Capítulo 13

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Gotas de suor cobriam a testa de Trisha e ela se perguntou se acabaria ficando doente. Sentou-se de maneira nervosa na recepção do escritório de Justice North e lutou contra a vontade de vomitar. Deu uma olhada no relógio. Tinha chegado um pouco cedo e sido informada que ele estava ao telefone.
Tinha solicitado a reunião, mas não teve escolha, sabendo que tinha que se responsabilizar pela terrível situação. Não era só com seus problemas que tinha que lidar.
Seria uma coisa das grandes e tinha que fazer a coisa certa. Isso significava discutir o assunto com Justice. Isso envolvia os Novas Espécies e ele tinha o direito de saber. Só não havia esperado que seu estômago reagisse desse modo. A mulher alta atrás da mesa observava Trisha com atenção, parecendo levemente preocupada.
— Deseja um café ou uma água, Dra. Norbit? Está muito pálida.
— Estou bem. — Trisha forçou um sorriso. — São os nervos.
A mulher assentiu e se concentrou na tela do seu computador.
— Deve demorar só mais alguns minutos. Justice está numa chamada de longa distância com o pessoal da recém-adquirida Reserva dos Novas Espécies. Eles vão abrir em breve e as coisas estão bem agitadas aqui. Não foi para lá que se dirigia quando seu veículo foi atacado? Espero que tenha se recuperado.
— Estou completamente recuperada. Obrigada por perguntar. E sim, é para lá que viajávamos quando fomos atacados.
Trisha nunca tinha chegado a ver o lugar. Só sabia pelo o que via nos jornais. Brass lhe disse um pouco sobre o projeto. Quatrocentas milhas ao norte de uma área de floresta no norte da Califórnia, Justice comprou milhares de acres de terra — um antigo resort que fechou anos atrás e abandonado. O proprietário tinha vendido o lugar a um ótimo preço para ter que evitar pagar os impostos. Justice planejava transformá-lo em um lar para alguns dos Novas Espécies que não queriam “se dar bem com os outros”.
Um sorriso curvou os seus lábios ao lembrar-se de Brass lhe dizendo essas exatas palavras. Ele tinha explicado que alguns dos Novas Espécies tinham uma aparência menos humana do que os que via em Homeland. Eles não queriam ser reintegrados e conviver com os humanos, ao invés disso só queriam viver em paz em um lugar seguro. Eles atualmente residiam em um local desconhecido longe do contato humano, mas com os grupos de ódio, todos temiam sua segurança se alguém uma vez descobrisse onde foram colocados pelo governo.
Justice tinha comprado o velho resort para trazê-los para mais perto da sua própria espécie e para poder melhor protegê-los. Decidiram chamar o lugar de Reserva dos Novas Espécies. Tinham lhe garantido que era um título apropriado já que era tudo menos um lugar para se passar as férias. Seria administrado do mesmo modo que Homeland, totalmente regido pelas leis e sob o controle dos Novas Espécies. Também teria uma segurança de alto nível para proteger os Novas Espécies que escolhessem viver lá.
Brass tinha se tornado um ótimo amigo enquanto ficou em sua casa pelas primeiras duas semanas depois do que sofreu. Ele a fazia rir muito e se tornou importante para ela. Preocupava-se um pouco que ele pudesse estar meio atraído por ela, mas ele nunca tinha saído da linha. Quando a avaliação da ameaça de risco que sofria diminuiu, ela tinha de fato sentido falta das companhias constantes que a protegiam.
Brass ainda aparecia com frequência com alguns filmes de ação e um estoque de pipoca. Às vezes ele trazia alguns amigos com ele. Trisha conheceu alguns Novas Espécies assim. Eles a tratavam como se fosse uma irmã mais nova, como se fosse uma deles, e os agradecia por isso. Tinha evitado que se sentisse cheia de autocomiseração. Slade nunca tinha ligado nem aparecido para vê-la. Para ser mais específico, ele sumiu da face da terra pelo o que Trisha pôde perceber. Várias semanas atrás um dos homens mencionou que Tiger e Slade estavam trabalhando na Reserva. Ele nem estava mais vivendo em Homeland.
A mensagem implícita nas ações falava mais alto do que palavras e tinha sido transmitida bem claramente para Trisha.
O sexo que tiveram não foi nada mais do que casual para Slade. Essa realidade doía, mas ela estava se recuperando e estava determinada a fingir que nada tinha acontecido. Isso até aquela manhã. Estava com medo de vomitar de novo.
— Dra. Norbit? — Trisha levantou o olhar para a secretária. — Pode entrar agora.
— Obrigada.
Trisha se levantou mesmo que seus joelhos estivessem fracos. Sentia uma vontade de sair correndo.
Podia ir embora, pedir demissão do trabalho, e se mudar para outro estado só para evitar toda a confusão.
Ficou tentada a dar ouvidos àquela voz em pânico dentro da sua cabeça. Até hesitou quando seu olhar foi para a porta que dava para fora da recepção. Engoliu em seco, contudo, e forçou as pernas a caminharem em direção ao escritório de Justice. Eu sou uma médica e sei o que precisa ser feito apesar das consequências pessoais que estou enfrentando.
Justice usava sua calça jeans usual, uma regata e tinha os pés descalços. Sempre a divertia o fato do líder de uma raça inteira pudesse sempre ser tão casual quando não planejava aparecer na frente das câmeras. Nessas ocasiões ele vestia paletós escuros, colocava o cabelo comprido para trás, e até calçava sapatos.
Quando entrou em seu escritório, ele foi em direção a ela com um sorriso curvando os lábios generosos. Sempre tinha notado o quanto era bonito com o corpo em forma, as belas feições e aqueles olhos sexy de gato. O fato de ele ser genuinamente agradável só aumentava seu poder de atração. Ela forçou um sorriso.
— Bem-vinda, Trisha. Está quente hoje, não está?
Ela assentiu. Tinha vestido uma saia azul marinho longa e uma camisa formal cheia de botões, intencionalmente adotando a aparência profissional na tentativa de acalmar os nervos. Tinha até levado tempo para prender o cabelo no alto em um belo coque. Tinha lhe distraído da reunião iminente que havia solicitado com Justice assim que tivesse tempo para vê-la. Especificou a urgência da necessidade de falar com ele. Ele havia encontrado um tempo para ela.
— Então, o que é tão importante? Debra, minha secretária, me informou que precisava falar comigo imediatamente sobre algo. É para solicitar mais enfermeiros? Os dois que eu contratei não são suficientes? Precisa de mais equipamento médico? — Ele acenou para que sentasse em uma cadeira enquanto rodeava a mesa. — Sente-se.
Trisha desabou em uma cadeira acolchoada. Justice continuou sorrindo quando também sentou. Ele se inclinou para frente para se apoiar na mesa com os cotovelos, descansando o queixo nas mãos. Parecia divertido.
— Está tão séria. Não fique. Eu já lhe disse antes que estou muito disposto em conseguir o que quer que precise para o centro médico.
— Não é sobre isso. — Tinha que diminuir os batimentos cardíacos. — É sobre um assunto pessoal.
O sorriso dele sumiu e o olhar estreitou.
— Por favor, não me diga que veio pedir demissão. Precisamos de você.
Ele levantou a cabeça, tirou os cotovelos da mesa para escorar as costas na cadeira, e pareceu repentinamente tenso.
— Eu ficaria mais do que feliz de discutir valores com você se isso é uma questão salarial. Nós realmente queremos que continue a trabalhar conosco. Você é uma médica excelente e meu povo aprendeu a confiar em você. Não tem ideia do quanto isso a valoriza.
Ela sacudiu a cabeça.
— Não é sobre dinheiro e eu não quero perder meu emprego, nem me demitir, embora talvez não vá mais querer que eu trabalhe aqui depois do que tenho a dizer. — Respirou fundo estudando Justice. — Desculpe. Estou morrendo de medo.
— De mim? — Ele parecia surpreso.
— Da situação. Eu nem sei por onde começar. Aconteceu uma coisa e é bem séria. Se alguém entende o quanto isso é sério sou eu.
— Certo. — Justice respirou fundo. — Me fale qual é o problema.
— Me concederam acesso a uma porção de arquivos médicos que contêm algumas informações recuperadas das Indústrias Mercile. Eles tentaram procriar entre os homens e mulheres Novas Espécies e isso sempre falhou. Eles nunca tentaram uma reprodução entre Novas Espécies e pessoas completamente humanas.
— Não. Éramos considerados muito perigosos e eles tinham medo que matássemos qualquer um da equipe que tentasse fazer sexo conosco. Não pode nos culpar.
— Eu não culpo. — Hesitou.
— Eles abusavam de nós de maneiras extremas.
— Eu sei disso. Eu... aconteceu — declarou bem baixinho.
— Eu não entendo. Você encontrou um arquivo com essas informações sobre algum dos meus? Algum deles consentiu em transar com humanos enquanto estávamos presos?
Ela lutou contra a vontade de explodir em lágrimas.
— Não. Desculpe. Eu não fui muito clara. Alguém completamente humano concebeu um filho de um Nova Espécie. Pronto. Falei. Observou o choque transformar o rosto de Justice. A boca dele abriu e então se fechou. Ele finalmente encontrou a voz.
— Isso… — Ele parecia atordoado. — Você tem certeza?
— Absoluta. Eu fiz os exames eu mesma esta manhã e realizei um ultrassom. O feto tem um batimento cardíaco forte, bem desenvolvido e parece perfeito. Não vou mentir. Essa gravidez não é normal. As batidas são de um feto em um estágio já mais avançado e as medidas dele são incomuns. Parece que a taxa de crescimento e o desenvolvimento do feto são bem maiores do os de uma gravidez típica. O bebê está crescendo mais rápido do que deveria e os sintomas da gravidez são prematuros pelo período de gestação.
