Capítulo 20

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Trisha olhou em volta da cozinha quando Brass guardou o último prato limpo. Ela suspirou, esfregando a lombar dolorida com as mãos.
— Finalmente está limpa.
Brass franziu o cenho.
— Eu disse para se deitar duas horas atrás. Está esperando um bebê. Slade teria me ajudado a limpar isso depois que chegasse em casa hoje à noite se tivesse apenas esperado.
— Não consegui suportar — admitiu Trisha quando abriu a geladeira e pegou um refrigerante e um chá gelado, passando o refrigerante para Brass. — Olhe pelo lado bom. Ele vai ter uma surpresa quando chegar em casa.
— Ou me dar uma surra por ter deixado que trabalhasse tanto. Tínhamos que fazer a casa inteira em um dia? Precisa ter cuidado. Slade vai me culpar se alguma coisa acontecer com você ou com essa criança.
— Bem, você não podia cuidar de tudo sozinho e fez todo o trabalho pesado. Foi você quem esfregou tudo e levantou os móveis.
— Está com as mãos nas costas. Está doendo?
— Um pouco. — Ela se virou e de repente saiu correndo. Quase podia sentir Brass no seu encalce quando correu para o banheiro do andar de baixo. Fechou a porta com força, esperando que não o atingisse no rosto. Mal conseguiu ficar de joelhos antes que seu almoço retornasse.
A porta abriu detrás dela.
— Eu a avisei, mulher. Agora está doente.
Não conseguia falar enquanto suas vísceras a impediam. Brass segurou seu cabelo com gentileza e esfregou suas costas com a outra mão. Ela finalmente parou quando não havia mais nada no estômago.
— Não me siga para dentro do banheiro — grunhiu. — Isso é muito constrangedor.
— Você está esperando um filho. Enjoo matinal é normal.
— Não nessa altura.
— Talvez esteja passando mal porque trabalhou demais hoje. Não faça isso outra vez, Trisha. Eu a proíbo de levantar o dedo. Que isso sirva de lição.
— Isso ou eu talvez esteja passando por esse enjoo tão cedo porque nada nessa gravidez vai ser normal. Eu queria que algumas mulheres Novas Espécies tivessem dado à luz para que eu pudesse ter uma ideia do que esperar. Talvez seja normal ficar enjoada num estado tão inicial da gravidez quando se carrega um bebê Nova Espécie.
— Eu vou te ajudar. Já terminou?
Ela assentiu. — Preciso de uma escova e de pasta de dentes.
Brass a ajudou a se levantar sustentando seu peso.
— Eu vou buscar o que Slade comprou hoje de manhã pra você. Eu vi as duas coisas dentro de um dos sacos. Vai ficar bem enquanto vou pegá-las?
— Estou bem. Obrigada.
Ela se virou e estudou sua reflexão no espelho depois que Brass a deixou sozinha. Parecia pálida e esgotada. Talvez realmente tenha exagerado hoje. Tudo o que tinha desejado era limpar a casa.
Se não se conhecesse, quase pareceria que estava experimentando uma incontrolável síndrome do ninho, algo normal que algumas mulheres grávidas experimentavam. Também tinha o costume de limpar quando estava nervosa ou preocupada—emoções que estava sentindo ao mesmo tempo no momento.
Brass voltou e abriu a embalagem de uma escova de dentes nova e de um tubo de creme dental. Ele continuou lá, recusando-se a sair, enquanto Trisha escovava a boca inteira. Odiava vomitar.
Quando teve certeza que não estava com mau hálito nem com um cheiro remanescente de vômito, lavou o rosto. Brass lhe passou uma toalha, agindo como se fosse uma dama de companhia. Ela riu com aquele conceito divertido, secou o rosto, e passou a toalha de volta a Brass.
— Obrigada.
Ele assentiu, mas se abaixou de repente, colocou-a nos braços e se endireitou para caminhar com ela até a escada.
— Me coloque no chão. Eu posso andar.
— Você exagerou e eu quem estou no comando. Seguirá as minhas ordens.
— Não vou, não. Qual é, Brass. Eu estou bem.
— Calada.
— Beije o meu traseiro.
— Estou a fim de dar umas palmadas nele.
— Nunca toque o traseiro dela — rosnou Slade. — O que está acontecendo aqui? Por que está com ela nos braços?
Brass se virou com Trisha em seus braços, encarando Slade, que o olhava com raiva. Brass ficou tenso.
— Ela quis limpar a casa. Eu disse a ela que faria a limpeza sozinho, mas ela não deu ouvidos. Sentiu a necessidade de me ajudar. Acabou de ter um enjoo matinal e eu estou levando-a para o seu quarto, para que descanse.
A raiva de Slade passou e seu olhar suavizou quando encontrou o de Trisha.
— Você está bem?
— Estou ótima. Pode pedir para ele me colocar no chão? Ele não me escuta. Acha que não posso andar ou algo assim.
Slade largou a pasta que carregava e fechou a porta da frente com um chute. Aproximou-se de Trisha e abriu os braços.
— Eu fico com ela.
— Ela é toda sua. — Brass entregou Trisha.
— Como eu sou sortudo. — Riu Slade.
Trisha colocou os braços em volta do pescoço de Slade.
— Eu não sou de cristal, você sabe. Posso andar e tudo mais.
— Calada.
— Beije o meu traseiro.
— E foi aí que você entrou em casa — ironizou Brass. — Entende por que estava ameaçando lhe dar umas palmadas?
— Sim — disse Slade, assentindo, ainda fitando Trisha. — Eu vou dar umas palmadas no seu traseiro e uns beijinhos depois.
Ela riu, sem esperar que ele fosse brincalhão com ela. Estava feliz que não estivesse com raiva por ter limpado a casa e provavelmente exagerado na dose.
— Isso parece bem pervertido.
Ele sorriu e subiu os degraus.
— Brass, poderia, por favor, fazer o jantar?
— Claro.
— Eu vou colocá-la na banheira e tentar não afogá-la por ser tão teimosa.
— Boa sorte com isso. — Riu Brass.
Trisha olhou para Slade com raiva.
— Não teve graça.
— Claro que tem. — Ele entrou com ela no banheiro. Finalmente a colocou na bancada da pia. — E da próxima vez que decidir limpar a casa enquanto estiver grávida poderei não estar brincando quando disser que vou afogá-la.
Ela o observou abrir as torneiras, amando a banheira de Slade. Ele tinha uma banheira e um chuveiro separado. Slade testou a temperatura da água e se virou para ela enquanto a banheira enchia.
— Como foi seu dia, querido? — Trisha lhe bateu os cílios.
Ele sorriu.
— Bom, doçura. Eu perguntaria como foi o seu, mas eu já sei. Sente-se melhor agora que a casa está limpa?
— Imensamente, menos a parte de revirar minhas entranhas.
Ele fez uma careta.
— Não vou beijar você.
— Eu escovei os meus dentes.
Ele fitou a sua boca.
— Me deixe reformular. Não vou beijar sua boca. Vamos tirar essa calça se quiser ganhar um beijo. — Ele baixou os olhos. — Ela parece enorme em você. Está enrolada na cintura?
— Você é alto demais e não posso evitar se tem pernas enormes. Eu usaria o meu short, mas alguém o rasgou ontem à noite. — Ela ergueu a camiseta para mostrá-lo a cintura da calça que teve que manipular para que coubesse melhor em seu corpo.
Ele sorriu.
— Podia simplesmente ficar sem roupa.
Ela lhe sorriu de volta.
— Claro. Podia fazer isso. Mas é óbvio que Brass me veria por um lado totalmente novo. Por dois na verdade, frente e costas.
Ele estreitou os olhos e a boca ficou tensa, não gostando nem um pouco da ideia.
