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"Seu cheiro tá na minha camisa
Na porra da minhas coisa, em todos os lençóis
E eu 'tava aqui pensando
Será que essa noite tem como ir lá me ver?..."
Não tô fazendo nada, você também
Faz mal bater um papo assim go...
Sentada a mesa com minha irmã comíamos em um silêncio que se fez desde que ela voltou do banho, não estava constrangida mas também não tive coragem de falar algo para tentar distrair do que havia acontecido. Até que
– Usou camisinha?
Tossi uma, duas, três vezes antes de beber do suco de uva.
– Que?! Não aconteceu nada assim
– Assim? Então realmente tá rolando alguma coisa entre vocês!
Tô realmente levando uma bronca? Não entendi se o seu tom era curioso ou bravo, mas séria ela estava.
– Ele é meu amigo, não como vocês dois são... é diferente, mas é meu amigo
Voltei a comer quando percebi que só estava me enrolando mais, calada era melhor. O olhar sério da Victória continuou em mim por longos minutos até eu olhá-la também, quando a mesma puxou o ar depois de um logo gole do seu suco eu já esperava um longo falatório de como me portar, me proteger, oque deveria falar para ela como se ainda tivesse 14 anos.
– Só se cuida Melie, não quero ter que matar meu amigo de infância – soltei uma risada nasal.– ou castrar, ou...
– Tudo bem, Vic! Entendi você – sorri segurando sua mão sobre a mesa.
Ela me devolveu o mesmo sorriso, hesitou em falar algo continuando sua refeição a frente, fiz o mesmo em silêncio. Quando terminamos de lavar a louça cada uma seguiu para seu quarto lá me joguei sobre o colchão macio fechando meus olhos depois de um suspiro pesado. Naquele momento silencioso me perguntei se tinha feito certo na noite passada e horas atrás, eu gosto da minha amizade com Thiago, na verdade estamos nos conhecendo mais agora não posso dizer que o conheço muito bem apenas sei de algumas sobre sobre o mesmo, pouco da sua personalidade e gostos.
Esquece! Se eu for pensar demais agora vou dar pra trás, quando eu voltar a ficar perto dele vou me arrepender ficando novamente com ele, não quero nenhum tipo de "ciclo vicioso" desse tipo na minha vida, basta os quais me desfiz vindo morar com minha irmã. Tentando mudar um pouco o foco da minha mente levantei da cama puxando a cadeira da minha escrivaninha, puxei minha agenda e algumas pastas para estudar.
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Foi o primeiro final de semana tranquilo que tive desde que vim morar com minha irmã, ficamos em casa só nos duas conversando, comendo, e dançando igual duas doidas pela casa. Acho que estava precisando de um momento assim com ela, na segunda resolvemos viajar para casa dos nossos pais já que ganhamos uma semana de descanso na empresa, eu ainda tenho as duas reuniões para ir mesmo assim estou de folga.
Eu me sinto meio perdida nesse trabalho, não vou dizer que não gosto ou que é um trabalho ruim, tive sorte em consegui-lo assim que vim morar aqui! Mas as vezes sinto que não faz parte de mim, a frase "um peixe fora d'água" nunca teve tanto sentindo para mim como agora. Nesse momento estava no banco do carona minha irmã dirigia cantarolando uma música qualquer no rádio, tirei o foco dos meus pensamentos quando ela o desligou abrindo a porta do carro depois de tirar o cinto de segurança, fiz o mesmo saindo do Volvo branco, respirei fundo enquanto olhava a nossa volta havia algumas pessoas conhecidas e outras não nos olhando de longe, tão curiosos.