Enterrou os dedos no estofado da cadeira.
— Pela primeira vez, pelo que eu sei, um Nova Espécie foi capaz de conceber uma criança. Eu sei que acreditavam que todos os seus machos era estéreis, mas ao menos um deles não é.
Justice levantou de repente. Virou-se para a janela e deu as costas a Trisha. Continuou calado. Trisha o observava com medo. Não tinha ideia de como reagiria. Tinha uma televisão, assistia a entrevistas com os grupos de ódio, e sabia que isso só daria mais problema aos Novas Espécies quando todos ficassem sabendo que eles não só podiam ter filhos, pelo menos um deles não era estéril, mas que a mãe não era uma Nova Espécie.
Um bando de idiotas acreditava que uma reprodução daquelas seria uma enorme ofensa. Eles iriam comparar isso com o cruzamento entre um ser humano e um animal. Seus preconceitos enojavam Trisha, mas ela não podia mudar suas mentes limitadas. Justice finalmente se virou com um grande sorriso.
— Isso é maravilhoso! — Ele caiu na cadeira. — E temos certeza que é mesmo uma reprodução entre um humano e um Nova Espécie?
— Cem por cento de certeza.
Ele riu. — Eu nunca pensei que seria capaz de ter filhos. Nenhum de nós pensou. — Ele se levantou outra vez e quase pulou por cima da mesa para agarrar uma Trisha assustada. Ele a tirou da cadeira, colocou-a nos braços e a abraçou. — Essa é melhor notícia que eu já recebi, Trisha. Você é um gênio! Você conseguiu!
Trisha o empurrou com gentileza até que ele a soltou. Levantou os olhos para o seu rosto sorridente com um pressentimento terrível. Ele obviamente achava que ela tinha feito algo como médica que resultou na gravidez. Sabia que precisava corrigi-lo imediatamente.
— Não foi algo que fiz de propósito. Não houve intervenção médica. Simplesmente aconteceu. Foi uma gravidez completamente não planejada e natural.
— Isso é ainda melhor! Você fez o meu dia. Inferno, meu ano. — Então seu sorriso apagou e ele ficou tenso. — Vamos ter que manter isso em sigilo. Vamos precisar proteger o casal. Pode haver uma tempestade de ameaças dirigida a nós se imprensa ficar sabendo e noticiar isso. Quem sabe?
— Até o momento, só eu e você.
— O casal não sabe?
Ela percebeu que ele não entendia o que tentava lhe dizer. Abriu a boca. Justice recuou.
— Sobre isso...
Ele a interrompeu.
— A imprensa vai ficar em cima de nós se descobrirem. Precisamos manter tudo em altíssimo sigilo. Você vai cuidar da fêmea grávida. Ninguém, e eu digo ninguém, pode ficar sabendo disso até depois que o bebê tiver nascido. Vamos esconder o casal para protegê-los e qualquer informação impressa que tiver sobre isso tem que ser destruída. Pode imaginar o que esses grupos terroristas farão e o quanto será perigoso quando eles souberem que podemos nos reproduzir com seres humanos? É uma das coisas que vêm usando para atrair mais idiotas para ingressarem na luta pela causa deles. Eles acreditam que é vil um Espécie tocar em alguém completamente humano e isso vai irritar profundamente os que não veem a hora de que desapareçamos da face da terra assim que a nossa geração morrer.
— Justice...
— Você e eu vamos trabalhar juntos para protegê-los a todos os custos, Trisha. Temos que manter isso em segredo total. Eu vou chamar um helicóptero imediatamente para tirá-los daqui em uma hora. A Reserva ainda não está funcionando completamente, mas é bem segura e o lugar mais seguro para colocá-los. Você também vai ter que ir para lá. — Ele a olhou. — Eu sei que sua vida é aqui, mas você precisa ser protegida. — Ele sorriu. — Isso é mais importante. Eu...
— Cale a boca! — Gritou finalmente Trisha.
Justice franziu o cenho.
— O quê...
— Silêncio — ordenou-o, abaixando a voz. — Eu estou tentando lhe dizer algo e você continua me interrompendo.
Ele assentiu.
— Vá em frente. Estou ouvindo.
El hesitou, olhando em seus olhos belos e exóticos.
