Prólogo - 1985

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Acordo com o barulho dos carros, e percebo que aqui está muito quente. Dormir em uma caminhonete não é tão incrível, nenhum hotel cinco estrelas, mas preciso de um tempo longe de Hawkins. Essas duas últimas semanas de férias eram para ser incríveis, um vislumbre da minha vida real. Só que não foi bem isso.

Briguei com meu tio antes do Natal, meu pai ligou da cadeia e, sinceramente, nunca mais quero vê-lo. Meu tio acha que devo focar em algo, tentar ser melhor. Eu sou focado, na banda, no D&D, não é culpa minha que isso não é popularmente aceito.

Então daí minhas férias de Hawkins, duas semanas viajando na minha caminhonete, comendo salgadinhos e bebidas baratas, andando como um deslocado em cidades vizinhas. Porque não importa onde eu for, sempre sou o esquisito.

Escuto uma batida na porta. Droga, deve ser os caras. Conheci um pessoal estranho, eles têm uma banda também, não são bons como nós, mas eles tentam. Ontem, falaram que hoje vamos em um karaokê, eu ri de início, mas segundo o Call, esse lugar tem olheiros. Nunca vou negar uma oportunidade.

Arrumo o cabelo e ajeito minha roupa, sorte que de tarde eu já tinha me preparado. Então abro a porta traseira e desço. A rua está escura e vazia, só os carros passando rápido por aqui.

— Eddie Munson, o esquisito, finalmente saiu. Está acompanhado? — Call tenta olhar dentro da minha van. Ele é um cara bem estranho, extremamente magro, cabelos raspados e uma expressão que já não dorme há anos, ou talvez sejam as drogas.

— Não, eu estava dormindo.

— Dormindo? Você pode dormir em casa. Férias são para aproveitar. — ele solta uma risada, e seus amigos, ou melhor, capangas, riem também. Em Hawkins, eu jamais seria amigo desse idiota.

Entrei no carro deles, que tem um cheiro forte de erva. Sentei no banco de trás, e Call saiu com o carro que nem um louco. Bom, ele é realmente louco, e não de um jeito bom.

Chegamos no lugar, e, de verdade, não parece lugar que tem olheiros. Parece um clube adolescente, onde vou escutar "Dancing Queen" a noite toda.

Entramos e realmente posso afirmar: é um clube para adolescentes. Nos aproximamos mais do palco, Call acha uma mesa com sofá/banco e praticamente se estica no sofá. Fico em pé, analisando o ambiente. Um casal sobe no palco para cantar "Grease".

— Cara, aqui não tem olheiros.

— Espera, Eddie esquisito, espera. — Call fala cínico enquanto acende um cigarro. Continuo em pé, observando.

A música felizmente acaba e um apresentador sobe no palco. O tipo que as garotas vão à loucura, mas na minha opinião, é um tremendo idiota.

— Como estamos hoje? — O jovem de 20 e poucos anos fala com a plateia. Ele tem cabelos loiros, olhos azuis, o típico adolescente americano popular, o tipo que eu tenho nojo. — Tantas mulheres bonitas aqui hoje. Mas não vou ficar de enrolação. Temos um nome para cantar a próxima música: hoje, com vocês, Eddie Munson vai cantar "Start of Something New". — O QUÊ?

Olho para trás e vejo Call sorrindo, e seus capangas já não estão mais aqui. QUE FILHO DA PUTA.

— Não. — tento andar para trás, mas o pessoal começa a me incentivar.

— Vem, Eddie! Vem, Eddie! — o desgraçado do americano engomadinho começa a cantar meu nome. O pessoal começa a me empurrar para o palco, e não tenho escolha.

Subo bravo e pego o microfone, então vejo que essa música é um dueto. Não vou precisar cantar.

— Foi mal, é um dueto, não vai dar para cantar sozinho. — tento sair, mas o nojento segura meu ombro.

A Melodia do Destino (EDDIE ❤️ALICE) [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora