáticos malucos atirando no traseiro deles. — disparou Harley.
— Eles nos deram jurisdição para entrar e limpar a bagunça. Não vamos ganhar nenhum crédito por isso, eles que vão levar, mas a força policial local não correu perigo.
Justice olhou para Trisha e franziu bastante quando aspirou o ar. Não disse uma palavra, mas Trisha notou quando ele aspirou de novo. Ele de repente pareceu muito bravo quando estacionou o jipe na entrada da sua casa. Ela viu um guarda de pé em seu portão, mas ele não era Nova Espécie.
— Fique aí — Justice lhe ordenou. — Eu o mandei na nossa frente porque sabia que você perdeu as chaves no acidente. Recuperamos suas chaves e bolsa. Vamos mandar o que pôde ser salvo para a sua casa. Suas roupas que não foram rasgadas ou estragadas foram lavadas. O que não pôde ser salvo será substituído às nossas expensas. — Justice rodeou o jipe e ergueu uma Trisha surpreendida nos braços, caminhando até a porta da frente. — Me relataram todos os ferimentos que você sofreu. O médico disse para descansar por pelo menos dois dias.
O guarda da segurança assentiu para Trisha enquanto abria a porta. Justice entrou na casa e gentilmente a colocou no sofá. Ele hesitou e se virou para estudar Brass e Harley. O guarda também tinha entrado na casa.
— Vocês poderiam nos dar um minuto? Eu gostaria de falar a sós com Trisha. Ela já passou por coisas demais para ter que lidar com outro trauma de ter que me dizer o que aconteceu com um monte de machos de plateia.
Os três homens saíram silenciosamente e a porta foi firmemente fechada. Justice foi para o sofá de dois lugares onde se sentou. Ele parecia tenso. Seus olhos de gato encontraram os de Trisha.
— Eu sinto cheiro de medo, terra, sangue e sexo em você. Não houve menção no relatório médico de um ataque sexual. Algum daqueles fanáticos abusou de você? Disseram-me que os machucados do seu rosto foram consequências de um daqueles imbe... — Ele limpou a garganta. — Fanáticos.
— Pode chamá-los de imbecis. Eu chamo. — Ela encontrou o olhar de Justice sem desviar o seu. — Eu não fui estuprada, mas foi por pouco. Não quero falar dos detalhes específicos, mas Slade chegou a tempo. Ele parou o cara antes que realmente pudesse me machucar. — Pausou. — Ele teve que matá-lo.
— Você transou com alguém antes de deixar Holemand? Não sabia que estava saindo com alguém.
Trisha franziu o cenho.
— A minha vida sexual não é da sua conta, Sr. North.
— Eu não quis ofender. Estou abordando o assunto de forma errada. Perdoe o meu pobre modo de me expressar, mas eu estou tentando descobrir se está mentindo sobre o estupro. Você trabalha e não sai de Homeland. Estou ciente de todos que entram e saem desses muros. Você fez sexo com alguém porque estou sentindo o cheiro. Claro que sinto o cheiro de Slade e de outros dois homens humanos. Você também tem o cheiro de Brass e o meu, mas ele está fraco porque só a carregamos nos braços. Eu sei que Smiley a tocou para ajudá-la a descer da montanha.
— Como diferencia entre humanos e Novas Espécies tão bem?
Ele a observou com cautela.
— Novas Espécies… É difícil de explicar. Simplesmente consigo saber a diferença. Um cheiro de macho é familiar. Eu só quero saber a verdade se você foi abusada sexualmente.
— Não fui. O cheiro familiar que pode estar sentindo é provavelmente do motorista do utilitário, Bart. Eu não sei o sobrenome. Ele foi ferido na queda e eu o toquei bastante para verificar seus ferimentos. Ele está morto, não é? Slade e eu ouvimos os tiros depois dele se recusar a deixar a cena do acidente. Ele achou que aqueles homens não o machucariam porque ele era humano. Tentamos dizer que eles iam matá-lo, mas ele se recusou a nos ouvir. Não tivemos escolha a não ser deixá-lo para trás.
— Ele está morto. — Assentiu Justice. — Ele foi baleado na virilha, barriga, e cabeça depois de ser amarrado e torturado. Assumimos que tentaram retirar informações dele sobre para onde você e Slade tinham ido. Seu corpo foi localizado próximo ao carro destruído. O legista declarou que ele morreu pouco tempo depois do acidente.

Slade - novas espécies 2 - Laurann DohnerOnde histórias criam vida. Descubra agora