— Eu sou a mãe. Sou eu, Justice. Eu sou a mulher carregando um bebê Nova Espécie. Não há nada registrado já que eu fiz todos os exames quando estava sozinha na clínica. Eu percebi que minha menstruação estava atrasada, mas eu pensei que era devido ao estresse. Então comecei a sentir enjoo matinal e fiz um teste quando acordei esta manhã. Deu positivo. Depois eu fui direto ao centro médico e fiz um ultrassom. — Piscou as lágrimas. — Existe definitivamente um bebê crescendo dentro de mim e ele cresce a um passo acelerado. A única explicação para essa anormalidade é talvez porque o bebê é metade Nova Espécie e a gravidez será mais curta devido ao DNA alterado do pai. — Ela descansou a mão na altura do estômago. — Eu sou a mãe — repetiu.
Justice a olhava de boca aberta, completamente impressionado. Despencou outra vez na cadeira enquanto lutava contra mais lágrimas. Era difícil, mas ela conseguiu não soluçar. Levantou o olhar e percebeu que Justice a olhava de queixo caído. Segundos pareceram se arrastar por uma eternidade entes dele recuperar a voz.
— Tem certeza que o pai é um Nova Espécie? Eu sei que estava saindo com alguém e eu acreditava que ele era humano.
— A última vez que eu transei foi há dois anos. Só transei uma vez desde essa época e foi com um dos seus homens. Não há dúvidas de que ele é o pai.
Justice sentou na beira da mesa.
— Certo. Isso é ótimo, Trisha. Você parece tão triste, mas não fique. Não tem ideia do que isso significa para o meu povo.
Ele lhe deu um sorriso triste.
— Podemos ter filhos, afinal. Se um de nós é capaz, talvez outros também possam. Eu sei que provavelmente está apavorada, mas isso vai dar certo de algum jeito. Vamos conseguir. Pode lidar com as suas necessidades médicas até que consigamos alguém em que possamos confiar para assumir? Obviamente não vai poder fazer o parto do seu filho.
Ela piscou mais lágrimas.
— Eu ainda estou em choque, mas quero o bebê. Estou mais com medo. Nunca pensei que seria mãe e sei que o meu filho está correndo perigo pelo simples fato de existir. Vai ser o primeiro bebê que é uma mistura entre as nossas raças. Estou com medo de que tipo de vida ele ou ela vai enfrentar. Eu fiz o ultrassom e tudo parece bem, mas é muito difícil de dizer nessa fase. Porém, estou preocupada com o tamanho do bebê porque ele já é bem maior do que deveria ser. Tenho que fazer uma série de exames. Algo pode estar errado com a gravidez. Não sabemos o que esperar porque isso nunca aconteceu antes. Estou apavorada.
— Vamos atravessar o que for juntos. Você nunca estará sozinha, Trisha. Considerávamos você uma de nós antes, mas agora você é verdadeiramente uma Nova Espécie. Seu filho é um de nós e como mãe desta criança, você é oficialmente uma parte do ONE, eu lhe passo todos os direitos como tal. Terá nosso apoio absoluto, vamos tomar conta de você muito bem, e terá proteção todas as horas. — Ele se levantou e rodeou a mesa, pegando o telefone. — Chame Brass aqui agora para o meu escritório.
Trisha relaxou. Aquilo poderia ter ido muito mal. Tinha esperado o pior, talvez ele explodindo ao ouvir a notícia. O bebê colocava sua gente em perigo.
Justice super empolgado e feliz por seu bebê era muitíssimo melhor do que qualquer coisa que havia imaginado.
— Vamos mandá-la com Brass para a Reserva. Ele vai protegê-la com a própria vida e vai ter bastante ajuda, Trisha. Eu sei o quanto você confia nele para te manter segura. Vou dizer a todos que quero uma médica lá e que você se voluntariou. Ninguém vai desconfiar disso. Era isso que eu planejava fazer antes do seu ataque. Eu queria você disponível quando o centro médico de lá fosse construído. Vou mandar alguns dos meus homens encaixotar suas coisas. Não quero que levante um dedo. — Ele riu. — Vai ser muito mimada, então se acostume a isso.
Justice sentou de novo em sua cadeira enquanto Trisha o observava discar um número. Ele disse ao telefone que tinha decidido que precisavam de um médico na Reserva e que Trisha tinha sido gentil o bastante para concordar em ir. Ele reservou um voo para ela em menos de uma hora e então ligou para a Reserva, para lhes avisar que um time se dirigia para lá. Alguém finalmente bateu à porta e Justice desligou o telefone.
— Entre — disse.
Brass entrou no escritório e fechou a porta. Obviamente estava a serviço já que usava o uniforme. Ele sorriu quando viu Trisha e piscou antes de fixar a atenção em Justice.
— Me disseram que precisava de mim.
Justice sorriu.
— Vou mandar você e Trisha para a Reserva. Estarão esperando vocês. Vou deixar que escolha dois dos seus amigos mais próximos para levar com você e ajudá-lo a protegê-la. — Justice se levantou e gargalhou. — Não é a melhor notícia de todas? Parabéns, Brass! — Justice se aproximou de repente e abraçou o homem estupefato. — Você vai ser pai!