— Use qualquer roupa minha que quiser.
— Achei que diria isso. — Sorriu.
— Calça de moletom enrolada fica muito sexy em você. Na verdade, eu insisto que as use o tempo todo quando não estiver comigo dentro do quarto. Eu adoro mesmo quando usa as minhas roupas.
Slade a tirou da bancada até que ficasse de pé e levantou a enorme camiseta de seu corpo. As mãos roçaram seus seios, que instantaneamente responderam ao toque. Ele se ajoelhou à sua frente, sorriu, e agarrou a cintura da calça.
— Esperei o dia todo para ver isso. — Desceu-lhe a calça.
Trisha explodiu em risos com a expressão chocada do rosto de Slade segundos depois.
— Esperou o dia todo para me ver usando uma samba-canção sua?
Ele levantou as sobrancelhas.
— Está usando até cueca?
Dois dos dedos dele entraram pelo fecho da roupa íntima, tocando em sua pele.
— Acho que tem suas vantagens.
— Pare com isso. — Ela puxou a mão dele, tirando os dedos de lá. — Eu teria fechado isso se tivesse achado linha e agulha. Parece que você não tem nem uma nem outra.
Ele arregalou os olhos.
— Ela é minha. Não estrague as minhas cuecas. O que eu faria quando as usasse se tivesse costurado a abertura delas?
— Teria que abaixá-las para fazer xixi.
Ele riu, sacudindo a cabeça.
— Tenho que lhe comprar roupas.
— E eu achando que estava tentando me deixar nua.
Ele agarrou a samba-canção e a deslizou por suas pernas.
— Obrigado por me lembrar. Entre na banheira.
— Mas eu achei que haveria toques e beijos e…
Ele se levantou e segurou a própria camiseta.
— Vai haver, mas dentro da banheira.
Ela deu uma olhada na banheira e sorriu. 
— Oooh!
Slade riu quando Trisha entrou na água morna enquanto a banheira enchia. Ela virou a cabeça e viu quando Slade começou a tirar as roupas. Amava vê-lo nu e apreciava assisti-lo tirar todas as roupas com um sorriso largo no rosto.
— Quer fechar as torneiras, Doutora? Vai transbordar logo, logo se não fechar.
Ela fechou as torneiras e teve que sair do lugar para dar espaço para Slade entrar na banheira. Ficou apertado quando ele sentou atrás dela. Slade abriu os joelhos e ergueu Trisha, puxando-a para trás até que ficasse sentada entre suas coxas. Ela se deitou em seu peito.
— Assim é ótimo, mas não é muito apropriado para beijos e outras coisas.
— Desculpe. Deixe-me consertar isso.
Ela virou a cabeça e o olhou para encontrá-lo sorrindo outra vez. Ele levantou o braço e pegou uma garrafa de óleo de bebê de uma prateleira embutida na parede.
— Óleo de bebê?
Ele riu.
— Normalmente passo na pele para deixá-la macia enquanto fico de molho na banheira. Eu fico cheio de calos nas mãos mesmo sem fazer nada de mais. — Ele mostrou os dedos. — Mas não é para isso que vou usá-lo agora.
Trisha o observou derramar o óleo nos dedos antes que os colocasse debaixo d’água. Ofegou quando deslizaram entre suas coxas abertas e gemeu quando a abriram, esfregando em seu clitóris. Um gemido alto a deixou quando ele parou para se aventurar em sua vagina com um dos dedos.
— Slade.
— Doutora.
Deu-lhe uma acotovelada.
Slade riu antes de acariciar o seu corpo com as mãos e segurar o seu quadril. Ergueu-a e ela mordeu o lábio quando ele a desceu em seu pênis ereto até encher sua vagina. Afundou mais quando seu corpo desceu totalmente, até ficar completamente sentada em seu colo.
— Melhor, Trisha?
— Você é um grandessíssimo cuzão.
Ele investiu nela.
— Você é médica. Reprovou na prova de anatomia? Não estou nessa parte.
— Vá se foder — gemeu.
— Não, Trisha. Foder é o que vou fazer com você.
Ele agarrou seu quadril e ergueu o dele com força e rápido. A água escorria pela beirada da banheira, mas Trisha ignorou aquilo enquanto gemia. Slade mudou a posição deles e agarrou seu quadril um pouco mais abaixo, provando sua força. Ele a levantava e descia nele, as mãos manipulando com facilidade o seu peso, e estabeleceu um ritmo mais veloz que a deixou num êxtase sem razão.
O corpo inteiro de Slade ficou tenso quando ele gozou e começou a se inchar dentro dela. Ela estava tão perto de gozar, mas Slade parou de levantá-la e baixá-la quando grunhiu de forma aterradora. Ele se sacudiu inteiro antes que seu corpo ficasse imóvel.
— Desculpa — Rosnou.
Merda. Trisha assentiu, sexualmente frustrada, quando Slade moveu as pernas de repente e forçou suas pernas a se abrirem mais. Seu corpo doía com a necessidade do orgasmo, mas ela tentou ignorar isso até que viu Slade pegar a loção outra vez. Ele a derramou nos dedos uma segunda vez e voltou a colocá-los na água. Trisha gemeu quando ele provocou seu clitóris.
— Me avise se eu a machucar — ordenou ele baixinho. — Eu ainda estou muito inchado.
Ela não se importava. O prazer se tornou abrasador demais pelo o que aqueles dedos faziam com seu broto inchado, esfregando círculos e incitando gemidos dela. Slade se movia dentro dela com gentileza, sem retirar muito, simplesmente fodendo-a mais a fundo. A pressão que experimentava de seu inchaço e a sensação dos seus dedos manipulando seu sexo fizeram com que gritasse seu nome quando jogou a cabeça para trás, contra seu peito. Um êxtase puro a rasgou no meio quando o clímax a envolveu. Slade rugiu.
— Esqueça o que disse sobre eu te machucar. — Ele agarrou seu quadril, mantendo-a imóvel. — Está me matando, doçura. Deus, está me apertando tão forte que dói. Isso vai me ensinar a te deixar gozar primeiro.
— Desculpa. — Não falava nem um pouco a sério.
Ele riu.
— É um bom começo. — Seus lábios lhe roçaram o pescoço. — Relaxe, Doutora.
Ela deu uma cotovelada nele.
— Está dentro de mim. Qual é a regra?
— Ai. Desculpa, Trisha.
— Pare de me chamar de Doutora.
— Mas é o que você é.
Trisha virou o suficiente para olhar para seu rosto e apertou os músculos. Slade fez uma careta.
— Eu me rendo. Vou parar de te chamar de Doutora. Está me apertando a ponto de me matar. Inchaço, lembra?
Ela sorriu e relaxou contra Slade.
— Agora você me abraça. Eu amo mesmo todo esse negócio de inchaço.
— Eu também até você quase me esmagar.
Trisha sorriu e pegou a esponja.
— Eu vou recompensá-lo.
* * * * *
Trisha não conseguia desviar os olhos de um Slade sorridente e sorriu de volta. Brass suspirou audivelmente.
— É assim que vai ser até o bebê nascer? Vocês vão me fazer perder esse delicioso sanduiche de peru. Eu sei que você está esfregando a coxa dela debaixo da mesa, Slade.
Trisha virou o olhar para Brass.
— Os sanduiches estão ótimos. Obrigada por fazê-los. Amei o bacon que você colocou.
— Sim — riu Slade. — Nós vamos transar muito até o bebê nascer e depois que ele nascer. Eu adoro tocá-la e planejo fazer isso muitas vezes.
O telefone tocou. Slade piscou para Trisha e se levantou para atender. Virou as costas para a mesa, falando baixinho.
— Está se sentindo melhor agora? Mais enjoo? — Brass lhe deu um olhar preocupado.
— Estou bem. — Ela mordeu o sanduíche. — Eu sinto enjoo mais às tardes.
— Eu achei que o enjoo era matinal.
Ela encolheu os ombros.
— Fale isso para o bebê.
Brass riu.
— Ele não me ouviria.
— Exatamente o que quis dizer.
Slade desligou e suspirou ao retornar para a mesa. O sorriso de Trisha morreu ao ver a expressão irritada que ele tinha.
— O que foi?
Slade sentou.
— Há mais problemas com os quais lidar. Mal posso esperar para fecharmos a Reserva para os operários e de fato segurá-la.
— Mais problemas? — Brass parou de comer. — Aconteceu outra coisa?
— Pode-se dizer que sim. — Slade se levantou outra vez e deixou a sala de jantar para entrar na cozinha. Segundos depois ele voltou com um refrigerante. Abriu a lata e deu um gole enquanto voltava para a cadeira. — Os três que nos atacaram ontem e sobreviveram estão alegando ser parte de um novo ramo de um grupo de ódio que juraram nos forçar a vender as terras e abandonarmos a área. Estão se gabando que ontem foi só o início dos problemas que vamos ter se ficarmos. Ainda temos muitas construções para terminar e precisamos que os operários as terminem. Qualquer um deles poderia ser membro desse grupo novo.
— A intenção deles ontem era matar alguns de nós ou o plano deles era mais do que apenas atacar a cabana? — Brass urrou as palavras.
— O objetivo deles, de acordo com um, era destruir qualquer estrutura que ficasse em lugares remotos e matar qualquer um de nossa espécie com quem cruzassem. Eles sabiam que seriam atacados se visassem construções maiores como o hotel, com todo o nosso pessoal fazendo a segurança. Sabemos que tiveram sucesso com a cabana. Um dos humanos conhecia a senhora que vivia na casa de Valiant. Acho que como Valiant nunca removeu os pertences da mulher, quando chegaram ao andar superior acharam que a senhora ainda devia morar lá e foram embora. De outra forma teriam ateado fogo no lugar. Foram impedidos antes que pudessem encontrar mais casas para atacarem.
— Aquela casa Vitoriana é tão linda. — Trisha sacudiu a cabeça. — Que idiotas.
— Estou mais irritado com o ataque que você sofreu. — Slade tinha uma aparência sinistra. — Eles podiam ter matado você. A cada hora nossos homens contavam os humanos, mas agora temos que fazer isso de meia em meia hora. Eles tiveram mais de vinte minutos para causarem problemas antes de notarmos que tinham sumido. Eu também vou ter que colocar rastreadores em todos os veículos que entram na Reserva para monitorá-los. Eles conseguiram passar com armas pela nossa segurança, o que também me alarma. Vemos muitos veículos entrarem com materiais de construção e ferramentas. Isso vai tornar as coisas mais lentas, já que vamos ter que checar cada centímetro de tudo que passar pelos portões agora. Nosso pessoal já está exausto.
— Diga a Justice que precisa de mais homens. — Soava muito simples para Trisha.
— Não temos mais. — Slade se inclinou nas costas da cadeira. — Ele colocou o máximo de homens que podia aqui sem enfraquecer as defesas de Homeland. Já estamos usando o dobro dos homens que de fato precisamos quando trabalhamos a toda porque temos que monitorar essa quantidade absurda de humanos.
Trisha estendeu a mão e acenou para conseguir a atenção deles.
— É, e as mulheres?
— As mulheres? — Slade a fitou com o cenho cerrado. — O que tem elas?
— Há pelo menos três dúzias de mulheres Novas Espécies que eu saiba em Homeland. Por que não as trazem para cá?
Slade sacudiu a cabeça.
— Elas precisam ser protegidas. Nossas fêmeas são poucas.
Ela franziu o cenho.
