Sal e pimenta || Veigh

027

Melie Silva
Sábado, 10:34 🌥

Acordei cedo mas levantei tarde, na verdade saí tarde do quarto. Tomei banho e fiquei no cômodo olhando algumas das coisas antigas que deixei aqui, algumas pelúcias, fotos, cartas e oque mais me chamou atenção foram dois diários que folheando os mesmos ri com muita das bobagens.

– Filha? – Sara bateu na porta antes de abrir.– achei que ainda estava dormindo, nem desceu para comer com a gente

– Não fiquei com fome mãe, estava olhando umas coisas aqui

– Ah, eu lembro desse álbum... faz um tempinho que olhei

Ela entrou no quarto sentando próxima a mim no colchão, ao meu lado pegou o álbum folheando o mesmo vendo cada foto com carinho no olhar. Tinha muitas nossas em família, outras só minhas ou com Vic, tinha algumas da mais velha com Thiago e mais uns primos nossos.

– Eu vi o Thiago na televisão uns dias atrás, na verdade sobre ele. O menino venceu mesmo na vida, sempre um menino de outro

– Ele tá muito bem mesmo, tá um poste, mas também bonito

– Bonito é? – levantei meu rosto e vi seu olhar brincalhão, a semelhança com Victória assusta.

– Ah mãe, não vem igual a Vic com essas bobagens

– Mas pelo que sei vocês tiveram algo, acabou em que?

– Como?! O que a Victória te falou mãe?

– Foi o Kaique, quando vinheram aqui conversamos muito, mas não foi de propósito. Aliás me senti muito triste, me deixou por fora de tudo!

Parecia uma amiga adolescente, deixou o álbum aberto de lado cruzando seus braços com um pequeno bico nos lábios com o batom rosa claro.

– Para a senhora ver que não teve nada sério. Terminamos antes de começar

– Mas vocês se gostavam de verdade? – fechei meu diário deixando perto do álbum.– ainda gosta dele, Melie?

Ela insistia, tão curiosa quanto Victória na época em que contei sobre. Apenas assenti e ela pareceu conter um sorriso, mas pude ver seu canto da boca subir um pouco, ela me deu espaço esperando que falasse algo.

– Na verdade é cedo para afirmar algo assim mãe, mas, sim ainda sinto algo por ele. Mas é algo menos importante na minha vida agora!

– Que isso Melie, você é jovem, tem muito pela frente! Por favor minha filha, não venha com isso de deixar as felicidades da vida e focar apenas em trabalho, não quero vê-la amarga tão cedo.

– É só trabalho mãe, não quer dizer que vou virar aqueles homens de empresa chatos de terno.

– Exato, trabalhar na vida sem ter algo ao que se apegar sua felicidade traz amargura. Não quero dizer que apenas isto lhe traga alegria, mas espero que tenha muitas experiências na vida, boas com certeza!

Eu não aguentei segurar minha risada, por mais centrada que Sara fosse ela também conseguia ser bem intensa com os sentimentos, ela sempre teve uma visão linda sobre o amor. Não era por menos que desde pequenas ouvíamos histórias lindas que ela lia ou mesma criava para dormirmos, um verdadeiro conto de fadas.

Antes de responder algo mais para ela, ouvimos risadas do meu pai e outra voz masculina no andar de baixo, com certeza muita animação para ouvirmos daqui. Levadas pela curiosidade saímos do quarto, minha mãe foi a primeira a descer, um rapaz moreno mais alto que ambos lá falava animado aos abraços. Sua voz era familiar, ao virar-se demorei a reconhecer seu rosto mas seu sorriso me despertou fazendo-me correr até o mesmo.