Trisha sentiu um soco na boca do estômago lhe sugar todo o ar, mas não foi nada comparado a expressão no rosto de Brass. Seus olhos se arregalaram e seu queixo caiu.
— É, Justice?
Justice soltou Brass e sorriu para Trisha.
— Sim?
Ela sacudiu a cabeça.
— Não é ele.
— O que está acontecendo? — Brass tinha uma expressão confusa.
Justice o ignorou e continuou fitando Trisha quando seu sorriso morreu.
— Mas ele fica na sua casa à noite. Eu lhe disse que estava ciente do movimento de todos dentro de Homeland. Está namorando com ele.
— Somos só amigos platônicos que veem filmes juntos. Ele não é o pai do meu bebê. Eu nunca dormi com Brass.
— Bebê? — Ofegou Brass. Sua atenção voou para Trisha. — Está grávida?
Ela assentiu.
— Desculpe por isso. Eu achei que Justice tinha o chamado para ser o meu guarda-costas porque ele sabe que ficamos amigos. Nunca achei que ele pudesse acreditar que você é o pai do meu bebê.
— Você está grávida? — Brass de repente ficou furioso. Ele recuou e cruzou os braços enquanto fitava o chão.
Trisha notou sua reação violenta e isso a deixou sem palavras.
— É perigoso para ela e para todos nós — alertou Justice baixinho. — Você é o guarda-costas pessoal dela. Ninguém pode ficar sabendo da gravidez. Está claro, Brass? Isso vai ser um problema para você?
Brass encontrou o olhar de Justice.
— Eu a protegeria com a minha vida. Ninguém vai saber por mim. Quais são as minhas ordens?
— Um helicóptero parte com ela em uma hora. Escolha dois machos em quem confia a vida dela e diga a eles que fazem parte do time. Isso será uma missão sem previsão de encerramento. Não faça malas pequenas. Eu usarei a desculpa de que estou mandando-a para lá para supervisar o centro médico da Reserva por hora.
— Entendido. — Brass nem sequer olhou para Trisha quando saiu do escritório. A porta se fechou suavemente quando saiu. Confusa, Trisha franziu o cenho.
Justice a estudou.
— Não sabia que ele sentia algo por você? Pode ter pensado nele como um amigo, mas eu acho que ele a estava cortejando lentamente.
— Eu não sabia. — Aquilo a chocou. — Eu achei que ele pudesse gostar de mim, mas ele nunca me chamou para sair então eu desconsiderei a ideia.
— Às vezes somos difíceis de ler. Eu notei que com a sua espécie ou eles pulam em cima do que querem como pit bulls ou eles tentam se aproximar do que querem até se arremessarem para cima disso quando menos se espera.
Justice suspirou.
— Então, quem é o pai?
Trisha levantou o queixo em desafio.
— Eu não direi.
Justice estreitou os olhos.
— O quê?
— Foi só sexo. Não significou nada. O bebê é meu.
Justice parecia levemente zangado quando cruzou os braços.
— Quem é o pai do bebê, Trisha? Precisa confiar em mim. Sexo casual ou não, um Espécie iria querer saber se estivesse prestes a se tornar pai.
Ela mordeu o lábio.
— Eu acho que não.
Ele apertou os braços contra o peito.
— Você admitiu que fez sexo uma vez em dois anos. Eu senti o cheiro de sexo em você uma vez. — Ele estudou seu rosto com cuidado. — Você tinha o meu cheiro e eu sei que não sou o pai. Tinha o cheiro de Brass também, mas obviamente vocês não transaram. — Ele sorveu o ar. — Tinha o cheiro de Slade também. Era o mais forte, mas eu assumi que era porque tinha ficado a sós com ele por dias e... Claro. Slade é o pai.
Ela deixou a cabeça cair.
— Por favor, não conte a ele.
— Desculpe, Trisha. Eu devo. Ele iria querer saber. Ele tem o direito de proteger e cuidar de você já que está carregando o filho dele.
Ela permitiu que as lágrimas caíssem quando levantou os olhos.
— Ele nunca me contatou, nunca me ligou, nenhuma vez tentou me ver nas semanas que passou aqui depois que voltamos. Por favor, não diga a ele. Não posso vê-lo.
Justice praguejou baixinho.
— Você achou que o sexo era mais do que casual e as ações dele a magoaram.
Por que mentir? Assentiu.
— Sim. Por favor, Justice. Não posso impedi-lo se estiver decidido a contar a ele, mas mantenha-o longe de mim se puder. Por favor.
— Eu não entendo.
— Ele não quis mais ficar comigo depois que fomos resgatados e com certeza não o quero tentando passar um tempo comigo agora por causa da gravidez. Ele fez a escolha dele.
Ele a estudou por muito tempo.
— Eu entendo, mas tenho que contar a ele, Trisha. Vou deixar os seus sentimentos claros para ele e vou dizer que ele estragou tudo.