— Alguém perguntou o que elas queriam? Já viu algumas delas? Acho que são mais capazes para fazerem esse trabalho de contar os humanos e também fazer um pouco de segurança. Eu vi câmeras, então assumo que tenham uma sala de monitoramento? Quantos dos seus homens têm que fazer isso? Coloquem as mulheres lá se não as querem pelos portões ou tendo contato direto com os operários.
— É uma boa ideia — declarou Brass.
Slade hesitou.
— É uma ideia ótima. — Ele lhe sorriu. — Deixe-me ver se Justice concorda com isso e se as mulheres estariam interessadas em ajudar por aqui.
— E onde elas ficariam? — Brass fitou Slade. — Onde as colocaríamos?
— O último andar do hotel foi concluído. Há dez suítes lá com dois quartos em cada uma delas, então tem uns vinte no total.
— Seria seguro? — Trisha se lembrou que Brass não queria colocá-la lá quando Slade havia sugerido.
— Não vejo por que não seria. Aqueles homens não o atacaram antes devido a quantidade de pessoas presente e a nossa segurança reforçada próximo as estruturas maiores que estão em obras. — Slade fez uma pausa. — Não há outra opção.
— Eu não sei, — acrescentou Brass. — Atear fogo ao hotel seria uma ótima alternativa se os humanos quiserem causar furor. É a maior edificação da Reserva. Eu me preocupo que nossas fêmeas ficassem presas em um incêndio se colocássemos todas elas no último andar.
— Você tem razão. — Concordou Slade. — Foi uma boa ideia, mas não temos onde abrigá-las, Trisha. Não podemos colocá-las em perigo se houver algum risco. Por mais que precise da ajuda, não posso pedi-las exatamente que dividam o quarto com os homens.
— Poderiam trazer alguns motor homes. — Trisha deu de ombros. — Mulheres normalmente não se importam em dividir com outra e elas iriam trabalhar em turnos, certo? Talvez possa colocá-los na zona selvagem e pedir que Valiant e os outros fiquem de olho neles. Só risque a reconstrução da cabana. Desse jeito nenhum operário de construção teria alguma razão para entrar naquela área.
Slade lhe sorriu.
— Você quer o meu trabalho? Parece ser melhor nele do que eu. Eu nunca teria pensado em pedir a ajuda das nossas mulheres.
— Ela é médica — riu Brass. — Ela é muito mais inteligente do que nós.
— Sei não. — Slade sorriu para Brass. — Ela não conseguiu diferenciar um cu de uma...
— Cale a boca, — riu Trisha, interrompendo-o, e chutando sua canela debaixo da mesa. — Eu sei a diferença.
Os dois homens sorriram para ela enquanto Trisha sacudia a cabeça para eles.
— Não tem uns telefonemas para fazer, Slade? Devia pedir a Justice antes de ele ir dormir e lhe dar tempo para falar com as mulheres também antes que elas durmam. Quanto mais rápido a decisão for feita, mais depressa terão ajuda extra por aqui. — Ela lhe deu um sorriso.
Trisha olhou para o outro homem.
— E você, Brass. Tem roupa que precisa ser lavada. Você disse que queria fazer tudo sozinho para que eu não fizesse. Vamos! Ela não vai se lavar sozinha.
— Eu disse que limparia. Nunca disse nada sobre lavar roupa. — Brass ficou de pé. — Odeio dobrar e guardar roupas. — Grunhiu. — Mas vou fazer para que você não faça.
— Eu vou me deitar. Boa noite!
— Ela é tão mandona. — Riu Brass.
— Eu sei, mas ela tem uma bunda linda. — Slade também riu. — Quando ela grita comigo e começa a exigir as coisas, sempre vai embora depois. Eu fico vendo a bunda dela quando ela sai e não consigo mais me importar com o fato dela ser dominadora.
Trisha parou na escada e riu. Sacudiu a cabeça e escapou para o quarto.

Slade - novas espécies 2 - Laurann DohnerOnde histórias criam vida. Descubra agora