Ela enxugou as lágrimas.
— Isso. Essa é uma boa forma de expressar o que ele fez. — Levantou-se. — Obrigada por aceitar tão bem.
— Obrigado— Justice caminhou e abraçou uma Trisha surpresa. — Por estar grávida e dar a todos nós a esperança de ter filhos. Tenho certeza que tudo vai dar certo e que esse bebê vai nascer com saúde. Somos um pessoal forte e duro de matar. Esse bebê vai ser metade Nova Espécie.
Ela chorou quando Justice a abraçou. Retornou o abraço, admitindo que tinha precisado de alguém que a confortasse o dia inteiro, desde que tinha descoberto a gravidez. O choque foi grande demais. Justice passou as mãos nas suas costas e a trouxe mais para perto, consolando-a.
— Sinto pela dor que está passando. Slade devia saber o quanto você é especial e nunca ter abrido mão de você, Trisha. Não teria feito isso se você fosse minha. Essa deveria ser uma ocasião feliz e ele a magoou.
Ela fungou e se afastou dele. Ele a soltou enquanto ela enxugava as lágrimas de novo.
— Obrigada. Essa é a melhor coisa que poderia ter me dito. — Olhou para ele. — Tem mais uma coisa que eu queria lhe pedir.
— Qualquer coisa.
— Eu peço que diga a Ellie e Fury que eu estou grávida. Eles não conceberam, mas provavelmente podem. Eu sei que eles querem ter um filho. Pode ser só um simples problema de azoospermia ou Ellie só deve precisar de uma pequena ajuda na produção de óvulos. Uma tentativa com remédios de fertilidade pode ajudá-la a engravidar. Posso pedir exames dos quais tenho certeza que vão concordar em fazer assim que souberem. Saberão que têm esperança de conceber. Eles são o único casal humano e Nova Espécie e são os únicos que precisam dessa informação. Os dois são confiáveis.
Justice assentiu.
— Tudo bem. Farei isso. Não se preocupe. Vou cuidar de tudo e o Dr. Ted Treadmont vai fazer os exames. Eu sei que não é a área dele, mas ele pode fazer uns simples exames, certo?
— Ele é confiável. Sim, Ted pode cuidar disso.
— Ótimo. — Justice passou lenços para Trisha que ele tirou de uma de suas gavetas. — Tome. Assoe o nariz. Pode usar meu banheiro para se limpar. Não queremos ninguém suspeito e você sair chorando iria alertar que tem alguma coisa errada.
— Desculpe.
— Está emocionada. Ouvi falar que é normal na gravidez.
— Sim, é. Deus, odeio imaginar que tipo de doida varrida eu vou me tornar daqui a cinco, seis meses. — Sacudiu a cabeça. — Eu já sinto pena de quem vai fazer a minha segurança. — Ela foi até o banheiro e parou, virando-se. — Me sinto tão mal a respeito de Brass. Acha que ele ainda vai ser meu amigo?
— Sim. Ele ficou desapontado, mas eu não vi uma mágoa verdadeira nos olhos dele. Ele vai superar.
Esperava que sim. Entrou no banheiro e fechou a porta.
Justice ouviu água caindo. Humanos não tinham os sentidos afiados deles. Ele sempre tinha que se lembrar desse fato, tomando sua própria audição como comparação. Sentou-se na mesa. Experimentou alegria e tristeza sobre o fato de serem capazes de se reproduzir. Queria ter um filho um dia, mas o medo de como os humanos reagiriam se descobrissem fazia as suas tripas torcerem. Ligou para a central de comando da Reserva e pediu para falar com Slade.
— Oi, Justice. Na verdade me pegou dentro do escritório. Acabei de me reunir com um dos construtores. A cerca de segurança está terminada. Estará funcionando por inteiro no mês que vem com os sensores de movimento e a vigilância eletrônica. Eles chiaram com o prazo que demos para o clube, mas as obras estão em dia. Em dois meses devem terminar. Não há mais nada para dizer daqui.
— Na verdade, sou eu que tenho notícias para você.
— Ok.
— Estou mandando a Dra. Norbit para a Reserva.
Silêncio.
Justice mostrou os dentes, exibindo sua raiva. Slade obviamente não estava empolgado com a notícia. O som que ouviu em seguida confirmou suas suspeitas. Enfim, ouviu um suspiro.
— Certo. Ela vai ficar aqui por alguma razão?
— Sim. Essa linha é segura?
— Claro. Há razão para que precise ser? Alguma coisa aconteceu? Ela foi visada? Achei que tudo tinha se arrumado a essa altura. Sinto-me obrigado a lhe dizer que acho que ela ficaria muito mais segura aí se está mandando ela para cá porque recebeu mais ameaças. Há muito mais espaço aberto para alguém invadir a Reserva do que em Homeland.
— Tem pessoas demais aqui que vão cuidar dela. Acho que vai ser o melhor se for para aí. É remoto e mais fácil de se esconder do público. Ela está indo, então faça o que for preciso. Quero que a coloque em uma locação remota, mas confortável que seja extensivamente segura. Estou mandando três oficiais pessoais com ela pra protegê-la em todos os momentos.
— O perigo é tão grande assim? — A voz de Slade ficou tensa e seu tom virou um rugido. — Ela está bem? Atentaram contra a vida dela?
Justice sorriu de repente ao ver que Slade obviamente se importava. Ele mordeu o lábio.
— Ela está correndo um risco altíssimo. — Ele conseguiu manter o tom frio. — Ela está bem, mas um pouco adoentada. Estou mandando ela aí para sua própria proteção e para que tenha um descanso merecido.
— Eu cuido disso. Ninguém vai machucá-la aqui. — Slade rosnou as palavras.
— Tenho certeza que ela vai ficar bem. Eu preciso ir. Vou mandar o piloto avisar a hora exata em que chegarão.
— Vou providenciar para que tudo esteja pronto.
* * * * *
A fúria escorria dentro de Slade que nem lava quente até sua pele ficar toda suada. O escritório em que estava tinha ar-condicionado, mas não podia abrandar a reação de sua raiva. Tinha feito a coisa certa ao deixar Homeland para evitar a tentação de procurar Trisha.
Tinha sacrificado sua sanidade várias vezes para garantir que não corria perigo.
Ela teve que ser enviada a Reserva devido a uma ameaça. O fato de Justice ter sido tão vago no que impulsionou a mudança realmente o deixou em um péssimo humor. Alguém tinha de fato tentado machucá-la? Tinham sido só ameaças via telefone? Talvez uma quebra de segurança em Homeland? O humano que os traiu não tinha sido pego. Ele ou ela foi atrás de Trisha? Ele rosnou e atraiu a atenção de algumas pessoas dentro do escritório. Tiger levantou uma sobrancelha, curioso.
— O que foi? O pessoal no hotel rompeu outra linha d’água?
— Não. — Ele olhou para o único humano que trabalhava nos desenhos do projeto e deu ao seu amigo um sinal com a mão ao se levantar. — Devíamos checar como eles estão.
Tiger se levantou.
— Eu vou com você.
Eles caminharam uns vinte metros fora do escritório provisório antes de Tiger parar, encarando seu amigo.
— Qual é o problema?
— Foi Justice. Ele está mandando a Dra. Norbit pra cá. Ela está correndo perigo e ele a quer escondida.
— Merda. Ele não percebe o quanto isso vai ser difícil?
— Ele não pareceu se importar. Não pude discutir com ele, sabendo que tudo que eu dissesse seria ouvido.
— Verdade.
— Eu vou vê-la de novo.
Os olhos de gato de Tiger se arregalaram.
— Ainda não a esqueceu?
— Não. Penso nela o tempo todo.
— Você tem que ser forte. Já discutimos isso.
— Ela está em perigo e eu fiquei longe dela. Obviamente não funcionou.
— Ela correrá perigo de todas as formas. Ela trabalha pra nós, e alguns vão odiá-la só por essa ofensa. Se ela está com um de nós, com você, e eles ficam sabendo, qualquer nível de ameaça contra ela vai piorar. Você fez a coisa certa.
— Fiz? — o corpo de Slade ficou tenso. — Por que a coisa certa parece tão errada?
— Já sofremos o bastante. É melhor não tê-la do que arriscar que seja morta pelo fato de ser sua mulher.
A dor apunhalou o seu peito.
— Eu morreria por dentro se isso acontecesse. Não poderia viver com isso.
— E é por isso que fez a coisa certa. — Tiger trocou de posição. — Trabalhar é a cura. Temos bastante por aqui.
— Certo. Trabalho.
— Eu cuido dela. Não precisa falar com ela quando chegar.
— Não. — Ele sabia que seria estúpido, mas precisava vê-la. — Justice não deu detalhes do por que ela está em perigo, mas disse que estava doente. Vou dormir melhor à noite se puder vê-la com meus próprios olhos. Não vou descansar até ter certeza que está bem fisicamente.
— Masoquista.
— Cala a boca.
— Só estou dizendo que vai ser doloroso olhar pra ela e não poder tocá-la. Você vai sentir vontade.
— Eu sou forte. Posso lidar com isso. — Tiger o olhou de forma descrente. — Às vezes eu me pergunto por que somos amigos.
— Eu já lhe disse. Você é um masoquista. — Tiger riu.
* * * * *
Trisha saiu do banheiro de Justice. Tinha refeito a maquiagem e sabia que poderia passar por uma aparência normal. Pausou quando viu a expressão pensativa no rosto de Justice enquanto a observava.
— Eu decidi adiar em contar a Slade sobre o bebê. É você que tem que contar a ele. Vou lhe dar algum tempo.
Trisha se encheu de alívio.
— Obrigada.
— Não me agradeça ainda. Se não contar a ele nos próximos dias… — Ele deu de ombros. — Eu terei que contar. Ele está encarregado da Reserva e precisa saber o quanto é importante te proteger. Para fazer isso ele tem que estar ciente dos perigos. Acho que pelo jeito que reagiu quando achou que estava correndo perigo que poderia se importar mais do que você acredita. Foi isso que me incentivou a ver se vocês dois poderiam resolver o assunto antes que eu interfira.
Ela olhou com a cara fechada para Justice.
— Se ele se importasse, como você diz, ele teria vindo me ver. Teria ao menos ligado para garantir que eu estava bem emocionalmente depois do que nos aconteceu. Pelo o que eu ouvi, ele quase implorou pelo trabalho na Reserva para ir embora de Homeland, o que provavelmente quer dizer que queria ficar longe de mim.
— Ele não implorou pelo trabalho. Eu queria que Fury fosse, mas Ellie não podia deixar as nossas mulheres. Ela leva o trabalho no dormitório feminino muito a sério e sempre está sob ameaça como companheira de Fury. Meu próximo homem de confiança é Slade. Eu pedi e ele aceitou. Precisava de alguém em quem podia confiar lidando com tudo. Tenho muita coisa no meu prato por aqui para ficar indo e voltando. Estava ficando enjoado com os três voos de helicóptero que dava diariamente.
— Entendo.
— Espero que sim. Agora, Brass deve aparecer aqui a qualquer momento para pegá-la. Eu tenho uma reunião na sala de reuniões com o Conselho em alguns minutos. — Ele se levantou e suspirou. — Às vezes eles me enlouquecem.
— Boa sorte com isso. Vou esperar por ele no lobby.
— Fique aqui e relaxe. O sofá é confortável.
— Obrigada.
Ele sorriu quando olhou para a sua barriga.
— Estou muito empolgado com isso.
— Eu também, quando não estou assustada que nem uma idiota.
Justice apertou seu braço, tranquilizando-a, e saiu do escritório. Ele fechou a porta com firmeza ao fazê-lo.
Quinze minutos depois Brass entrou na sala. Trisha se levantou e o estudou. Ele parecia calmo agora, tranquilo e controlado.
— Eu sinto muito que Justice tenha entendido que você era o pai do meu filho.
Ele a estudou antes da sua atenção descer para a sua barriga.
— Está mesmo carregando um bebê de um Nova Espécie?
— Sim.
— Essa é uma notícia ótima.
Trisha notou que ele não parecia muito feliz.
— Tudo certo com a nossa amizade, Brass?
— Sim. Eu… eu queria tê-la conhecido antes que tivesse se envolvido com outro homem. Espero que isso não a ofenda. É só que eu fiquei mais atraído do que deveria ter me permitido ficar por você. Agora você pertence a outra pessoa, mas eu vou me conformar. Estamos bem, Trisha.
— Eu não pertenço a ninguém, Brass. O pai e eu não estamos juntos. — Ela se apressou antes que ele pudesse dizer alguma coisa, não querendo encorajá-lo, mas precisando ser clara que também não estava aberta aos seus avanços. — Eu tenho sentimentos por ele, mas ele obviamente não sente o mesmo. Vai levar algum tempo, mas com certeza vou superar isso.
Ele piscou.
— Você pertence a alguém. Não disse a ele sobre o bebê?
— Não. Justice me deu algum tempo para entrar em contato com ele e dar a notícia.
Ele assentiu.
— Eu achei que se ele soubesse já estaria ao seu lado. Você realmente é dele e ele vai fazer com que saiba disso no segundo que descobrir que está carregando o filho dele. Vamos. O helicóptero está pronto. Eu escolhi Harley e Moon para irem conosco.
O medo perfurou seu estômago. Ela realmente não queria que Slade descobrisse. Não era assim que o queria de volta em sua vida. Preferia nunca vê-lo de novo do que tê-lo atrás de si só porque tinham criado uma vida juntos. Ela merecia um cara que se importasse com ela, não um que queria ficar ao seu lado por algum senso de obrigação ou honra. Novas Espécies pareciam ter muito dos dois. Ela decidiu não mencionar isso para Brass. Temia que discutissem.
Trisha tinha conhecido Moon. Ele era um dos homens que apareceram com Brass e Harley na sua casa para assistir filmes. O homem alto não falava muito, mas tinha um senso de humor cáustico que ela apreciava quando ele decidia quebrar o silêncio.
— Obrigada.
Brass estendeu o braço para ela e Trisha prendeu os dedos nele. Ele sorriu genuinamente para ela e a levou para fora do escritório.

Slade - novas espécies 2 - Laurann DohnerOnde histórias criam vida. Descubra agora